segunda-feira, 31 de março de 2008

Vai uma cenourinha?





A sucessão de "boas" notícias dos últimos dias é verdadeiramente vertiginosa. A primeira ideia estonteante é que o primeiro-ministro é generoso e usa Parker... ainda não refeitos destas surpresas, ficámos a saber que, pasme-se, até tem alma! sim, porque para ter "estados", tem de ter alma!!
Depois a crise é finita, a comprová-lo a
baixa de 1% do IVA e o seu reflexo na generalizada baixa dos preços (?!). Além disto, algumas medidas do governo já não são e, enquanto isso, o concurso para o quinto canal de televisão está anunciado para datas mui auspiciosas... enfim, um torvelinho de notícias cor-de-rosa, destinadas a seduzir eleitores e, lançar avisos à navegação do 4º poder.
Restará saber quem aceitará ainda destas cenouras.

Dia Internacional da Acção pelo Tibete

31 de Março



domingo, 30 de março de 2008

Património: outra latitude, outra atitude

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Estaleiro da Quinta da Fidalga (Fevereiro 2008) antes da demolição

Cerâmicas, armamento, ânforas, lanças, apetrechos de embarcações são algumas das muitas peças datadas de entre os séculos XVI e XIX que foram resgatados do fundo da Baía de Baiona (Galiza)[1]. Trata-se de um património de valor incalculável.
Os trabalhos de dragagem realizaram-se durante os últimos cinco meses depois de ter sido realizada uma prospecção arqueológica ligada à execução do projecto de ampliação do molhe de Baiona, prospecção que confirmou a existência de material sobre o fundo.
Este achamento não foi surpresa já que Baiona foi desde sempre um dos portos mais movimentados da Galiza.
Notícias como esta, provam que em outras latitudes (próximas) o património histórico é uma prioridade para empresas, autarquias e populações. Em Baiona fez-se o que se deveria ter feito no Seixal (na área do estaleiro da Quinta da Fidalga[2]). Uma prospecção arqueológica deveria ter sido o primeiro passo antes de tomar a decisão de demolir e remover o que quer que fosse. A decisão de arrasar tudo foi uma irresponsabilidade, só justificada, pela insensibilidade dos autarcas para esta temática e pela pressa de mostrar obra em período pré-eleitoral.


[1] Veja a notícia do jornal La Voz de Galícia
[2] Arquivo do blogue sobre este tema.

sábado, 29 de março de 2008

Arquitectura esdruxúla (1)

Inauguro, hoje, uma série dedicada à construção de naves espaciais... perdão, à arquitectura. É possível que os construtores de pirâmides se tenham deparado com a incredulidade dos contemporâneos antes de conquistarem a admiração de todos nós. Talvez estes arquitectos, (engenheiros ?) estejam, também, entre os incompreendidos deste mundo.

Insucesso escolar, étnia e pobreza

Um estudo realizado pela Universidade de Warwick, envolvendo 15 066 jovens, entre os 11 e os 16 anos, revela que os alunos europeus das classes baixas têm piores expectativas e desempenho na escola que os seus colegas africanos ou asiáticos nas mesmas condições.
Os jovens europeus progridem mais lentamente na escola que qualquer outro grupo étnico. Viver na pobreza, em casas alugadas ou em subúrbios degradados tem pior efeito nos resultados dos exames (do GCSE - General Certificate of Secondary Education) destes alunos do que viver numa família monoparental ou cuja mãe não tenha habilitações.
O estudo mostra ainda que os jovens africanos que vivem em ambientes mais privilegiados têm maiores aspirações mas, atingem resultados “significativamente mais baixos” – particularmente os rapazes – , que os seus colegas nas mesmas condições.
Os autores do estudo consideram que será, agora, importante descobrir se as expectativas dos professores podem explicar de alguma forma estes dados.
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sexta-feira, 28 de março de 2008

Valor da Inflacção Anual: 100 000%


O povo do Zimbabué vai às urnas a 29 de Março para escolher o próximo presidente. Não se esperam surpresas. O octogenário, Robert Mugabe, tem a sua eleição assegurada depois de 28 anos no poder.

A economia do Zimbabué está num estado ruinoso com a inflacção totalmente fora de control: acima dos 100 000%.

Má gestão combinada com repressão e o impacto negativo das reformas empreendidas por Mugabe estão na raíz desta profunda crise.




Muitos esperam que as eleições de 29 de Março representem um severo golpe para o regime e que ele seja forçado a negociar. Mas, há fundamentados receios de fraude eleitoral. Um blogger local (identificado como jornalista) afirmava que nas zonas onde o partido de Mugabe está pior implantado há menos urnas de voto. Da mesma forma a compra dos votos e a intimidação pura e dura podem funcionar com forma de perpetuar no poder este tirano.

Dia Internacional da Acção pelo Tibete


O dia 31 de Março foi declarado o Dia Internacional da Acção (pelo Tibete). Estão a ser organizadas diversas iniciativas em todo o mundo entre as quais marchas junto das embaixadas de China e também esta petição que já reúne mais de um milhão e duzentas mil de assinaturas (e que deverá ser entregue no dia 31 de Março).
Assine aqui esta petição dirigida ao Presidente chinês, Hu Jintao:

“Como cidadão do mundo, venho solicitar que demonstre comedimento e respeito pelos direitos humanos na sua resposta aos protestos no Tibet, e que corresponda às preocupações dos Tibetanos abrindo o diálogo com o Dalai Lama. Só o diálogo e a reforma trarão uma estabilidade duradoura. O futuro, brilhante, da China e a melhoria da sua relação com o mundo deve fundar-se no desenvolvimento harmonioso, no diálogo e no respeito.”
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Tradução livre do texto da petição em inglês, no original.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Por uma imagem se perde... (2)

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Durante muitos anos a imagem do mestre-escola foi reverenciada na sociedade portuguesa embora, nessa época, a escola fosse só para alguns. Estávamos perante uma escola elitista e urbana. Estávamos na época em que se aprendia a ler na Bíblia ou nos jornais, na época dos autodidactas. A alfabetização, foi um processo penoso feito de idealismos e de fatalismos, que conduziu a uma escolarização precária da população portuguesa. Para muitas crianças nos meios rurais, a escola funcionava ora, como um escape ao duro trabalho dos campos ora, como uma penosa obrigação (para crianças e famílias) que tinha de ser cumprida até se saber assinar…
A disciplina era rígida, não havia falta de réguas e de palmatórias herdadas dos tempos em que os professores eram os severos jesuítas e outros clérigos. Dessa escola ficou-nos a imagem do autoritário professor que a democratização da escola e as teorias do eduquês (para citar JPP) haveriam de repudiar. Dessa escola autoritária ficou a rejeição da figura professor e uma certa incomodidade que ainda hoje sente perante este grupo profissional amado por uns, e olhado com desconfiança por outros.

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Uma parte da sociedade portuguesa identifica-se com o estilo, o comportamento e a atitude de Maria de Lurdes Rodrigues relativamente à classe profissional dos professores. O corporativismo, os privilégios, as férias, os sindicalistas, as faltas… todo um discurso montado para agradar à população que se sente de algum modo excluída dos apregoados “privilégios” e que está disposta a aceitar acefalamente um discurso onde as palavras rigor e determinação têm lugar garantido. A forma severa como se dirige aos professores, acusando-os de estarem mal informados ou dos males do sistema, fará certamente as delícias de alguns antigos alunos que por uma razão ou por outra se sentiram maltratados pela escola. Trata-se de uma estratégia de sedução de uma parte não desprezável do eleitorado que ainda olha a escola como “um mundo à parte” um mundo a que não pertence. Evidentemente, que esta estratégia tem os seus custos. Desde logo o não envolvimento dos professores nas políticas educativas e a rejeição destas – como se viu na manifestação de 8 de Março.
A Sócrates, resta um dilema: segurar Maria de Lurdes Rodrigues e arriscar-se a perder os professores e a classe média mantendo a postura (aparentemente) inflexível que o tem caracterizado ou, deixá-la cair, evitando perder a face (como está a fazer na área da saúde com uma ministra mais dialogante e gozando do “estado de graça”). A Sócrates e ao PS, a imagem de uma ministra da Educação sombria e, crescentemente, crispada não ajudam. As polémicas, as manifestações têm provocado um inegável desgaste na 5 de Outubro. Sócrates, tem dado sinais claros de que quer entrar em campanha, : humaniza a sua imagem; cuida das suas aparições públicas de forma a evitar imprevistos; decreta o fim da “crise” e, procurará certamente mostrar-se mais aberto ao diálogo. Por isso, o destino de Maria de Lurdes Rodrigues será traçado nas sondagens e na contagem dos comentadores que ainda lhe sejam favoráveis.

