Poder-se-ia pensar que a situação actual da Colômbia é uma consequência histórica dos conflitos que tiveram o seu início no séc. XIX, e que se trata de um simples caso de violência endémica. No entanto, parece não haver uma continuidade entre os conflitos do séc. XIX e os que ocorreram já no séc. XX.
As guerras civis que ocorreram no período da independência (1810-1825) são fruto de uma complementaridade entre a política e a guerra em que as rivalidades políticas se manifestavam no campo de batalha. De acordo com o historiador colombiano, Gonzalo Sanchez, a guerra era no século XIX uma forma de conquistar o poder político, de fazer política e de produção política. O poder dos generais era o poder político. Ao povo estava reservado o papel de soldado ao serviço de um determinado general, ou de camponês na “hacienda” do mesmo general. Ser soldado era uma forma de empenhamento político. As fronteiras entre a actividade política e a “guerreira” eram ténues. As disputas eleitorais eram disputas armadas. A força das armas ditou a política colombiana no séc. XIX. De todos estes conflitos não resultou uma identidade nacional, resultaram antes identificações fragmentárias com os partidos em confronto (conservadores/liberais) a que se acrescenta no séc. XX um divórcio entre as populações urbanas e rurais.
A partir de 1979, a guerrilha começa a conceber planos estratégicos para multiplicar as frentes de combate, aumentar a sua presença territorial e atacar as cidades (os ataques à embaixada de Republica Dominicana, em 1980 e ao Palácio da Justiça em 1985 foram os mais espectaculares). Esta estratégia exigia recursos económicos. Daí ao recurso à extorsão, aos raptos e ao desvio de recursos públicos nas municipalidades mais isoladas. A emergência da “economia da droga” favoreceu igualmente a guerrilha pois, contribuiu para o aumento do seu potencial militar. Os guerrilheiros passaram a extorquir aos camponeses que cultivavam produtos ilícitos, o pagamento de um imposto revolucionário. Por sua vez, os proprietários de terras (entre eles, os narcotraficantes), os comerciantes e, de modo geral, os que eram vítimas desta extorsão organizaram-se em grupos simétricos de “paramilitares”. Ou seja, a violência generalizou-se. Todas as formas de violência se juntaram: a “violência política” – luta armada das guerrilhas, e dos grupos paramilitares contra o Estado – aproximou-se da “não política” ligada à indústria da droga e do crime organizado. A indústria do rapto prova-o: delinquentes de delito comum raptam pessoas e vendem-nas à guerrilha.
Para compreender o conflito colombiano não basta falar da ausência de democracia e de justiça social. Ao longo do tempo, o conflito sofreu transformações importantes que são o reflexo da evolução política, social e económica do país. A violência gerou um contexto próprio de reprodução, para o qual, as estratégias próprias de cada um dos actuais actores contribui.
A partir de 1979, a guerrilha começa a conceber planos estratégicos para multiplicar as frentes de combate, aumentar a sua presença territorial e atacar as cidades (os ataques à embaixada de Republica Dominicana, em 1980 e ao Palácio da Justiça em 1985 foram os mais espectaculares). Esta estratégia exigia recursos económicos. Daí ao recurso à extorsão, aos raptos e ao desvio de recursos públicos nas municipalidades mais isoladas. A emergência da “economia da droga” favoreceu igualmente a guerrilha pois, contribuiu para o aumento do seu potencial militar. Os guerrilheiros passaram a extorquir aos camponeses que cultivavam produtos ilícitos, o pagamento de um imposto revolucionário. Por sua vez, os proprietários de terras (entre eles, os narcotraficantes), os comerciantes e, de modo geral, os que eram vítimas desta extorsão organizaram-se em grupos simétricos de “paramilitares”. Ou seja, a violência generalizou-se. Todas as formas de violência se juntaram: a “violência política” – luta armada das guerrilhas, e dos grupos paramilitares contra o Estado – aproximou-se da “não política” ligada à indústria da droga e do crime organizado. A indústria do rapto prova-o: delinquentes de delito comum raptam pessoas e vendem-nas à guerrilha.
Para compreender o conflito colombiano não basta falar da ausência de democracia e de justiça social. Ao longo do tempo, o conflito sofreu transformações importantes que são o reflexo da evolução política, social e económica do país. A violência gerou um contexto próprio de reprodução, para o qual, as estratégias próprias de cada um dos actuais actores contribui.
Uma das vítimas deste conflito é a franco-colombiana Ingrid Betancourt, candidata à presidência da Colômbia, raptada em plena campanha eleitoral, Ingrid Betancourt encontra-se às portas da morte : ela tem fortes dores nas costas, ao nível do figado (provavelmente devido a uma hepatite), gastrite crónica, inflamção do esófago, dores de estômago, dois tipos de paludismo (sendo um deles, a chamada, malária cerebral), de uma inflamação do cólon e de desnutrição. Esta descrição leva os médicos a pensar que ela se encontra num estado de morte eminente.
As autoridades francesas têm tentado o tudo por tudo no sentido de obter a libertação de Ingrid, até agora sem resultado. Ela faz parte de um grupo de 39 « reféns políticos » que as FARC pretendem trocar por 500 guerrilheiros presos na Colombia. Apesar, de todos os esforços e das propostas de Hugo Chaves e de Nicolas Sarkozy a resposta positiva das FARC à libertação humanitária de Ingrid faz-se esperar.
Milhares de colombianos manifestaram-se nas ruas das maiores cidades do país para exigir a libertação de 2800 reféns (segundo estimativas oficiais). Pela primeira vez, na Colombia a ideia de « salvar Ingrid » esteve omnipresente : os manifestantes gritaram:
«-Todos somos Ingrid!».
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Conheça aqui os outros reféns.Actualização (7 /4/2008) - sobre as relações perigosas do financiamento das FARC leia aqui.
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