domingo, 20 de setembro de 2009

Palavras que rimam: Espanha e campanha


Depois do debate Sócrates/Manuela, Portugal entrou nas notícias da vizinha Espanha. As novas da campanha lusa têm enchido as páginas do El País que (vamos lá saber porquê) adoptou Sócrates e o tenta levar ao colo (sabe-se lá para quê...). Em compensação, Manuela Ferreira Leite é descrita como "conservadora" e as suas reservas ao TGV são apoucadas sem que se refiram as razões que lhes estão subjacentes.
Em resumo, a forma como o El País tem tratado a campanha portuguesa para as legislativas dá razão a Manuela Ferreira Leite.
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Hoje dia de reflexão por estas bandas, o El Pais, publica mais um artigo em que Sócrates surge como favorito mas precisando de um parceiro:
"El candidato del BE, Francisco Louçà, dice estar preparado para gobernar, en un intento de demostrar que no dirige un partido que se dedica sólo a la contestación. Pero ha cerrado todas las puertas a un eventual gobierno de coalición con los socialistas si los resultados dan una mayoría a estos dos partidos. BE y PS se disputan buena parte del voto de la juventud, proclive a la abstención, especialmente de los 700.000 nuevos electores."

As reBElações

via, Russian Caviars
"Francisco Louçã evitou esta manhã uma visita à área das bancas de peixe, no mercado municipal de Alcobaça, explicando depois que o fez porque rejeita a “dinâmica de espectáculo” e qualquer “forma de populismo”.
in, Público
Não se tratou de evitar pura e simplesmente o Mercado. Tratou-se de uma rejeição selectiva: peixaria, não. E é verdade, cada um vende o seu peixe a quem quer. Louçã não quer vendê-lo às peixeiras. Está no seu direito mas, trata-se de uma forma de discriminação. Vendedoras de frutas e legumes, sim. Peixeiras, não.
Mais curioso ainda. Louçã rejeita o "populismo". Quem diria?!
Para o BE, ontem, foi um dia de revelações. Até os PPR's saíram do armário dos esqueletos.
Por tudo isto não posso deixar de dedicar este post a Louçã. Pena que não tenho champagne...
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Por tudo isto e muito mais, compreende-se a posição do velho e "bonacheirão" Soares face ao sempre jovem e hirto Louçã.

sábado, 19 de setembro de 2009

Quanto custa o Boletim Municipal?

A julgar por este contrato que engloba tão somente a impressão de quatro números... é só fazer as contas... O custo da impressão do boletim da câmara do Seixal ronda os €170.000.00 / ano. É muito dinheiro para propaganda. E isto, é mais verdadeiro ainda se pensarmos que, em 2008, a câmara do Seixal gastou apenas €148.477.00 em habitação social. Apesar de existirem situações como esta:


Ver mapa maior

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Claro está, que já nem falo dos contratos relativos à impressão (e apenas isso) da Agenda Municipal (ver aqui, aqui e aqui) que perfazem um total de €121.890.00...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Ultrapassam os 500 000 ...

"O número de desempregados inscritos nos centros de emprego subiu 28,7 por cento em Agosto em relação ao mesmo mês do ano passado, e aumentou 1 por cento face a Julho, segundo os dados hoje divulgados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP)" in, Sol
Ora aqui estão dados verdadeiramente preocupantes, até porque, apesar do optimismo da aparente recuperação económica, o desemprego vai continuar a subir durante o próximo ano, prevendo-se que se mantenha em níveis elevados. Se as previsões económicas não se confirmarem o desemprego na OCDE poderá mesmo atingir 57 milhões de trabalhadores (650000, em Portugal ou seja, uma taxa de desemprego de quase 11,7%).

Discutir este problema sem cair na tentação das promessas e da demagogia é tarefa difícl até porque estamos em plena maré eleitoral. Já se percebeu que o desemprego será um dossier difícil na próxima legislatura. Governe quem governar, o desemprego estará em cima da mesa. Investimento público, incentivos `s PME's, formação profissional (adequada às exigências do mercado), apoio social aos desempregados... tudo questões a merecer uma ponderada reflexão.