Para já adivinha-se um período complicado para a Educação. Resta saber se os professores saberão desmontar o discurso do M.E. e, se conseguirão transmitir para a sociedade o (vasto) leque de preocupações que os leva a oporem-se à política educativa deste governo, não só as relativas à muito badalada avaliação mas, sobretudo, porques as iniciativas legislativas do governo irão, certamente, prejudicar os alunos pois, trata-se de uma política economicista cujo objectivo principal é alterar a posição de Portugal nas estatísticas internacionais (sem resolver os problemas de fundo).

Olimpíadas da Repressão (2)

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Hu Jia, é um activista chinês, que foi julgado recentemente em Pequim sob a acusação de "subversão". Espera-se a decisão do tribunal a qualquer momento mas, a sua condenação é, praticamente, certa. A revista Time publica as imagens duma (tentativa) de visita à esposa de Hu Jia que se encontra em prisão domiciliária.

Este video mostra o que se passou.
Aguarda-se para ver como é que as autoridades chinesas vão conseguir gerir os milhares de jornalistas que em breve chegarão a Pequim. Independentemente da questão do Tibete (e de outras) os Jogos Olímpicos poderão, como se constata, constituir um imenso desastre ao nível das relações públicas do regime chinês.
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Hu Jia distinguiu-se pela sua intervenção na prevenção da SIDA, informando o público e ajudando doentes. A esposa, Zeng Jinyan, e a filha (nascida em Novembro 2007) encontram-se sob prisão domiciliária desde Dezembro.

Segurança no Mundo Virtual

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:Algumas conclusões do relatório Safer Children in a Digital World:
  • A preocupação dos pais relativamente aos filhos é crescente. Estamos a criar uma sociedade em que o risco para as crianças é 0%.

  • A segurança das crianças deve ser uma prioridade dos pais e da sociedade mas, a nossa resposta a estas preocupações deve ser proporcionada. No mundo real, os pais e a sociedade, estão habituados a lidar e a prever os perigos, não se passa o mesmo nos domínios do virtual.

  • Educar uma criança é uma tarefa difícil. Torna-se ainda mais difícil se estivermos em presença de uma realidade que não se domina pior, que a criança domina bem melhor do que o adulto. Para que os pais possam sentir-se mais confiantes é necessário apoiá-los para que possam fazer frente aos “perigos digitais”.

Assim, até 2010 os jogos de computador devem ser classificados de acordo com a faixa etária a que se dirigem (à semelhança do que se passa com os filmes), deverão também ser monitorizados os jogos educativos. Tudo isto enquadrado por estudos e por múltiplas campanhas de esclarecimento dirigidas a pais, professores e crianças/jovens.

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Relatório apresentado hoje, em Inglaterra.

Debate animado

... imagens do frente a frente entre os candidatos à presidência russa... Medvedev, o favorito, não participou...

quarta-feira, 26 de março de 2008

Longe da vista.... (3)

Amora (profunda) - Fevereiro 2008

... esperando pelo estertor final.

Os Professores, violência e stress

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Algumas profissões estão mais expostas do que outras à violência. Os efeitos desta exposição às agressões por parte dos professores são mal conhecidos mas resultam frequentemente no que pode ser enquadrado como stress ou trauma.
Um estudo, realizado pela doutora Anne Jolly em que foram entrevistados clinicamente 21 professores do secundário com o objectivo de identificar e compreender o impacto e as especificidades dessas agressões permitiu chegar a um conjunto de conclusões das quais destaco:
1. os professores não reagem à agressão de forma muito diferente das outras vítimas;
2. a única diferença è que o agressor faz parte do grupo a quem o professor se dedica profissionalmente. Ou seja, no quadro de uma relação que se pretende de afectividade e proximidade;
3. é frequente o professor desculpabilizar o agressor culpando a sociedade, os pais, a escola;
4. por vezes, os professores culpam-se a si próprios por não terem sido capazes de evitar a agressão e de não terem estado à altura da situação;
5. os professores desenvolvem uma visão do aluno que lhes permite englobar um conjunto de factores sobre os quais eles não têm responsabilidade directa e que os fazem compreender a agressão;
6. mesmo após a agressão eles continuam a sentir-se responsáveis pelos alunos;
7. as punições são apresentadas como parte do “pacote” educativo o que corresponde a uma visão socialmente aceitável das sanções;
8. o estudo realça a importância crucial da actuação da direcção de escola no apoio ao professor. Os sentimentos de injustiça, incompreensão ou indiferença podem causar mais danos que a agressão em si. Devido ao sentimento de pertença social, o professor espera que a direcção da escola lhe ofereça um apoio que lhe permita fazer face à situação;
9. se esse apoio falha podem surgir desordens que correspondem ao conjunto dos critérios da patologia crónica (síndrome psico-traumático);
10. os professores que sofreram as agressões mais graves não são aqueles que apresentam mais perturbações do foro psicológico;
11. A invisibilidade do trauma devido à ausência de lesões corporais não pode fazer esquecer a gravidade do traumatismo. É a essência do indivíduo que é posta em causa. As desordens são apenas a face visível do traumatismo e podem arrastar-se por meses ou anos.

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Um estudo a ler integralmente aqui.
Sobre as novas formas de violência na Escola, ver aqui.

terça-feira, 25 de março de 2008

Avaliação de professores

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"Nem todolos que insinam ler e escrever nam sam pera o ofiçio que tem [...] Uã das cousas menos oulhádas que há nestes reinos é consintir, em todalas nobres vilas e çidades, qualquer idióta e nam aprovado em costumes de bom vier, por escóla de insinár mininos."

"...máos mestres leixamos discípulos danádos pera toda a vida, nam sòmente com vicios d'alma de que podéramos dár exemplos, mas ainda no módo de ôs ensinár."
João de Barros, Diálogo em Louvor da Nossa Linguagem, 1540.
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Sobre esta centenária apetência para comentar o trabalho dos professores ver também aqui.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Olimpíadas da Repressão

(in, Der Spiegel)

Desde 20 de Março que as autoridades chinesas que regulam a rádio, o cinema e a televisão encerraram mais de 25 fóruns de Internet onde era possível a partilha de vídeos alegando que estes era “obscenos”, “violentos” ou que “punham em perigo os interesses nacionais”. Trinta e dois outros sites receberam advertências relativas aos conteúdos difundidos.
Desde 31 de Janeiro a lei chinesa prevê que os cidadãos que queiram difundir imagens na Internet devem solicitar previamente uma licença do governo. Os sites que difundem imagens devem também pertencer, pelo menos, parcialmente ao Estado.
O controle da internet na China é muito apertado. Existem pelo menos cinco organismos que tutelam o sector bem como uma ciberpolícia que controla a navegação.
A tudo isto, soma-se a eliminação do Google chinês de todas as menções aos incidentes em Lhassa (fonte: Repórteres Sem Fronteiras).


Hoje na cerimónia em que foi acesa a chama olímpica, que teve lugar em Olímpia (Grécia) três representantes dos Repórteres Sem Fronteiras, entre os quais Robert Ménard, secretário-geral da organização, foram detidos e interrogados pela polícia por perturbarem a cerimónia em protesto contra o “… tratamento reservado na China àqueles que se expressam livremente, a censura imposta à imprensa e o bloqueio às informações provenientes do Tibete " (veja aqui as imagens). Actualmente cerca de uma centena de jornalistas, bloggers e ciberdissidentes encontram-se presos na China.
Á Europa, exige-se que pressione as autoridades chinesas no sentido do diálogo e da busca de entendimento. Exige-se que não faça “orelhas moucas” à repressão e aos atropelos à Liberdade pois, é sobre os valores do Humanismo que a construção europeia deverá assentar. Exige-se, que seja credível pois não é possível continuar a dizer uma coisa e a fazer outra, na certeza, de que esta é uma oportunidade de ouro, um momento único em que todos os olhos do mundo estarão concentrados sobre Pequim. A China, senhora de uma cultura ancestral, irá compreender, certamente, que é do seu interesse nacional coadunar a modernidade com maior respeito pelos Direitos do Homem.


