sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Uma viagem pela Amora [4]


Assento de finados
As duas páginas que hoje publico são testemunhas da lentidão dos dias monótonos e da emoção que a morte causava numa pequena comunidade.
Trata-se de dois caderninhos de registo dos óbitos que ocorreram entre meados dos anos 20 e o final dos anos 40, numa altura em que a região teria entre c. de 10 000 habitantes e em que todos eram de alguma maneira familiares, amigos ou conhecidos.
Nestes cadernos entre os inúmeros "faleceu" surge ocasionalmente, uma informação díspare: "casou", "veio cá a ..." ou ainda, um marginal "suicidou-se". Raramente surge a informação sobre a causa da morte, quando isso acontece um lacónico "desastre", explica tudo. Interessante ainda verificar que as falecidas não são normalmente, designadas pelo nome e por uma referência a um familiar: elas são " filhas de...", "mulher de..." ou, "mãe de...". Uma única e curiosa excepção surge na página que publico pode ler-se: "...o Armando pai da Edelvaise no dia 30 [Março de 1928]...".
São peças para o puzzle da história local. Dois documentos que nos revelam uma comunidade ainda rural na sua essência, onde as pessoas se conhecem pelos nomes, parentescos, alcunhas.

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