terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Urbanismo: que espaços para a Juventude?


Um relatório recentemente publicado no Reino Unido da autoria da Children's Society analisa as atitudes dos jovens para com os amigos, a família e o ensino.

Os jovens apreciam os amigos, querem famílias estáveis e esperam que a escola os apoie e não permita o “bullying”. Daqui não advém grande surpresa.

O que é surpreendente é que muitos jovens não se sentem bem-vindos aos espaços públicos, por vezes devido à presença dos gangs mas também, devido à presença de adultos agressivos que os hostilizam. Andar em grupos é a resposta de muitos jovens para esta insegurança. O facto, de não haver locais onde se possa jogar só, intensifica este problema. As queixas de falta de segurança, nos espaços públicos por parte dos jovens, são recorrentes. Os locais que lhes são destinados são poucos, não estão convenientemente dotados e nem sempre são de fácil acesso.

Os jovens apreciam “ter o seu cantinho” tanto em casa como na rua. Nesta procura de espaço livre de adultos insere-se o recurso à comunicação via Internet, aos indispensáveis telemóveis, e aos jogos de computador. O facto, de não se sentirem à vontade no espaço (exterior) leva-os a um cada vez maior isolacionismo no interior das suas casas.

Os espaços abertos são valorizados pelos jovens mas, o crescimento urbano criou paisagens nas quais as pessoas não querem estar. Um ambiente hostil e descuidado potencia o vandalismo e a criminalidade pelo contrário, paisagens cuidadas e dignificadas inspiram a confiança e a segurança bem como o orgulho de pertencer a uma comunidade.

Lendo este relatório não podemos deixar de nos interrogar sobre os espaços destinados aos jovens no concelho de Seixal. A oferta é claramente insuficiente. Por um lado, alguns "largos" são de um cinzentismo que os torna impróprios para o lazer e para o convívio. Por outro lado, os relvados dos “parques” existentes não se prestam como espaços lúdicos nem foram concebidos para esse efeito. Os locais onde se pode efectivamente jogar/conviver são (muito) poucos e frequentemente tornam-se “propriedade” de um grupo que dele se apropria indevidamente, ou que na impossibilidade de o tornar seu, o vandaliza. Os próprios espaços verdes emoldurados por bancos de jardim se tornam locais de potencial conflito entre os mais jovens e os mais velhos (uns querendo jogar/brincar outros, querendo sossego).

Também aqui, os jovens são empurrados para casa ou para o centro comercial único local onde encontram lugar para as suas deambulações em segurança.

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Para uma abordagem mais abrangente sobre esta temática no concelho de Seixal, ver aqui.

1 comentário:

David R. Oliveira disse...

Não deixo de a ler sem esboçar um leve sorriso. De satisfação.(não tardará muito que a estejam a acusar de adepta de teses conspirativas. E aí no Seixal a mandarem-lhe a boca de que antes de se deitar , espreite para debaixo da cama...pode lá estar um comunista!
Ai vai, vai...
Então (desculpe-me o desabafo tu cá, tu lá) como dizia aquela "ostra" - Formosinho - no "Prós e Contras"... sua neo-conservadora!
Exma. Sra.
a senhora é uma "bota de elástico"! uma atrasada mental... mas qual quê?! a senhora ainda não percebeu o espírito da coisa!mas qual jardim, qual espaço verde, espaços de lazer o tanas...
Exma. Sra.
veja lá se percebe: enquanto na oposição e sem hipóteses de chegar lá a regra é: ausência de tudo aquilo. Objectivo: criar condições para que novos "lumpen" apareçam.De seguida hip-hop, rap, grafittis para lhes alimentar o ego. Para julgarem que existem.
O seu húmus!(dos leninistas, dos stalinistas,...)
Tudo isso (do que escreve e de que me lembro bem quando aí vivi de 1996 a 2002) e, digo-lhe mais: não vale a pena lutar por enquanto... tem de esperar (nunca menos de mais sete anos) para ver alguma mudança e ainda assim talvez menos do que almeja.
Explicar aqui não explico mas posso explicar-lhe por outro canal.
Fique bem
Força!