Que impacto tem a dimensão das turmas...

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... no aproveitamento dos alunos?
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Estudiosos britânicos concluíram que turmas grandes são especialmente desvantajosas para os alunos com maiores dificuldades que sofrem mais com a falta de atenção individualizada e que por consequência "se perdem"…
Acrescentar cinco alunos a uma turma aumenta em 40% a probabilidade dos alunos com dificuldades não atingirem o sucesso. Em contrapartida, o efeito deste aumento é negligenciável para os alunos que têm maior facilidade na aquisição de conhecimentos.
Os estudos têm como base a observação de 686 crianças em 49 escolas. Descobriu-se que em turmas de 30 alunos, o mau comportamento dos alunos com maiores dificuldades, mais do que duplica se comparado com o que acontece em turmas de 15 alunos[1]. O Professor Peter Blatchford[2], autor do estudo, declarou que para estes alunos é muito importante aumentar o número de interacções individualizadas, turmas maiores obrigam a uma atitude mais passiva por parte dos alunos e levam a uma atitude de “desistência”.
Estudos anteriores indicavam que as crianças beneficiam quando as turmas têm entre 15 e 20 alunos mas, os estudos conduzidos pelo Professor Dylan William sugerem que diminuir o número de alunos por turma para aumentar a qualidade das aprendizagens, é uma medida cara que só se justifica em casos em que há alunos com problemas de comportamento.

Nós, por cá, em consequência das alterações legislativas recentes, nomeadamente, pelo DL n.º 3/2008, que implica uma maior selectividade nos alunos que podem ser abrangidos pelo regime de Educação Especial e, que deixa de considerar que a inclusão destes alunos implique a redução da turma. Ou seja, não só os serviços especializados de Educação Especial irão prestar apoio a menos alunos (o diploma impõe critérios muito rígidos, nem sempre passíveis de serem devidamente documentados sobretudo, por famílias de menores recursos) como ainda, muitos alunos que até à data beneficiavam de apoio especializado irão ver-se desprovidos do mesmo, e irão ver-se integrados em turmas normais.
O alunos com necessidades educativas especiais de carácter permanente e, todos os outros que por circuntâncias diversas tinham, até agora, beneficiado de apoio pedagógico acrescido (especializado), ver-se-ão integrados em turmas onde a interacção individualizada com o professor será inadequada com as inevitáveis sequelas ao nível do seu comportamento e do sucesso escolar.
Que sucesso estaremos nós a promover para estes alunos no mesmo ano em que Portugal anuncia, com pompa e circunstância, a organização de uma conferência internacional sobre a Escola Inclusiva?
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Este post tem por base um artigo do Guardian, publicado hoje.
[1] 30 alunos é a média de alunos por turma nas escolas públicas inglesas. 15 é a média de alunos por turma nas escolas privadas em Inglaterra.
Em Portugal o número médio de alunos por turma é de 22,5 (fonte: OCDE, 2005).
[2] Cf. Peter Blatchford, Class Size.

sábado, 22 de março de 2008

Indulgência em casa, indisciplina na escola

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Falar sobre a indisciplina na escola tornou-se inevitável nos últimos dias. Mais uma vez, foi necessário um vídeo para que se levantasse um clamor unânime que ecoou por televisões, jornais, blogs levando a uma reflexão sobre o clima que se vive em muitas escolas.
Na verdade, a indignação suscitada por aquelas imagens, justa como é, mostra que muitos comentadores que se permitem dar opiniões sobre as iniciativas da actual equipa ministerial estão completamente desfasados da realidade. A realidade das escolas de hoje já não é o que era no tempo em que muitos dos nossos comentadores fequentaram o D.Pedro, o Camões, a Carolina Michaelis… a realidade social de que são feitas as nossas escolas de hoje é bastante distinta daquela que existia nos anos sessenta e setenta. De resto, a realidade, difere de escola para escola, de acordo com o público que a frequenta. Atrevo-me a pensar que um dos grandes problemas do ensino em Portugal, é o de se dirigir para alunos fictícios, ou seja, aqueles que (quase) só existem no wishfull thinking do legislador, isto é, alunos que gostam de aprender, que têm pais que se interessam pelo percurso escolar dos filhos e os incentivam a adquirir conhecimento, alunos que podem adquirir materiais, que têm no mínimo quatro refeições por dia e, a quem a família exige que se comportem dentro de determinados parâmetros. Ora…

O problema da indisciplina na escola é um problema civilizacional: passou-se do 8 para o 80. No passado, a criança era tratada como um adulto a quem eram conferidas responsabilidades desde muito cedo. Actualmente, a criança é um pequeno “rei”, por vezes um “tirano”, que não só impõe as sus vontades à família como depois, também quer impor a sua vontade na escola.

Os jornais ingleses The Guardian e The Daily Telegraph publicam, hoje, a este propósito, as conclusões de um estudo encomendado pelo Sindicato Nacional de Professores (National Union of Teachers), que merece a nossa reflexão:

O mau comportamento nas escolas é alimentado por pais “super indulgentes” que não sabem dizer não aos seus filhos, de acordo com os estudos. Os professores estão a lidar com um “pequeno mas significativo” número de alunos que fazem birras na aula quando a sua vontade não é satisfeita, ficam exaustos porque se deitam tarde e têm pais “beligerantes” que tomam o partido dos filhos contra os professores.
“Estes pais, eles próprios sob pressão social e muitas vezes incapazes de lidar com o comportamento dos filhos, podem ser muito agressivos, por vezes recorrem à violência para proteger os interesses dos filhos.” Os professores descreveram pais “altamente permissivos que permitem tudo para não se aborrecerem e que não recorrem a sanções ou incentivos.”
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Recomendo a leitura integral dos artigos citados.
O jornal ABC (Espanha) publica hoje a sentença em que uma mãe foi dada como culpada de "não educar" o filho de 14 anos e, origada a pagar 14 000€ de indemnização pela sua "laxitud" e "tolerancia".

sexta-feira, 21 de março de 2008

Olimpíadas dos Genocídios

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Quando a expressão, “Olimpíadas do Genocídio”, foi pensada destinava-se a sublinhar o problema do Darfur e da troca de petróleo Sudanês por armas chinesas que depois eram utilizadas contra a população civil do Darfur - a China forneceu ao Sudão, em 2005, armas no valor de 83 milhões de dólares, números oficiais. Além de que, a China utiliza o seu veto para bloquear no Conselho de Segurança das Nações Unidas todas as resoluções contra o Sudão … o que causa um embaraço crescente a esta organização tanto mais que as autoridades sudanesas não se coibiram de atacar directamente um comboio das N.U., além de que impediram diversos países de se juntarem às forças das N.U. presentes no terreno e, bloqueiam sistematicamente comunicações, voos, etc., impondo uma série de limitações humilhantes à força internacional de manutenção da paz.
Agora até os sites internacionais onde a questão do Darfur é discutida – Save Darfur - parecem estar sob mira dos hackers chineses ou das próprias autoridades chinesas. Estarão as autoridades chinesas por detrás destes ciber-ataques, em vésperas dos jogos Olímpicos?

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O que esconderá a China, no Tibete?
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Os Jogos Olímpicos, representam para a China um marco histórico de reconhecimento de grande potência mas, representam igualmente, um desafio dado o seu cadastro em termos de direitos humanos. E se as autoridades chinesas já tinham sentido o incómodo da demissão de Steven Spielberg em resultado da incapacidade da China para pressionar o Sudão, maior incómodo sentem agora com uma questão que prefeririam que fosse interna, a questão do Tibete. A recente decisão de Gordon Brown de receber o Dalai Lama, a possibilidade do Dalai Lama viajar para a China, as pressões sobre o Comité Olímpico Internacional para boicotar os jogos, as pressões (discretas) dos patrocinadores (Coca-Cola, McDonalds, etc.) que não querem ser associados à repressão dos tibetanos e, as imprevisíveis acções dos atletas que se começam a organizar para causar ainda mais dores de cabeça às autoridades. Isto claro está, não falando dos muitos jornalistas estrangeiros que estarão no local procurando cobrir todo o acontecimento e globalizá-lo e, ainda, dos muitos espectadores munidos de telemóveis, internet...

