Tratado de Lisboa? Nie!

:Lech Kaczynski copia Józef Piłsudski

Hoje, dia em que a França inicia a sua presidência a Europa acordou sobressaltada pela possibilidade do “nie” do presidente Kaczynski ao Tratado de Lisboa.

Já em Março, tinha aqui escrito que o "não" polaco era uma possibilidade séria, apesar de Kaczynski & Kaczynski (irmão gémeo do presidente, então primeiro-ministro) terem sido os responsáveis pela negociação do Tratado.

Em inicio de Abril, após três semanas de duras negociações entre o primeiro ministro, Donald Tusk e o presidente Kaczynski foi possível chegar a um acordo de princípio em que o Sejm [Parlamento] permitia a ratificação do Tratado pelo presidente. Ao mesmo tempo, em que era aprovado um outro documento em que o PiS (partido dos irmãos Kaczynski) fazia reflectir as suas preocupações relacionadas com o princípio da soberania nacional, bem como, a salvaguarda de exigir que para questões fundamentais seria necessário garantir o consentimento simultâneo do presidente, do governo e ambas as câmaras do parlamento e ainda as condições em que a Polónia poderia prescindir de alguns dos direitos que lhe eram garantidos pelo Tratado de Lisboa.

O Tratado foi votado no Sejm em 1 de Abril. Nessa altura, o presidente, disse à televisão que estava contente por o ir ratificar e, referindo-se aos 52 deputados que votaram contra e aos 12 que se abstiveram, afirmou ainda que “... eles cometeram um erro."

Curiosamente, Lech Kaczynski volta agora com a palavra atrás. Mas, os eurocépticos desenganem-se se pensam ter motivos para celebrar. O “nie” polaco é substancialmente diferente do “no” irlandês. Lech Kaczynski pretende que a Polónia continue a não ratificar a Carta Europeia dos Direitos do Homem – que na sua interpretação daria a possibilidade de os alemães reivindicarem indemnizações sobre os territórios alemães atribuídos à Polónia no final da 2ª Guerra e, permitiria a legalização dos casamentos homossexuais - e é com base nisso que tem argumentado.

As sondagens têm revelado que uma confortável maioria dos polacos é a favor da ratificação do Tratado (65%* ) mas, que apenas 32% acreditavam que o presidente o venha ratificar ... até porque sabem bem o incómodo político que isso provocaria ao seu rival e primeiro-ministro, Donald Tusk**, que se tem esforçado por ser “o bom aluno da Europa".
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* os mais favoráveis ao Tratado são os mais jovens e mais cultos. Os mais velhos (mais 60 anos) e menos cultos e os eleitores do PiS são os mais eurocépticos.

**que venceu o gémeo Kaczynski e o seu partido PiS (Justiça e Paz) nas eleições do ano passado e, que as sondagens apontam como o mais bem posicionado para vencer as próximas presidenciais polacas dentro de dois anos.