sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Haverá uns Sapais mais iguais do que outros? …

Ainda relativamente ao Sapal de Corroios não deixa de ser interessante verificar que em outras paragens o PCP se apresenta como defensor das “aves marinhas, nomeadamente as aves migratórias, que fazem dela área privilegiada de descanso nas suas rotas. Espécies migratórias como o corvo-marinho, ou a garça-real, utilizam-na como “aeroporto de escala”, como refúgio e zona de repouso, podendo também servir como área de nidificação para algumas espécies, como o penereiro” pode ler-se numa proposta de decreto-lei apresentado na Assembleia da Republica em 2005. Nessas paragens, onde o PCP é oposição, manifesta-se a preocupação por numa zona de “rara diversidade, situado em zona estuarina” cuja não classificação tem permitido uma contínua degradação, queixa-se neste documento o PCP de que “faz-se quase tudo o que se não deve nem pode permitir. Desde o simples pisoteio ao trânsito automóvel e de outros veículos motorizados, do campismo selvagem ao depósito criminoso de lixos e entulhos. Faz-se quase tudo para não permitir a recuperação de sapais, para ameaçar a biodiversidade da área e a sobrevivência de espécies, para impedir a utilização da Baía de S. Paio [Vila Nova de Gaia] na sua função primordial de refúgio de aves marinhas.” Atente-se nas preocupações expressas neste projecto-lei. Não podemos deixar de concordar mas ...






Pois é, quiséramos nós que estas preocupações se estendessem aos lugares onde o PCP é poder autárquico, como por exemplo o concelho de Seixal. Afinal, tratava-se, também aqui, de procurar proteger uma área que nas últimas décadas tem estado sujeita a uma enorme pressão demográfica e urbanística, aos entulhos e lixos, à presença de uma ETAR, da piscicultura com os seus tanques, sem esquecer os movimentos de terra realizados nas proximidades para construção das estradas, as descargas poluentes e, ainda, os cemitérios de barcos das redondezas. A tudo isto, o Sapal de Corroios tem resistido na sua imensa vontade de continuar a estar vivo. A cada nova agressão tem-se recomposto, mas poderá o ecossistema continuar a ser ameaçado indefinidamente, apesar da sua classificação em área de REN? Em que momento será irreversível a morte deste resistente?

No concelho de Seixal o único facto que gera de facto interesse por estes lodos, é o “turismo” dos flamingos que periodicamente demandam estas paragens em busca de alimento e abrigo e que se prestam a fotos, a reportagens e a declarações políticas e propagandísticas… fazendo correr tinta e procurando dar novas cores ao adágio popular uma “andorinha não faz a primavera” mas, um flamingo fará uma baía limpa e saudável?

1 comentário:

Paulo Edson Cunha disse...

cara HKT, Pois é, mais um excelente post, oportuno, incómodo 8pelo menos para alguns)n e verdadeiro.
Claro que coerência política ao nível do que se pode/deve pedir aos partidos sobre as suas diferentes posições políticas em diversas a´reas, ainda posso compreender, face aos circunstacialismos geográficos ou temporais, agora alterações de posição, como a que o Sr. presidente da câmara tomou, em circunstãncias iguais, já me é mais difícil comprender.
Continue com o seu bom trabalho