As Olimpíadas poderão forçar a China a mostrar o seu verdadeiro rosto, tal como os Jogos de Berlim de 1936 mostraram o rosto da Alemanha nazi.
O desafio, que o espírito olímpico enfrenta neste ano de 2008, é o de contribuir para que a China se torne num país respeitador dos Direitos do Homem.

Tratado de Lisboa, em risco?


O Tratado de Lisboa foi assinado com pompa e circunstância no final da presidência portuguesa da UE. Entre os que estiveram presentes na cerimónia oficial e os que preferiram assinar um pouco mais privadamente algumas horas depois (Gordon Brown) todos enfatizaram as vantagens do Tratado. Mais, com excepção da Irlanda (obrigada por imperativos constitucionais) todos os países têm estado a ratificar o Tratado nos respectivos parlamentos com maior ou menor celeuma.
O debate na Irlanda vai animada mas para já quem parece querer quebrar a sinfonia europeia é a Polónia cujo presidente Kaczynski e seu irmão gémeo, agora líder da oposição, querem impor um preâmbulo que inclua a possibilidade de um pequeno grupo de países bloquear algumas iniciativas europeias e, de a Polónia poder optar por subscrever a carta dos direitos fundamentais.
A verdade é que a negociação ocorreu num período de campanha eleitoral quando os Kaczynski eram presidente e primeiro-ministro e apresentaram o Tratado de Lisboa como uma grande vitória mas, agora, fazem marcha a trás para agradar ao seu eleitorado (minoritário) mais conservador (Partido da Justiça e Paz).
Num discurso “audiovisual” perante o parlamento polaco (Sejm) o presidente alertou contra o perigo representado pela Alemanha (e pelas minorias alemãs em território polaco) ao mesmo tempo que afirmou que o tratado permitiria os casamentos gay o que “afectaria a ordem moral na Polónia” tudo isto devidamente enquadrado por imagens de Ângela Merkel (entre proprietários germano-polacos) e de um casamento homossexual….
O actual primeiro-ministro, Donald Tusk, pretende fazer ratificar o Tratado mas perante a oposição do presidente é provável que seja forçado a convocar um referendo depois da Páscoa, caso, os membros do partido Justiça e Paz alinhem com a nova estratégia do presidente e não votem favoravelmente o Tratado, ou caso, o próprio presidente o vete (hipótese que parece muito provável).
Assim, ressurge a imagem da Polónia como o mau aluno da Europa … que consequências para a Europa de mais este ... flop?
Curioso, o silêncio, que tem sido feito à volta deste tema em contraste com o espalhafato da cerimónia de assinatura.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Por uma imagem se perde, por uma imagem ...

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A construção de uma imagem-marca é vital para os políticos. E se já o era no passado, hoje, é-o ainda mais pois, os políticos da actualidade vêm sentar-se na nossa sala de estar (ou, no ecrã do computador) e conversar connosco partilhar as suas esperanças e desilusões, comentar sobre os seus detractores. Tudo isto se passa na nossa frente, cada um de nós é cúmplice da criação das imagens que vão sendo construídas com maior ou menor coerência e durabilidade.
A construção da imagem do candidato faz-se a partir de um conjunto de factores que contribuem para uma identificação do político com os seus potenciais eleitores. Nada é deixado ao acaso, tudo é planeado e intencional pois, é do sucesso da estratégia de comunicação que depende o êxito do candidato: roupas, discurso, tom de voz tudo pode ser trabalhado no sentido de obter os resultados pretendidos, isto é, o maior número de votos.
Analisemos o caso Sócrates, a construção da sua imagem começou ainda quando ele era Secretário de Estado do Ambiente. Secretário de Estado num governo que, dizia-se, pecava por excesso do “diálogo”. Pois, bem, Sócrates distinguiu-se pela teimosia. Não se juntou a manifestações contra o seu próprio governo e, longe disso, enfrentou galhardamente, os descontentes. Mais tarde, os debates televisivos semanais com Pedro Santana Lopes deram-lhe um palco ainda mais abrangente e, quando se perfilou para Secretário-Geral do PS tinha já conseguido aliar à sua imagem elegância, competência, rigor, determinação. Daí a vencer eleições foi um passo. Três anos depois, o desgaste do poder … há que trabalhar de novo a imagem. Suavizá-la em certas facetas, retocá-la em outras.

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Por um lado, Sócrates pretende manter a imagem cosmopolita do homem de bom-gosto, amante da qualidade. No entanto, todas as controvérsias sobre o seu percurso académico e, mais recentemente, sobre as casas de sua autoria, vieram comprometer a imagem de competência, rigor e até de bom-gosto. Paralelamente, a sociedade portuguesa tem vindo a revelar uma preocupação crescente por a determinação de Sócrates resvalar por vezes para o autoritarismo (do próprio, e de alguns seguidores mais … zelosos) logo, era necessário humanizar a figura do primeiro-ministro. Nada melhor que mostrá-lo “tal como ele é” no contexto da sua casa, acompanhá-lo numa actividade que a maioria dos portugueses partilha: tomar a bica no café da esquina. O que se procura fazer é remover os indicadores de autoridade transformando-os em sedução eleitoral. No fundo, procurou-se criar laços afectivos que levem os eleitores a voltar a identificar-se com Sócrates (logo depois da maior manifestação contra as políticas do governo – a manifestação dos 100 000 professores).
Veremos se a reconstrução da imagem resulta ou se a erosão de três anos é já irreversível, factor não despiciendo é, a capacidade da oposição para criar ela própria uma figura capaz de protagonizar a alternativa.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Por uma imagem se ganha, por uma imagem...

Os poderosos sentiram desde cedo a tentação de controlar a imagem que projectavam em seu torno ao mesmo tempo que procuravam igualmente controlar a imagem dos seus adversários. Poderíamos recuar até aos primórdios da humanidade para provar esta teoria. Entre pinturas rupestres e objectos de adorno ela poderia ser provada na pré-história e em todas as civilizações que sucessivamente se seguiram até aos nossos dias. A democracia representativa ao legitimar-se pelo voto popular é ela própria cada vez mais dominada por estratégias de comunicação. A imagem pode fazer ganhar eleições ou deitá-las a perder.
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O caso do candidato Obama parece-me interessantíssimo. O primeiro candidato de ascendência africana - potencialmente - ganhador, contra a primeira mulher - potencialmente - ganhadora. Uma luta de minorias que até há pouco tempo estariam arredados da disputa pela Casa Branca. A ascendência de Obama tem sido jogada para atrair ou repelir eleitores. O eleitorado conservador dos EUA leva Obama a vestir-se segundo modelos rigorosamente ocidentais sentindo que as fotos onde aparece vestido de acordo com padrões africanos o podem prejudicar. Mais interessante, ainda, é o jogo de luz das suas fotos. A manipulação da imagem de Obama é feita para atenuar ou, aumentar o efeito da africanidade e desta forma, cativar ou afastar eleitores.
Barack Obama, está perfeitamente consciente desta questão. Aliás, o seu discurso "A More Perfect Union” é prova disso mesmo. Considerando que foi feito (no início desta semana), já depois da controvérsia envolvendo o pastor da sua comunidade, reverendo Jeremiah Wright, se ter tornado notada devido às suas opiniões sobre a política externa norte-americana e sobre a comunidade branca. Trata-se sem dúvida de um discursos corajoso em que Obama expõe a sua origem e, reconhece que as questões de raça são fracturantes na sociedade americana. Apelar à união é uma forma inteligente de neutralizar as suas origens e, capitalizar o que tem de comum com a "maioria".
Nesta luta dos democratas pela corrida à Casa Branca, não deixa de ser curioso que num país em que as mulheres conquistaram o direito ao voto, onde o feminismo foi bandeira, e onde aparentemente conquistaram a igualdade, a eleição, de uma mulher, para a Casa Branca, é ainda uma novidade absoluta.
Curiosa América esta…
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A imagem à esquerda é de um debate com Hillary Clinton, a imagem da direita, provém de um excerto do mesmo debate incluído, num spot publicitário da senadora.
Sobre este tipo de tratamento de imagem ver também: Instant History.

terça-feira, 18 de março de 2008

Aprender a ser Feliz

Depois dos recentes relatórios sobre as consequências do modelo de ensino no bem-estar das crianças inglesas o debate centrou-se no bem-estar das crianças. Assim, a municipalidade de Birmingham vai passar a incluir no curriculum a “felicidade” e vai recomendar que as 440 escolas da sua área dêem a máxima prioridade ao bem-estar psíquico das crianças tal como o fazem para a literacia e numeracia.


