terça-feira, 29 de julho de 2008

Corrupção e amigos de ocasião


O CM noticia que o “Ministério Público do distrito judicial de Lisboa iniciou 577 novos inquéritos de crimes de corrupção nos primeiros seis meses de 2008, um número superior ao total de denúncias registadas pela Procuradoria-geral da República durante todo o ano de 2007.”

Não haverá dúvidas que “os amigos são para as ocasiões” e que a “ocasião faz o ladrão”, neste caso o corrupto e o corruptor. Em Portugal, as teias que a burocracia tece aliam-se à mentalidade de subserviência dos cidadãos relativamente ao Estado “todo-poderoso” para criar um clima mais favorável “às luvas”, do que ao controle da acção do Estado e seus agentes. As ligações familiares e político-ideológicas, a lentidão do sistema judiciário, e a falta de rigor relativamente ao cumprimento de normas que o próprio Estado estabelece contribui para a opacidade das decisões e, eventualmente, para criar campo favorável à actuação dos “amigos”.

Das autarquias ao futebol, passando pelo fisco e pelo sector bancário as suspeitas são mais que muitas, os resultados concretos dos inquéritos e processos, esses, é que escasseiam. Os dados revelados no início do ano pela Transparência nternacional são significativos: dois terços dos portugueses não acreditam nos esforços governamentais no combate à corrupção, 64% dos inquiridos portugueses acham que os "esforços" do Governo não são "efectivos".

Enquanto isto, nós cá vamos cantando o e rindo, fingindo que não se passa nada:

“O PS garante que "não recebe lições de combate à corrupção" de Cravinho, respondendo assim a declarações deste segundo as quais "a grande corrupção considera-se impune (…) e atinge áreas do funcionamento do Estado".
E o mais certo é que não as receba também de Saldanha Sanches para quem, em entrevista ao CM, "a maioria PS, em relação à corrupção, tem mostrado uma inépcia altamente suspeita". […]
Entretanto, revela o "Público", investidores russos pagaram 50 milhões por terrenos de Faro onde não é permitido construir, mas "esperam contornar esse obstáculo". Obviamente, como cantam os Beatles,"with a litle help from (their) friends".”

Manuel António Pina, in JN

* para a opacidade das decisões contribuiu ainda o timing (tempo de férias muito apreciado para diplomas de maior sensibilidade política e/ ou económica) e a forma quase clandestina como são tomadas as decisões. Veja-se, o dinheiro gasto na publicitação de coisas irrelevantes (moções, aniversários, inaugurações...), em contraste com a economia de recursos sempre que se trata de declarações de impacto ambiental, planos de pormenor ... coisas realmente importantes.

1 comentário:

Anónimo disse...

Quando o Partido Socialista estava na oposição criticava Cavaco Silva por ser arrogante e autista agora que dizem de José Sócrates?

Na minha opinião, não passa de um arrogante e de um grande mentiroso. Vejam se o nariz não cai para o CHÃO.