Aos tiros pela Amora

"Quando eles entraram aqui já era para o matar. Levou dois tiros mas ainda saiu pelo próprio pé. Pior foi um cliente meu, que nada tinha a ver com a guerra [de gangs, entre os bairros do Jamaica e da Quinta da Princesa] e também levou um tiro na zona lombar."
in, CM

Mais uma vez a Amora (Seixal) é notícia pelas piores razões. A rivalidade entre estes bairros não é nova, como explica a notícia mas, a frequência e a gravidade dos confrontos tem vindo a acentuar-se nos últimos tempos. Este deveria ser um tema de reflexão séria. Segurança, habitação, emprego, exclusão social ... o problema está mais do que diagnosticado. Num concelho, que nos querem fazer crer, que é "harmonioso" estes fenómenos (que não se limitam a estes dois bairros) são "uma pedra no sapato". A questão é, o que fazer?

A resposta, excede claramente as competências da autarquia contudo, o discurso de auto-satisfação, típico por estas paragens, não só não resolve nada, como adia para as calendas gregas a resolução dos problemas.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Nas ondas da rádio



Entre cada mandato o Boletim Municipal vai alimentando mais ou menos discretamente a maré da propaganda. Disfarçado de informação "à séria" o Boletim Municipal vai mascarando a realidade e anestesiando municípes. Outra, vertente é a imprensa local particularmente, as rádios.

Ora, não deixa de ser curioso que a câmara do Seixal adquira em vésperas de eleições à Rádio Seixal e Rádio Baía (por €43.680.00 e €26.208.00, respectivamente) "serviços de difusão de informação, [e] acompanhamento jornalístico da actividade autárquica...". Os spots publicitários, já eram uma fatalidade mas, notícias?!...
Isto não será "comprar" informação? Não será tornar as Rádios "reféns" do poder municipal/PCP?

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Alfredo, sem medo?


Em vésperas de eleições a luta política acende-se. O Seixal não é excepção. Nos últimos dias têm vindo a público notícias que mostram o lado mais sombrio de um auto-proclamado concelho modelo. Tenho aqui escrito repetidas vezes que o Seixal do Boletim Municipal é tão real como um holograma. Harmonioso, arranjadinho, limpinho… Ora, quem aqui vive todos os dias sabe bem o que está para além das fotografias do regime.

Há algumas semanas, o candidato do PSD, Dr. Paulo Edson sugeriu que fosse feita uma auditoria às contas da câmara do Seixal. De facto, as notícias de hoje, as dúvidas sistematicamente levantadas ano após ano na certificação oficial de contas, a forma hermética como as contas são apresentadas, a ausência de respostas da autarquia às questões que lhe são dirigidas na Assembleia Municipal, as buscas da PJ ao gabinete do responsável financeiro da autarquia… tudo, contribui para tornar imprescindível e inadiável uma auditoria. Ora, sabendo que "quem não deve não teme", espera-se que a reacção do PCP seja a de saudar esta proposta, a bem da transparência.
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Notícias relacionadas:
Nota imprensa PSD; Visão; Diário Digital; Sapo Notícias; aeiou; RTP

domingo, 6 de setembro de 2009

Educar o povo


Entre as acesas discussões que a Lei Orgânica da Educação tem provocado, as manifestações anti-chavistas ou, a iminente distribuição da versão venezuelana do Magalhães (equipado com software livre), há uma realidade insofismável: o aumento do custo de vida.

A Venezuela importa 80% dos produtos de consumo e a subida dos preços tornou-se um pesadelo que está a forçar muitas famílias a alterar os seus hábitos de consumo.

No ano passado a inflação atingiu os 30%. Em 2009, segundo as optimistas projecções do governo andará pelos 26%. Os preços disparam vestuário, produtos de higiene pessoal, alimentação tudo se ressentiu.

Neste contexto é fácil entender a urgência do governo de Caracas em limitar a liberdade de expressão*. Controlar a educação e a informação são dois pilares fundamentais para qualquer ditadura, como Kim Jong Il poderia testemunhar. Para se manter no poder Chávez está a proceder à asfixia da sociedade venezuelana ,em simultâneo, os seus defensores utilizando uma linguagem que trai as raízes anti-democráticas do movimento “chavistatratam de tornar os opositores em não-pessoas, marcá-los com rótulos "estupidos", "bobos"... numa tentativa desesperada de assegurar o apoio "das massas" e procurar manter um simulacro de democracia representativa.