As crianças de Birmingham irão assistir a reuniões destinadas a servir de “barómetro emocional”, onde serão encorajadas a exprimir os seus sentimentos e preocupações. Serão também preparadas para melhorar as suas competências em matéria de comunicação com os seus pares e ainda sobre a forma de se comportarem na sala de aula. Estas medidas poderão incluir a designação de outras crianças como “mentores”. Tudo isto para assegurar uma correcta integração das crianças na escola e fazer diminuir a ansiedade num momento em que as pressões resultantes da escola estão a fazer subir a taxa de suicídios entre as crianças e jovens.


Os estudos mostram que as crianças são crescentemente infelizes na escola e que esta situação resulta da crescente pressão exercida para que elas sejam bem sucedidas nos testes de aferição pelo que os professores têm visto a sua autonomia dentro da sala de aula limitada. Ora, precisamente uma das soluções apontadas é dar maior autonomia aos professores para que estes possam gerir o curriculum e as metodologias adaptando-as, caso a caso. A falta de autonomia dos professores relativamente ao curriculum e às práticas pedagógicas foi uma das razões apontadas para esta a crescente “infelicidade” das crianças e jovens.
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Artigo do The Independent (21/03/2008) sobre a reacção dos professores ingleses contra o excessiva carga de testes a que os alunos são sujeitos.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Gestão da Informação: o Tibete na Imprensa Chinesa


Como é que a situação no Tibete está a ser acompanhada pela imprensa chinesa?
Já ontem, fiz referência ao China Daily, onde o ponto de vista das autoridades se espelha. Em todo este processo as autoridades chinesas estão a tentar fazer passar, internamente, a imagem de que são vítimas dos acontecimentos. Assim, em lugar de bloquear as imagens e as histórias da rebelião mostram as imagens sangrentas dos Han (étnica maioritária na China) espancados ou ameaçados pelos tibetanos e, contam as suas histórias apavorantes na primeira pessoa. Objectivo: conseguir o apoio da opinião pública chinesa para a repressão que se adivinha. Mais, faz-se passar a imagem de um complot internacional cujo cérebro é o Dalai Lama daí que os monges budistas que aparecem nas imagens são tudo menos a encarnação pacífica de homens neutrais. A criação de uma ameaça externa comum é sempre útil nestas circunstâncias...
Ao mesmo tempo, a Grande Muralha Electrónica da China está a monitorizar toda a web de forma a controlar o mais eficazmente possível a difusão de imagens e notícias a partir dos locais afectados pela rebelião.
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Ver Los Angeles Times
Actualização (22/03/2008) - ver o ponto de vista das autoridades chinesas sobre a cobertura que está a ser feita pelos media ocidentais.

domingo, 16 de março de 2008

A Maior Prisão do Mundo


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A China detém vários recordes desprezíveis em matéria de repressão da liberdade de expressão e da violação de Direitos Humanos.
As execuções públicas contam-se aos milhares (algumas delas programadas para a abertura de eventos políticos importantes, á semelhança, dos nossos autos-de-fé de má memória), a tortura é prática corrente, a informação está rigorosamente controlada e mesmo a navegação na Internet pode ter custos (com a preciosa ajuda do Google e do Yahoo). Manifestações, só as oficiais. Entrevistas só com guião… No Darfur a China é um dos países do Conselho Permanente da ONU (com poder de veto) que mais se tem oposto às sanções contra o governo do Sudão devido aos interesses económicos (leia-se petróleo) e políticos (não querem criar precedentes na condenação do genocídio). Além de que o esmagamento de revolta da praça de Tiananmen ocorreu há apenas 16 anos. E de agora, de novo, o Tibete…
Os impérios, a China contínua a ser um império, precisam de que haja uma certa homogeneidade cultural, linguística, religiosa para se sentirem seguros da “coesão nacional”. O problema da China é precisamente um problema de coesão. A China não é um país são muitos países, muitos povos que se encontram unidos sob a mesma bandeira. Ora, o Tibete pelas suas especificidades próprias, pelo facto de ter um governo no exílio, e porque é um destino turístico atractivo tem conseguido a espaços – com custos humanos enormes – fazer eco da sua revolta contra a colonização chinesa que ameaça a identidade do povo tibetanos alguns, dizem mesmo que se trata do genocídio dos tibetanos.
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Em ano de Jogos Olimpícos a preocupação de Pequim não poderia ser maior. A imagem do país que as autoridades chinesas querem fazer passar, vejam-se os magníficos estádios construídos para o efeito, pode ser posta em causa por questões ambientais (poluição) mas, fundamentalmente, por protestos (mais ou menos) espontâneos que ensombrariam os jogos (assim, por precaução muitos dissidentes e outros descontentes têm sido presos ou deslocados para longe dos palco dos acontecimentos) trazendo para a luz do dia as questões dos Direitos Humanos.
O Mundo tem fechado os olhos à situação na China. Claro, que isto só acontece porque a China é membro do Conselho Permanente de Segurança das Nações Unidas, é uma superpotência nuclear, é indispensável para manter a estabilidade na Ásia, é um mercado extraordinário e um produtor cheio de potencialidades (como se vê pelos contentores que todos os dias chegam aos nossos portos).


Caso os protestos continuem como reagirá a China? Como reagirá, o auto-proclamado "mundo civilizado", se se verificar a repressão feroz a que as autoridades chinesas nos têm habituado.
Por quanto tempo poderá o Mundo, ainda, manter os olhos fechados?
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Os acontecimentos do Tibete vistos pelas autoridades chinesas: China Daily
A perspectiva do Dalai Lama, chefe espiritual dos tibetanos: Le Figaro

sábado, 15 de março de 2008

Aprender finlandês na Finlândia

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De acordo com os dados do Eurydice sobre a Finlândia, quando uma criança ou jovem chega ao sistema de ensino finlandês pode ser integrado num grupo transitório que tem por objectivo a sua plena integração. O apoio que recebe é flexível de acordo com as suas necessidades específicas indo ao ponto de consagrar a aprendizagem da língua materna. Durante esta fase transitória o aluno (na escolaridade obrigatória) recebe alguma instrução básica sobre a cultura e língua finlandesa (ou sueca), e da sua própria língua materna. O tempo mínimo atribuído aos alunos para se “ambientarem” é de 450 (faixa etária dos 6-10 anos) a 500 horas (para os mais velhos). Os alunos podem desde logo ser integrados em algumas disciplinas curriculares como educação física, artes, música.
Os filhos de imigrantes na Finlândia são integrados em grupos onde o finlandês (ou sueco) é ensinado como segunda língua mas acompanham o curriculum normal podendo ainda ter direito a “aulas de apoio” na sua língua materna.
Para estes alunos a avaliação pode ser quase inteiramente feita na oralidade.

A população finlandesa é, sem dúvida, mais homogénea que a portuguesa. O número de imigrantes é bem mais reduzido e por este motivo é possível oferecer estas e outras condições aos alunos recentemente integrados no sistema. Portanto, salvaguardadas as devidas proporções comparemos ainda assim o que é oferecido aos alunos que nos chegamos das sete partes do mundo todos os dias. Muitos são lançados para a escola como os cristãos para o circo romano. Sem qualquer preparação. O choque de culturas é tal que o espanto é que apesar disso alguns consigam ser bem sucedidos. O investimento nestes alunos é mínimo. As condições que lhes são oferecidas para se integrarem e para aprenderem a língua portuguesa são … mínimas. No final do ano, um destes alunos terá 30 horas de apoio? Mesmo contando com pedagogias diferenciadas, o “estudo acompanhado”, e o PLNM continuamos a ter um claro déficit no apoio a estas crianças e jovens.

Interessante comparar com os dados do Eurydice para Portugal e questionar quantos mediadores socioculturais estão efectivamente nas escolas, se o uso dos 90 minutos do Estudo Acompanhado são produtivos para estes alunos, dado que as condições não são frequentemente as melhores, quanto aos tutores (45 min/semana) … aos cursos do ACIDI e, aos dos Centros de Formação Profissional…

Da Falta de Vontade Política ...


