sábado, 12 de fevereiro de 2011

Aprender com os erros dos outros (1)

Corby, foi até aos anos oitenta, o maior complexo siderúrgico, da Grã-Bretanha. Ao longo de cerca de cinquenta anos as pessoas vieram de toda a parte em busca de emprego e aí se fixaram. Mas, tudo se modificou, a siderurgia fechou deixando 10 000 pessoas no desemprego. Foi necessário transformar a cidade. Assim, em quinze meses, foram criados 15 000 novos empregos e 1500 novas empresas ocuparam o território da antiga siderurgia. Foram investidas milhões de libras por parcerias público-privadas.

Ao longo de 17 anos, o local foi requalificado, o que implicou a remoção de resíduos, de escórias e de poeiras de aço. A cidade tornou-se um exemplo de requalificação urbana e industrial. Uma única sombra sobre este caso de sucesso: nos anos seguintes, à reconversão, nasceram em Corby várias crianças com deformações congénitas graves (dedos insuficientemente desenvolvidos ou em falta, problemas cardíacos, de visão, de pele). Deformações, que têm sido atribuídas à exposição das mães a “um cocktail de produtos tóxicos e poluentes” e que motivaram uma queixa ao Supremo Tribunal Britânico que a considerou procedente, abrindo assim o caminho ao pagamento de indemnizações.

Corby provou que problemas ambientais acumulados durante décadas não desaparecem com passes de magia, nem atirando-lhes dinheiro para cima. A anunciada descontaminação dos terrenos ocupados pela Margueira, Siderúrgia Nacional e Quimiparque junto à margem sul do rio Tejo, um ambicioso projecto que prevê um investimento de mais de 500 milhões de euros não pode pois, deixar de ser questionado tanto mais que o objectivo é o de fazer surgir ´´ uma nova área residencial". Tratar-se-á de repetir Corby?

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