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· Em Julho passado, 34 estações de rádio que operavam “ilegalmente” foram encerradas agora, o ministro das Obras Públicas (e responsável pela Comissão Nacional de Telecomunicações), anunciou o fecho de um lote de mais 29. No total serão 240 rádios e 45 estações de televisão em risco de encerramento.

Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és


Por uma vez estou de acordo:
"Mete nojo que ministros europeus se tenham deslocado à Libia para participar nas celebrações de 40 anos no poder do terrorista Kadhafi.
A presença de Luis Amado envergonhou-nos.
Não há interesses económicos ou outros que o justifiquem."
Ana Gomes
in, Causa Nossa
O facto de não sermos os únicos a estar presentes numa cerimónia onde se comemora os 40 anos de uma ditadura, e o facto de outros usarem argumentos humanitários para atingirem fins económicos, não deve fazer-nos esquecer a natureza intrínseca do poder na Líbia.
China, Angola, Arábia Saudita, Venezuela, Líbia ... tristes democracias, obrigadas a vergar-se perante os "interesses", esquecendo os Direitos Humanos, o pluralismo...

Uma questão de holofotes

"O cenário parece saído de um país de terceiro mundo: quando o calor aperta em Lisboa, investigadores e técnicos de alguns laboratórios do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa) trabalham sob temperaturas que por vezes ultrapassam os 35 graus, a transpirar debaixo de batas, luvas e máscaras. Há arcas frigoríficas que descongelam e equipamentos de diagnóstico que frequentemente dão erro por excesso de temperatura. O problema é denunciado por investigadores e técnicos do departamento de doenças infecciosas do Insa, cansados de reclamar uma solução para a situação que alegam poder pôr em causa a qualidade e fiabilidade dos resultados das análises." in, Públlico
Obviamente, trata-se de uma questão de prioridades. No país do modernismo "prá frentex" - que não se deve confundir com conservadorismos retrógrados-, as condições de trabalho dos investigadores e a qualidade da investigação não dão tempo de antena logo, não são prioritários. Sejamos claros, a distribuição de Magalhães, entre outras coisas, assegura que os nossos mui modernos governantes dispõem de um tempo quase ilimitado nas televisões, jornais nacionais e regionais ... tudo o resto fica oculto na penumbra. Quem se interessaria pelas condições de trabalho dos investigadores? Quantos minutos de televisão? Quantos parágrafos?

sábado, 5 de setembro de 2009

Uma alegre campanha ...





Em tempo de campanha, depois dos episódios mais ou menos risíveis da "estação tonta", depois do que aconteceu ao Jornal de 6ª... não poderia deixar de evocar esta enormidade (= enorme personalidade) política e cultural, o prefeito de Sucupira. Ouvindo o seu arengar às massas, as suas promessas, vendo a sua alegre campanha e testemunhando os seus métodos persuasivos aprende-se muito... não há dúvida, de que muitos fazedores de política neste país (eu, inclusivé) não perderam um episódio. Aqui fica para ilustração das gerações mais novas que não tiveram o privilégio de conviver com este político, sem dúvida um homem muito "prá frentemente"...
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Ora, nem de propósito...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Gdansk, 70 anos depois


As capas dos jornais polacos que há 70 anos anunciavam o início das hostilidades. O fim da paz (podre) que reinava na Europa. O ataque do exército alemão à Polónia. Capas de jornais que incitavam à resistência em nome da liberdade, da independência e da honra. Dias depois seria a vez do exército vermelho invadir o território esmagando toda a esperança e tornando a Polónia vitima de dois totalitarismos.
Hoje, numa cerimónia em Gdansk os antigos inimigos encontraram-se para relembrar o passado e para falar do futuro. A este reencontro entre alemães, polacos, russos, ucranianos... não faltaram nem polémicas, nem pedidos de desculpa e promessas. Putin, escreveu uma "carta aos polacos" em que procura justificar o pacto Molotov-Ribbentrop tentando melhorar o relacionamento dos dois povos e acenando com a reconciliação no quadro de um mundo "democrático e multipolar". Ao mesmo tempo promete desclassificar o arquivo sobre o massacre dos oficiais polacos chacinados na floresta de Katyn, questão que os polacos levam muito a peito.