Folheando a última edição do Boletim Municipal do Seixal, não pude deixar de sorrir...
Na sua página 5 anuncia-se: “Espaço requalificado liga Quinta da Fidalga ao Núcleo Naval”. Um subtítulo a negrito põe em evidencia o “Novo espaço de lazer e bem-estar” dando alguns pormenores sobre o projecto. Tudo isto encimado por três desenhos onde se mostrar um caminho vermelho semicircular entre as sombras das palmeiras e de outras árvores de grande porte (pelo tamanho das palmeiras penso, que os desenhos se reportam ao ano de 2125) que irão transformar este espaço, num espaço igual a outros pois, aquilo que o caracterizava, o estaleiro, foi destruído.
Mas vamos ao que interessa.
A primeira parte do “artigo” é dedicada a refutar aquilo que aqui foi dito (mas também, o que foi dito pelo Baía do Seixal, a-sul, pelo Revolta das Laranjas, entre outros) durante os meses de Janeiro e Fevereiro. Vejamos então:

1- Edifício do estaleiro – de acordo com o BM “não era mais do que um armazém construído em pleno séc. XX …”;
2- o historiador, António Nabais, afirma que “não há referências ao estaleiro naval da Fidalga.”;
3- António Nabais explicou (não era preciso porque, nós sabíamos) que “os estaleiros navais [antigos] eram erguidos nas praias”;
4- os estaleiros instalados nas margens do saco do Seixal eram pequenos e “deixaram poucos vestígios de interesse histórico”.
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Muleta, embarcação tradicional do Tejo construídas nas praias da Baía da Seixal


1- Destruídos todos os antigos estaleiros do Seixal, à excepção do estaleiro da Arrentela que é um barracão de madeira de valor histórico discutível, inclusivamente aquele que estaria destinado a albergar o pólo museológico de Amora e havendo um compromisso de preservar estes espaços parece incompreensível a decisão de derrubar o edifício. Poder-se-ia a argumentar sobre as condições de segurança, sobre o reduzido valor histórico e patrimonial mas, isso é, lana caprina, o que de facto não houve foi sensibilidade e vontade política. O estaleiro, simplesmente, interpunha-se entre os projectos da câmara do Seixal para aquele lugar, logo, tinha que ser abatido.

2- A história dos esteiros do Tejo está cheia de estaleiros que foram mudando de nome à medida que a sucessão de gerações impôs a mudança de proprietários/características. É claro, que no séc. XVI não existem referências ao “estaleiro naval da Quinta da Fidalga”. Óbvio.

3 - Existem referências a um conjunto de estaleiros situados nas margens dos esteiros do Tejo cujas praias, na época dos Descobrimentos, fervilhavam de actividade, ora, esta praia poderia esconder vestígios de antigos estaleiros que depois dos movimentos de terra ali efectuados estarão agora perdidos. Sabemos que pela própria essência dos materiais usados na construção naval até ao séc. XIX é muito difícil encontrar vestígios de monta mas, valeria a pena tentar.

Ora, o que as “vozes discordantes” disseram foi que era necessário proceder ao estudo arqueológico do local pois, o subsolo poderia revelar vestígios de antigos estaleiros importantes para a história local e da construção naval. Antes de proceder à betonização encapotada do espaço seria importante fazer um estudo de campo e, não meramente livresco, como aconteceu. De qualquer forma continuamos a aguardar pacientemente o “relatório técnico” que o Sr. Veredor Jorge Silva referiu. Muito embora, este “artigo” no BM tenha contribuído decisivamente para agravar a minha convicção de que “não existe relatório técnico”, quando muito uma pesquisa bibliográfica feita à medida.
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Obs.: curioso verificar que nos desenhos publicados não surge qualquer equipamento de restauração associado, no entanto… Proc. 3/M/04 – Reapreciação e aprovação. Aprovada por maioria e em minuta, com duas abstenções, a concessão do direito de superfície para a instalação de um equipamento de restauração e bebidas com cais próprio em parcela do domínio privado municipal na Arrentela (estaleiro da Fidalga) para um valor base de licitação de € 1.000.000 por 40 anos.»[ver aqui]

quarta-feira, 12 de março de 2008

Dia para a Liberdade de Expressão na Internet

A nova lista dos “Inimigos da Internet” que foi hoje divulgada pelos Repórteres Sem Fronteiras e conta com 15 países: Arábia Saudita, Bielorrússia, Birmânia, China, Coreia do Norte, Cuba, Etiópia, Irão, Uzbequistão, Síria, Tunísia, Turquemenistão, Vietnam e Zimbabué.

Na generalidade destes países existem regimes políticos que têm uma intervenção censória junto dos media tradicionais. Nestes países, a taxa de penetração da Internet é ainda bastante fraca, mas é a suficiente para dar algumas dores de cabeça aos governantes. Nestes países existe uma conjunto de medidas adaptado às novas tecnologias: legislação, controle dos fornecedores de acesso e perseguição dos cibercafés.
Existem, actualmente, 62 ciberdissidentes presos, 48 dos quais na China.
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Shi Tao, condenado a 10 anos de prisão em 2005
O direito à liberdade de expressão continua a ser uma realidade mal digerida pelos poderes instalados, as novas tecnologias vieram permitir o jornalismo feito pelos cidadãos, jornalismo desenquadrado das habituais práticas editoriais e como tal perigoso, na óptica do poder. E se em Portugal, há ministros que ousam rotular práticas editoriais convencionais como "jornalismo de sarjeta", podemos imaginar a forma como a dissidência cibernáutica é entendida em paragens onde o "lápis azul" continua a ser afiado e onde as prisoes têm um apetite desmesurado pelos cidadãos pensantes...
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Assine a petição para a libertação de Shi Tao, jornalista do Dangdai Shang Bao, condenado por ter possibilitado a divulgação na internet de um documento oficial relacionado com Tiananmen.

terça-feira, 11 de março de 2008

A Felicidade fora do alcance das Crianças

The Independent

O crescente número de crianças e jovens que se sentem deprimidos e ansiosos está a causar profunda preocupação entre os professores e educadores, em Inglaterra. As pressões que os jovens sofrem face à sociedade moderna são apontadas como as causadoras deste estado de coisas. Disfunções sociais e famílias separadas estão a prejudicar o desempenho das crianças nas escolas.
Entre as conclusões do congresso da ATL (Association of Teachers and Lecturers) fala-se do crescente número de alunos que se suicidam devido a “pressões académicas, e sociais” designadamente as que são exercidas pelos pares. Afirma-se ainda que muitas crianças não conseguem aprender devido ao stress a que estão sujeitas. Numerosos estudos apontam para o crescimento deste fenómeno sobretudo, nas escolas básicas onde os comportamentos anti-sociais, o materialismo e o culto da celebridade está a “matar” a infância.
Outros relatórios apontam as políticas educativas como as responsáveis por este estado de coisas. Um sistema rígido de testes de aferição e a constante necessidade de atingir objectivos estará a levar um crescente número de alunos a sentirem-se alienados dentro da sala de aula pois, os professores passam demasiado tempo a “ensinar para os testes” pelo que deixou de haver tempo para a brincadeira e o divertimento no curriculum do ensino básico, em resultado disso as crianças estão cada vez mais ansiosas e tristes. Algumas escolas estão até a introduzir aulas de “Felicidade” .
O primeiro passo para a solução do problema poderá estar na redução dos trabalhos de casa nos ensinos básico e secundário. Desde 1997 que foram definidos padrões para os TPC’s das crianças e jovens entre os 4 (c. 20 min. /noite ) e os 16 anos (entre 90min a 2H/ noite) o que tem constituído também uma pressão para os professores. De resto, o nível de exigência não se tem repercutido positivamente na qualidade do ensino, a Inglaterra caiu vários lugares neste ranking que continua a ser liderado pela Finlândia.
O governo Trabalhista mantém-se, no entanto, firme nas suas políticas rejeitando as críticas e afirmando que “2008 é um óptimo ano para ser criança.

