Morreu, a treze de Julho, o professor Bronislaw Geremek, vítima de um brutal acidente de viação.
Confesso, que tenho adiado este tema porque, pessoalmente, me entristece. Mas, também por isso, penso que devo dedicar algum deste espaço a falar sobre um dos grandes vultos da Europa contemporânea.
Geremek começou por ser um historiador da Idade Média. Porquê? – perguntaram-lhe.
“[...] Chego a esta universidade [Varsóvia], a este seminário de História Contemporânea, e estou cheio de vontade de fazer qualquer coisa, de ler, de analisar, de compreender; e o professor deu-me como tema para o meu primeiro trabalho, o Manisfesto do Partido Comunista. Estudo, então o modo como o documento foi criado; estudo os debates ideológicos de época e faço o meu ‘plano’; […] afirmei: ‘ Marx teve a fraqueza de se encaminhar demasiado para a anarquia, sob a influência de Proudhon.’ O quê? Como!? Ter uma fraqueza, Marx? Estava em 1950. […] Fiz a minha escolha e a melhor possível, nessa altura, porque a Idade Média me dava, antes de mais, a garantia de liderdade; desde que não tocasse nas relações russo-polacas na Idade Média, podia ler tudo, escrever tudo; e a censura aí não interferia.”
Conversas com Philippe Sainteny
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