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A China detém vários recordes desprezíveis em matéria de repressão da liberdade de expressão e da violação de Direitos Humanos.
As execuções públicas contam-se aos milhares (algumas delas programadas para a abertura de eventos políticos importantes, á semelhança, dos nossos autos-de-fé de má memória), a tortura é prática corrente, a informação está rigorosamente controlada e mesmo a navegação na Internet pode ter custos (com a preciosa ajuda do Google e do Yahoo). Manifestações, só as oficiais. Entrevistas só com guião… No Darfur a China é um dos países do Conselho Permanente da ONU (com poder de veto) que mais se tem oposto às sanções contra o governo do Sudão devido aos interesses económicos (leia-se petróleo) e políticos (não querem criar precedentes na condenação do genocídio). Além de que o esmagamento de revolta da praça de Tiananmen ocorreu há apenas 16 anos. E de agora, de novo, o Tibete…
Os impérios, a China contínua a ser um império, precisam de que haja uma certa homogeneidade cultural, linguística, religiosa para se sentirem seguros da “coesão nacional”. O problema da China é precisamente um problema de coesão. A China não é um país são muitos países, muitos povos que se encontram unidos sob a mesma bandeira. Ora, o Tibete pelas suas especificidades próprias, pelo facto de ter um governo no exílio, e porque é um destino turístico atractivo tem conseguido a espaços – com custos humanos enormes – fazer eco da sua revolta contra a colonização chinesa que ameaça a identidade do povo tibetanos alguns, dizem mesmo que se trata do genocídio dos tibetanos.
Em ano de Jogos Olimpícos a preocupação de Pequim não poderia ser maior. A imagem do país que as autoridades chinesas querem fazer passar, vejam-se os magníficos estádios construídos para o efeito, pode ser posta em causa por questões ambientais (poluição) mas, fundamentalmente, por protestos (mais ou menos) espontâneos que ensombrariam os jogos (assim, por precaução muitos dissidentes e outros descontentes têm sido presos ou deslocados para longe dos palco dos acontecimentos) trazendo para a luz do dia as questões dos Direitos Humanos.
O Mundo tem fechado os olhos à situação na China. Claro, que isto só acontece porque a China é membro do Conselho Permanente de Segurança das Nações Unidas, é uma superpotência nuclear, é indispensável para manter a estabilidade na Ásia, é um mercado extraordinário e um produtor cheio de potencialidades (como se vê pelos contentores que todos os dias chegam aos nossos portos).
Caso os protestos continuem como reagirá a China? Como reagirá, o auto-proclamado "mundo civilizado", se se verificar a repressão feroz a que as autoridades chinesas nos têm habituado.
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Os acontecimentos do Tibete vistos pelas autoridades chinesas: China Daily
2 comentários:
De acordo com o seu texto.
Lamentavelmente exemplos
como o referido proliferam.
Não podemos ser estrábicos
todos devem ser denunciados.
Agradeço a sua visita
Não sei por quanto tempo ... mas, enquanto houver quem se indigne e aja, seja qual for o modo, há esperança.
Abraço,
m.
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