Num momento em que se proclamam as virtudes da “escola a tempo inteiro”, que obriga à permanência das crianças em full-time dentro do espaço-escola, deveríamos reflectir sobre as consequências desta decisão para a qualidade de vida dos mais jovens e, se esta conversão das escolas em “armazéns de crianças” onde o “conhecimento” é o pretexto para as manter fechadas cinco dias por semana, se traduzirá numa mais-valia para o seu futuro enquanto cidadãos e enquanto pessoas.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Novas Tendências

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O mundo das viagens e dos cartazes turísticos já não são apenas praias de areias douradas e águas verde-mar, o turismo da natureza e dos monumentos já se tornou cansativo para muitos.
Bem-vindos à nova tendência, o Turismo de Pobreza (“pobrismo”): as favelas do Rio de Janeiro, os bairros de lixo no México, os bairros de lata de Johannesburgo, Bombaim ou Manila tornaram-se surpreendentes destinos turísticos.
Este tipo de turismo terá tido o seu início no Brasil há cerca de 16 anos. Actualmente, são organizadas muitas visitas às favelas, visitas seguras mas não completamente isentas de tensão.
Os críticos dizem que este nicho de mercado explora o “voyeur” que existe em todos nós mas, até os críticos concordam que estas viagens podem ajudar a compreender e a combater a pobreza extrema tudo depende da forma como são organizadas.
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:Avenida do Seixal - Fernão Ferro

E nós por cá, no Seixal? O que nos restará depois de destruir tudo o que poderia ter interesse para o turismo convencional? As quintas, as paisagens, os estaleiros ... As novas tendências, naturalmente.
Porque haveríamos de ficar de fora de tão interessante tendência? Porque não organizar um tour pelas ruas de Fernão Ferro, verdadeiro Lisboa-Dakar em versão florida; ou organizar uma noite na boa bifana da Jamaica; ou ainda, uma incursão pelas ruas enlameadas e perigosas de Stª Marta de Corroios? Um mergulho nas águas poluídas da Pontas dos Corvos ... Sugestões não faltam.
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Slum tourism ou, "poorism" - tradução livre para "pobrismo"

Odisseia no século XXI

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Esta é a história do jovem Kingsley natural dos Camarões. Um jovem, como tantos outros, que sonhava ser jogador de futebol mas, acabou como nadador-salvador num hotel onde ganhava 50€/mês apenas, o suficiente para a alimentação e para a renda de dois quartos que partilhava com os pais e sete irmãos.
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Kingsley sonhava com uma vida melhor. Por isso a Europa surgia-lhe como se fosse o El-Dorado. Esta é a foto-reportagem da sua odisseia através de meio continente africano. Uma viagem repleta de perigos e armadilhas onde qualquer passo em falso pode representar não só o fim da esperança mas, a própria morte. Um testemunho humano indispensável para compreender os novos fenómenos migratórios.
O foto-jornalista Olivier Jobard documentou esta aventura.

domingo, 9 de março de 2008

Um amor de gato...

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Bom fim-de-semana :D

Memórias...

:"Estamos a ganhar!"

Ontem , depois da manifestação de professores, vendo o jornal na SIC Notícias, lembrei-me deste senhor. Porque seria?
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Recordar outras pérolas de negação.

sábado, 8 de março de 2008

Dia da Mulher

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Boutique de burkas - a dificuldade da escolha
Porquê?
Dir-se-á que nos dias de hoje já não faz sentido comemorar o Dia da Mulher.
Dir-se-á que os homens também são vítimas de injustiças e discriminação.
Enfim, dir-se-á que o feminismo caiu em desuso... dir-se-á tudo isso e muito mais mas, nada disso invalida que mais do que distribuir flores, enviar emails inconsequentes, e trocar umas larachas sobre o assunto, se fale também (neste dia mais do que nos outros) das mulheres que só podem vestir burkas, que não tèm direitos porque para todos os efeitos são cidadãs de terceira categoria, das que são sexualmente mutiladas, das que enfrentam horários de trabalho capazes de fazer claudicar qualquer homem de barba rija. Por essas mulheres e, por todas aquelas que nos países desenvolvidos acumulam agora as responsabilidades de outrora e lhes acrescentaram as exigências do mercado de trabalho exigindo a si próprias o impossível, isto é, tudo.
Direi que faz todo o sentido comemorar o Dia da Mulher reflectindo sobre o seu papel no mundo de hoje, para que algures no futuro possamos ter uma sociedade em que Homens e Mulheres possam continuar a ser diferentes mas, iguais perante as leis, e perante as oportunidades. Espera-se que da nossa reflexão de hoje surjam ideias que permitam ter mais Mulheres em centros de decisão políticos e empresariais de forma a que as competências adquiridas, no feminino, não se desperdicem.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Asas de Liberdade

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A recente ordem do MAI para que a polícia visitasse as escolas indagando sobre a participação dos professores na manifestação marcada para Lisboa, na tarde de amanhã –sábado -, faz parte de um conjunto de “tiques ditatoriais” a que a sociedade portuguesa tem vindo a assistir nos últimos anos e que seriam ridículos se não fossem tão graves. Trata-se de usar a polícia para o trabalho “sujo” (porque impopular e vagamente intimidatório), em lugar de a ocupar na sua verdadeira missão, que é a de zelar pela segurança dos cidadãos deste país.
Se não existissem outras razões, esta chegaria, sobejamente para justificar a “guerra justa” dos professores contra uma legislação de duvidosa eficácia, imposta a destempo com consequências imprevisíveis no funcionamento das escolas e para a qualidade de aprendizagem dos alunos. Vendo o exemplo inglês, temos razões para estar preocupados.
Ao mesmo tempo, a intoxicação da opinião pública contra (certos) grupos profissionais continua. As notícias, os editoriais, os comentários, as entrevistas vão no sentido de condicionar a opinião pública isolando grupos específicos de profissionais – qualificados - para melhor poder implementar políticas (na área da Educação, da Saúde, da Defesa, da Justiça) que mais do que lesar os profissionais em causa, não representam uma mais-valia para o conjunto sociedade portuguesa. Fomenta-se, a “invejazinha” em lugar de se promover o gosto pelo trabalho bem feito e o respeito pelos bons profissionais.
Vive-se hoje, em Portugal, um clima estranho. Há fantasmas do passado que se querem agitar nos ares. Há um apelo ao unanimismo mais mentecapto.

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Poderemos nós acreditar estas "visitas" às Escolas foram da livre iniciativa individual de dezenas de polícias? A ordem partiu ceramente da direcção da polícia. E quem é o responsável político? Parece-me óbvio: o MAI.
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Atena é a deusa grega da sabedoria, da inteligência e da guerra justa.


Atena é associada à coruja da sabedoria, razão pela qual a coruja surge frequentemente a representar a profissão de professor.

quinta-feira, 6 de março de 2008

A prece de Hillary

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Confesso que as eleições americanas me dizem pouco. Mas rendi-me ao humor - deveria dizer, dramatismo - deste cartoon.
A senhora Clinton ganhou a esperança que parecia perdida, o tio Sam, está ganhando agora tempo para uma resposta ao "pedido". Veremos se há casamento. Mas até lá, muita água terá de correr sobre as pontes.

quarta-feira, 5 de março de 2008

O Milagre Finlandês


A Finlândia é o campeão do sucesso escolar desde 2003. Os seus estudantes são os que revelam melhores resultados na literacia e estão, igualmente, nos tops da matemática e das ciências.
Como é que a Finlândia, saída de uma crise económica, alcançou em poucos anos este sucesso inesperado? Como é que a Finlândia consegue estes resultados gastando cerca de 4000€/ano por aluno?
As peregrinações educacionais à Finlândia tornaram-se moda foi, aliás, com o objectivo de conhecer este milagre que logo no início do seu mandato, José Sócrates fez a sua “peregrinação” para aí conhecer e propagandear o milagre do “salto tecnológico”.
A receita finlandesa é ao mesmo tempo simples e complexa: por um lado, baseia-se na flexibilidade das turmas (o que é um factor “copiável”) mas, sobretudo, beneficia de a sua população ser bastante homogénea e gozar de uma prosperidade relativa (factores não exportáveis).
E se a qualidade dos professores finlandeses é referência obrigatória há um outro factor que não deve ser subestimado: ler para as crianças, contar histórias, ir à biblioteca são actividades acarinhadas na Finlândia desde cedo. Um outro factor, que poderá explicar a facilidade com que as crianças aprender a ler poderá estar relacionado com o facto de muitos programas televisivos serem legendados.
Gostaria ainda de salientar outros factores (não "exportáveis") que contribuem para o sucesso do sistema educativo finlandês: a atitude dos pais perante a escola/conhecimento/cultura; as características intrínsecas dos povos nórdicos menos expansivos, mais disciplinados, mais organizados; a atitude perante o trabalho, característica do protestantismo.