A escolha


O líder da JS afirmou, hoje, que a "... drª Manuela Ferreira Leite faz-nos lembrar uma professora primária conservadora do antigamente, que passa raspanetes a quem dela discorda. Fala com os jovens como se estivesse a aplicar o Estatuto do Aluno no plano disciplinar".

A imagem foi mal escolhida por dois motivos. Em primeiro lugar, porque consta que a sra. minista MLR, começou por ser professora primária e só depois evoluiu... além disso, tem caracterizado a sua intervenção pelo tom azedo e enfastiado e, pelas cores sombrias que habitualmente enverga. Ela sim, parece uma professora do antigamente, o que quer que isso signifique. Mas há outra razão pela qual, Duarte Cordeiro, deveria ter hesitado antes de falar: tornou-se agora inevitável a comparação entre a professora competente e o aluno cábula. Esta comparação, não é favorável a Sócrates, do armário do anedotário nacional vão surgir esqueletos, piadolas de oportunidade sobre o diploma domingueiro, o inglês técnico e as casas de campo têm andado algo esquecidas agora, depois desta comparação, teremos toda a legitimidade para lembrar o que jazia semi-adormecido...

Já aqui escrevi que a estratégia do PS, parece assentar numa escolha simples entre um primeiro-ministro que nos quer convencer da sua auto-proclamada modernidade, num estilo "prá frentex" e, um PSD "pintado" como conservador, retrógrado. Ora, como todos já perceberam (até Pina Moura!) a escolha não é essa. A escolha está entre alguém que promete não importa o quê, com o objectivo único de manter o poder e, MFL que tem procurado pautar a sua intervenção por uma grande contenção e rigor, evitando prometer "mundos e fundos", num estilo contrário à política espectáculo.

Novas deste país

Leio no CM, e não posso deixar de me rir: "Sócrates e Fátima Lopes vencem Sexy Platina"! Já só faltava Sócrates, o sex symbol...

Ver passar os combóios

"Pôr empresas e dinheiro do Estado ao serviço dos interesses partidários é uma vergonha e uma indignidade. O Governo age como dono das empresas públicas, que não é, e paga a propaganda eleitoral socialista com dinheiro dos contribuintes, que não é seu. Trata-se de uma atitude escandalosa que não pode passar em claro", declarou o secretário-geral do PSD." In, Público
Dinheiro e poder eis, uma combinação de que dificilmente se escapa. Sobretudo se o poder é absoluto pois, já se sabe, de um saber de experiência feita que poder absoluto e abuso de poder são frequentemente duas faces da mesma moeda. E isto é tanto mais verdade quanto os eleitores tendem a ter uma atitude de "comer e calar". Existe uma censura pública sim, mas limita-se à conversa de café ou a uma troca de mails. Na hora de votar o infractor é, apesar de tudo o que se disse, premiado.

Este tipo de práticas é usado por gente de todos os quadrantes políticos. Mas, nem por isso é menos condenável. Esta prática vem de longe. Há muito que o PS vem utilizando páginas pagas de jornais diários para sob a aparência de "informação" fazer passar a sua mensagem. Nem vou falar da RTP ... nem do "situacionismo" patente em muitos artigos de opinião de pessoas que são interessadas na matéria e que como tal sob a capa de opinião só podem mesmo transmitir a "voz do dono".

Nas autarquias, temos (por exemplo) o caso do Seixal. O Boletim Municipal, mais não é do que um órgão de propaganda ao serviço da maioria comunista, como já escrevi vezes sem conta. Em vésperas de eleições não me admiraria que, à semelhança do que ocorreu no passado, sejamos surpreendidos nas próximas semanas com um encarte, num jornal ou semanário de prestígio., laudatório do município do Seixal. Mais, certamente a câmara do Seixal irá publicar mais uns folhetos (pagos com o dinheiro dos munícipes, claro está), profusamente ilustrados onde a "obra" será enaltecida pela enésima vez.

Os custos destes investimento propagandísticos são tudo menos claros. O mais que se consegue é a estimativa. Em certas matérias o poder não aprecia excessivamente a transparência... de qualquer forma, não basta aos cidadãos "dizer mal dos políticos", há que aumentar o grau de exigência, há que reprovar este tipo de comportamento venha ele de onde vier.