segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Missão espinhosa

É espinhosa, esta missão de Sarkozy. Espera-se que o presidente Sarkozy consiga um acordo com Moscovo no sentido de se caminhar para o cumprimento do cessar-fogo e, sobretudo, de chegar a acordo quanto à data e limites da “zona de segurança” [declarações de Sarkozy no final da reunião]. De facto, Medvedev já prometeu várias vezes que o cessar-fogo seria cumprido mas, Putin tem vindo a declarar que quer o porto de Poti quer faz parte da “zona de segurança”, ora Poti*(como outras localidades) não estava sequer na mente de Sarkozy a quando das negociações em Agosto. Esta aparente divergência entre os dois homens fortes do Kremlin aliada a um texto vago e impreciso em termos de datas e locais, poderá levar a uma considerável demora na execução do cessar-fogo caso não se chegue a um acordo.

Um outro problema, são os observadores da U.E. e da OSCE. Moscovo opõe-se à presença de observadores da U.E.(mesmo civis) preferindo os observadores da OSCE (organização de que faz parte) Mas, caso esta oposição possa ser ultrapassada poderiam estes observadores entrar sem restrições nos territórios separatistas? E em que condições? Até agora, as deslocações nestes territórios têm estado condicionadas a autorizações e até a visas o que no caso de observadores internacionais será dificilmente aceitável**.

Claramente, a Rússia quer ocupar o seu lugar num mundo tendencialmente multipolar. Até agora, a U.E. apenas ameaçou com sanções. Os E.U.A., têm esbracejado muito mas, na prática, muitos países da E.U. estão dependentes da energia que lhes é fornecida por Moscovo [tal como Moscovo está dependente do capital e da tecnologia ocidental] o que limita as opções, mesmo as pacíficas. Na prática, esta crise no relacionamento com a Rússia mostra que no séc. XXI, a guerra fria, joga-se com oleódutos e acções da bolsa. Os investidores reagiram prontamente, à instabilidade criada por Moscovo. Os investidores gostam de segurança e previsibilidade ora, precisamente as acções de Moscovo parecem pautadas por alguma irracionalidade o que naturalmente afecta a sua confiança no mercado russo com este resultado, que não tardará a fazer-se sentir nos bolsos dos russos:


Por isso, neste mundo crescentemente globalizado, não se deverá substimar o papel da economia real nas futuras acções do Kremlin.

* Hoje dispositivo militar em torno de Poti teria sido reforçado hoje, de acordo com fontes georgianas, o que a confirmar-se é mais sinal da intransigência russa, no próprio dia das negociações com Sarkozy.

**Plano da E.U. em quatro fases:
"Phase 1 : à l'intérieur des zones contrôlées par les autorités géorgiennes. Phase 2 : à l'intérieur des "zones tampons" que les Russes occupent en dehors des enclaves ossète et abkhaze. Phase 3 : des deux côtés des limites administratives des enclaves. Phase 4 : sur tout le territoire de la Géorgie, Ossétie du Sud et Abkhazie inclues..."
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"If (Russia's withdrawal from Georgia) isn't finished, we'll have to be more firm. One reaction could be a European gas-buying unit, meaning solidarity among consumers.
"That's a priority of the French EU presidency. We're working on it," Kouchner stated. "
in, The Financial

«Ce que nous avons décidé avec le président Medvedev signifie concrètement : dans une semaine maximum, la levée des checkpoints (russes) entre Poti (port stratégique géorgien, ndlr) et Sinaki». Et, «dans un mois, le retrait complet des forces militaires russes du territoire géorgien, hors Ossétie (du Sud) et Abkhazie», a déclaré Nicolas Sarkozy [...] Le patron du Kremlin a toutefois souligné que ce retrait serait soumis à la signature de «documents juridiquement contraignants, garantissant le non usage de la force contre l'Abkahzie et l'Ossétie du Sud».
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Actualização: o acordo assim conseguido, se se vier efectivamente a implementar no terreno, abrirá caminho para uma "parceria estratégica" entre a U.E. e a Rússia.

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