O destino de Clementis não é muito diferente do destino do património (no concelho de Seixal) que teve o azar de estar do "lado errado da história", seja pela sua localização, seja pela sua função.
O património no concelho de Seixal, tem sido usado para fins propagandísticos e, tal como no discurso de Gottwald mostra-se a obra (ex: Ecomuseu Municipal / flamingos) ao mesmo tempo que se esconde o estado de degradação da maior parte do património edificado e do património natural ... onde o espaço aberto ao vazio se alarga cada vez mais. Em breve só restará o "chapéu de Clementis".
E o que é o "chapéu de Clementis"? O património residual que não puder ser destruído, nem votado ao mais despudorado abandono sem estragar a imagem da câmara. Tudo o resto, do passado "polticamente incorrecto", das quintas, das capelas, dos moinhos, das fábricas do período pré-industrial (anterior ao PC),... De tudo o resto, não restará nada para além de fotografias e de recolhas orais (incompletas).
A destruição selectiva do património não é feita ao acaso: obedece a imperativos ideológicos (num concelho dirigido por comunistas conserva-se o forno da Siderúrgia não se conservam as quintas, herança de relações supostamente feudais) a que se aliam fortes interesses económicos.
Vejamos o caso da "correnteza" de Amora, se não houver uma intervenção rápida, alguém duvida de que dentro de vinte anos terá surgido naquele espaço um conjunto habitacional moderno desfrutando de vista para o rio? E das quintas? Delas restará a memória preservada na toponímia, nada mais.
Quanto aos edifícios classificados pelo IPPAR, à excepção da Quinta da Trindade e da Igreja da Arrentela, todos eles, incluindo a olaria romana, se poderiam integrar na categoria de património pré-industrial ou industrial (moinhos, lagar de azeite, Fábrica da Pólvora, Alto Forno da Siderúrgia). A classificação pelo IPPAR não constitu'i, por si só, uma salvaguarda pois, a maioria do património classifcado pelo IPPAR encontra-se no mais completo estado de degradação mas, pelo menos, deverá ter sido devidamente estudado, inventariado e fotografado para memória das gerações futuras. É caso para dizer do mal ...
Noutros casos, o dano é já irreparável, caso dos edifícios da antiga fábrica dos Vidros de Amora ou da Companhia de Laníficos de Arrentela, ou do moinho da Raposa que foram destruídos (total ou parcialmente) sem que se procedesse ao estudo e inventário dos imóveis bem como a um adequado levantamento fotográfico.
Verifica-se, assim, que existem duas categorias distintas de património: aquele que serve os objectivos políticos, económicos e propagandísticos do Partido Comunista para o Seixal e, todo restante património que é considerado descartável.
1 comentário:
cara Hkt, foi com surpresa que descobri este espaço.
O seixal ficará certamente enriquecido com o mesmo.
O tema aqui exposto é um assunto que tem sido acompanhado com muita atenção pelo PSD local e muito provavelmente será apresentado por este partido no fórum aprpriado.
Parabéns e longo sucesso para este Blogue.
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