O terramoto que sacudiu a China na passada segunda feira, destruindo cidades e aldeias, abrindo brechas em barragens, derrubando pontes de inutilizando estradas gerou uma onda de solidariedade que fez esbater a onda de críticas.
Curiosamente, a região afectada é precisamente aquela que foi fechada à imprensa `cerca de dois meses devido aos protestos da minoria tibetana. Nessa altura, Pequim reprimiu os protestos e fecho a região ao mundo…
Agora, as autoridades chinesas e, em particular, o seu primeiro-ministro desdobram-se em contactos com a população ao mesmo tempo que permitem à imprensa internacional fazer informação a partir dos locais mais afectados.
A China, parece estar a tentar tirar partido desta catástrofe para aliviar as pressões internacionais que se faziam sentir em vésperas dos Jogos Olímpicos. A cadeia de supermercados Carrefour, que após os incidentes ocorridos na ocasião da passagem da chama olímpica por Paris tinham sido alvo de manifestações de desagrado e até de boicotes foi agora destacada na imprensa chinesa pela sua participação nas acções de auxílio às vítimas. Assiste-se, assim, a um apaziguamento das tensões mediáticas. Até, a maior discrição a que estará obrigada a chama olímpica, em virtude do luto poderá também gerar uma maior tranquilidade na sua passagem.
As estações de televisão chinesas cobrem os acontecimentos 24/24h. Repórteres no local dão conta das operações de resgate. As informações sobre a amplitude da destruição, o número de mortos, feridos e miraculados (só por milagre se sobrevive debaixo dos escombros durante horas) é permanentemente actualizada. Algumas regiões estão ainda isoladas e a julgar pelo grau de destruição de algumas (a cidade de Weichuan) o número de mortos deverá ultrapassar os já admitidos 50 000.
Os chineses, em contraste com as autoridades birmanesas à pediram auxílio internacional. Precisam de cães, de material de pesquisa acústico, de câmaras telecomandadas. Depois, de num primeiro momento, terem recusado este auxílio têm já no terreno equipas japonesas aguardando-se a chegada de outros socorristas.
O primeiro-ministro Wen Jiaobao está por todo o lado, no meio do entulho em que se transformaram as cidades e vilas da província de Sichuan , numa campanha mediática consolando viúvas, beijando criancinhas, apresentando-se como “o avô”.
Mas, há questões a que não se poderá fugir. Edifícios modernos colapsaram como castelos de cartas. As maiorias das vítimas são crianças que morreram sob os escombros das suas salas de aula. O que parece evidente é, que o boom na construção civil não foi acompanhado, pelo menos nas zonas rurais, por requisitos de segurança numa zona sísmica. O resultado está à vista. De resto, estas críticas fazem-se já sentir nos muito frequentados blogs chineses: “Porque caiaram as escolas se todos os edifícios governamentais ficaram de pé? Isto é ultrajante!” é a pergunta que se faz (as normas de segurança são diferentes de acordo com a utilização dos edifícios, sendo que as escolas e apartamentos têm o nível menos elevado).
Estaremos, nós, melhor preparados que os chineses? Estará a Protecção Civil preparada para responder adequadamente a este risco? Em que medida os edifícios cumprem os de requisitos de segurança?
O terramoto em Sichuan , teve uma magnitude de 7,9 na escala de Richter. O terramoto de 1755, terá atingido os 9 graus da mesma escala e foi seguido por um terrível maremoto que varreu e engoliu o litoral até ao Algarve (falar do “terramoto de Lisboa” faz parecer que se limitou a à capital quando, de facto, muitas outras localidades inclusive, Amora e Seixal, registaram importantes danos).
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