Algumas curiosidades:
- o sistema de ensino Finlandês é totalmente gratuito: todos os materiais escolares (excepção para os livros) e as refeições são da responsabilidade dos municípios;
- os municípios têm efectiva responsabilidade na gestão das escolas, no entanto, o reitor tem obrigatoriamente de ter formação de professor;
- existe um curriculum de referência (objectivos e áreas temáticas) mas as escolas têm inteira autonomia para escolher como devem leccioná-lo: em grupos grandes ou pequenos, em salas ou ar livre;
- ratio aluno professor nas melhores escolas? Cerca de 11 alunos;
- em muitas (todas?) escolas a cada grupo de alunos correspondem dois professores, sendo que um deles tem por função ajudar os alunos que evidenciem alguma dificuldade;
- as aulas têm a duração de 45 min, a que se segue um intervalo de 15min durante o qual os alunos têm à sua disposição instrumentos musicais, xadrez, computadores … para além das clássicas actividades de recreio;
- os alunos são desde cedo estimulados a aprender línguas estrangeiras: sueco e inglês ou/francês. Algumas escolas oferecem ainda outras línguas: russo, chinês, japonês, latim…
- depois das aulas existe uma ampla oferta de clubes de tempos livres/trabalhos de casa, coordenados por monitores, que os estudantes são encorajados a frequentar.




Este "milagre" não é facilmente exportável, nem sequer, para os outros países nórdicos cujos resultados são menos positivos. E mesmo dentro da própria Finlândia, o recente tiroteio numa escola, veio perturbar o tranquilo fluir desta reforma e abalar o sistema.

terça-feira, 4 de março de 2008

Longe da Vista...(2)

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Amora (profunda) - Fevereiro 2008

... longe das preocupações ... quanto tempo ainda?

Vantagens? Nenhuma.

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Entrevista do Professor Ramiro Marques ao Jornal de Notícias , de hoje, sobre o sistema de avaliação dos professores:

JN - Quais são os aspectos mais negativos deste sistema?
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São tantos que é difícil enumerar. Os prazos estabelecidos são completamente insensatos; a ausência de formação em supervisão para os avaliadores que irão observar as aulas é inaceitável; a possibilidade de o professor avaliado ter aulas observadas e ser avaliado por um professor de outra área curricular e de outro grupo de recrutamento é simplesmente uma aberração; a periodicidade da avaliação (de 2 em 2 anos) obrigará os professores a dedicarem grande parte do seu tempo, energia e os recursos à avaliação dos colegas, em vez de se concentrarem na preparação das aulas e na relação pedagógica. É por isso que eu digo que os principais prejudicados com este modelo de avaliação serão os alunos.
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JN - E vantagens?
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Como ele está a ser montado, não reconheço nenhuma vantagem. O Decreto Regulamentar 2/2008 tem de ser profundamente alterado. Os prazos devem ser alargados, a observação das aulas deve fazer-se apenas quando os avaliadores tencionarem dar a classificação de Irregular ou, nos outros casos, a pedido do avaliado; a avaliação deve ser feita de 3 em 3 anos; os dados sobre a progressão dos alunos e as taxas de abandono escolar não devem ser tidos em conta no processo de avaliação dos professores.penalizados pela avaliaçãoAlunos vão ser os mais penalizados pela avaliação.
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segunda-feira, 3 de março de 2008

Ser Professor na Finlândia


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"Os professores finlandeses têm um papel extremamente forte nas decisões relativas ao funcionamento da escola", afirma Välijärvi. "O inquérito (PISA) mostra que os professores finlandeses são mais responsáveis (do que a média da OCDE) pelos conteúdos leccionados, pela escolha dos livros didácticos, pela disciplina e pela gestão escolar bem como pela distribuição dos recursos".
Välijärvi afirma que o invulgarmente grande potencial dos professores finlandeses para exercer influência é um reflexo da sua formação de nível universitário e do seu elevado estatuto social.
"Os professores são a chave do grupo que pelas suas acções influência a disponibilidade dos cidadãos para aprender algo novo durante toda a sua vida", diz Hannele Niemi, Professora na Universidade de Helsínquia. "A importância atribuída aos professores e a sua influência social, na Finlândia, é elevada em comparação com outros países europeus. "Em muitos outros países da UE, a profissão de professor é equiparada com profissões técnicas, enquanto que na Finlândia está, em pé de igualdade, com os médicos e o advogados", diz Välijärvi. Ele acrescenta que o apreço pela profissão de professor é também evidente, na medida, em que é uma dos mais populares escolhas entre os jovens profissionais.

"Os professores recebem uma enorme quantidade de apoio dos pais. Muitos porém, salientam que as expectativas em casa são muitas vezes exageradas e cumpri-las de uma forma equilibrada, é difícil ", diz Anna Kilpiö e Marja-Leena Markkula da Universidade de Tecnologia de Helsinquia. [Por vezes o "apoio" dos pais é
tão forte que tem motivado algumas queixas de bullying, enfim, "não há bela sem senão..."]
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Tradução livre, deste texto.

Tradição Madrasta

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Rússia: Assembleia de Voto



As eleições na Rússia passaram sem surpresas. Putin garantindo que as eleições foram livres e justas, as oposições apontando inúmeras fraudes eleitorais: desde a coerção sobre doentes (hospitalizados) e soldados, até ao chamado "carrossel" (um autocarro repleto de estudantes que vota repetidas vezes em diversos bairros).
Em S. Petersburgo uma mulher votou 27 vezes (!) antes de ser denunciada pelos delegados do candidato comunista, depois a polícia mandou-a em paz...
Com tudo isto as manifestações de protesto dos opositores foram hoje reprimidas com severidade.

A leste nada de novo, portanto. O "paizinho" (tratamento dado aos antigos czares) continua a punir todos aqueles que manifestam vontade própria ao longo da História, o povo russo tem sido frequentemente a primeira vítima de uma tradição madrasta sustentada em imperativos geoestratégicos limitadores dos direitos individuais.
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The Moscow Times



domingo, 2 de março de 2008

Um exemplo que vem da Finlândia

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Logo no início do seu mandato, Sócrates deslocou-se à Finlândia e, proclamou bem alto a excelência daquele sistema educativo que reune um muito apreciável conjunto de indicadores positivos.

Hoje, gostava de deixar aqui, um quadro onde se compara o investimento cumulativo (em US$) feito em entidadades com fins educativos feito em diversos países com os resultados obtidos na literacia, numeracia e conhecimento cientifico.
Não quereria deixar a impressão de que o êxito finlandês se reduz a atirar dinheiro para o sistema educativo. Existem outros factores que irei analisar oportunamente.

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Ver documento no contexto original.
Finlândia a vermelho; Portugal (PRT) a verde.


Seis anos de cativeiro

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« Eu sinto que a vida dos meus filhos está em stand by, na esperança de que eu seja libertada, e o seu sofrimento diário faz com que a morte me pareça uma opção doce. » Estas palavras fazem parte de uma das últimas cartas escritas ao seu marido. « Não tenho vontade de nada e creio que essa é a única coisa boa : não ter vontade de nada. » Sobre o local onde está presa, na floresta colombiana, escreve : « uma manhã chuvosa como a minha alma. » Diz ainda : « …estou fatigada de sofrer, de transportar em mim este sofrimento todos os dias, de mentir a mim própria e de ver que cada dia é igual ao inferno da véspera.»



Estado de saúde preocupante

Os quatro reféns libertados na semana passada trouxeram notícias preocupantes sobre Ingrid Bettencourt. Gravemente doente com hepatite B, acorrentada e rodeada de pessoas "que não lhe tornam a vida fácil".
As FARC exigem a troca de um grupo de quarenta reféns, entre os quais Ingrid Bettencourt, contra a liberdade de 500 guerrilheiros.
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A morte do porta-voz das FARC, Raúl Reyes (aliás, Luis Edgar Devia) ontem, na fronteira com aselva equatoriana, poderá ter vindo complicar a libertação dos reféns. Leia as reações antagónicas provocadas por esta notícia: El Tiempo (Colombia) e também aqui.
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Slideshow sobre Ingrid Bettencourt