segunda-feira, 2 de junho de 2008

Generais, sapos e outras coisas mais ...

Na Birmânia, semanas depois do ciclone Nargis a morte continua à solta ceifando as vidas que os paranóicos generais não permitiram salvar por receio das consequências que as interferências internacionais pudessem ter nos seus labirínticos desígnios. Semanas depois do ciclone continuam as mesmas imagens de desolação e apesar das promessas feitas ao secretário-geral da ONU o auxílio ainda não chegou à maior parte da população.

Na Birmânia, onde se realizou um referendum para confirmar o poder dos generais (foram excluídos do direito de voto mais de um milhão e meio de eleitores, não contando com todos os que se encontravam nas zonas atingidas pelo ciclone), nessa mesma Birmânia que continua a exportar arroz para os mercados internacionais ainda que a população esteja faminta e onde 50% do orçamento de Estado é destinado ao exército. Na Birmânia cujos rendimentos advêm essencialmente do tráfico de ópio e de heroína. A Birmânia é uma narcoditadura protegida pelas autoridades de Pequim (entre outras potências da região).

Nesta Birmânia falta tudo. Falta a liberdade mas, falta também comida e abrigo para os milhões de pessoas que foram afectados pelo ciclone e faltam ainda outras coisas básicas: água potável e, latrinas… enquanto isso, as agências internacionais esforçam-se por recrutar colaboradores asiáticos ao gosto dos generais. Estes esforçam-se por acabar com “o problema”: as pessoas estão a ser levadas dos abrigos temporários onde se refugiaram para a zona de catástrofe. Ainda, de acordo, com o jornal New Light of Myanmar, um responsável governamental teria mesmo dito esta “pérola”:

“As pessoas (do delta do Irawadi) podem sobreviver com os seus recursos se não lhes derem barras de chocolate (pela comunidade internacional). O povo do Myanmar pode arranjar facilmente peixe, além de que, no início das monções existem grandes sapos que são comestíveis.”

Na Birmânia falta quase tudo. Só sobram sapos e generais...

Leia o apelo de Václav Havel et alii para a imposição de sanções internacionais ao regime birmanês.

1 comentário:

Anónimo disse...

Em Macau há um sapo que é director de jornal