quinta-feira, 10 de julho de 2008

Mapa do Desespero

“O Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização Mundial do Comércio (OMC) haviam prometido que o aumento do fluxo de mercadorias contribuiria para erradicar a pobreza e a fome. Culturas agrícolas locais? Autonomia alimentar? Eles tinham encontrado soluções mais inteligentes: a agricultura local seria abandonada ou orientada para a exportação. Desse modo, tirar-se-ia o melhor partido, não de condições naturais – mais favoráveis, por exemplo, ao tomate mexicano ou ao ananás filipino – mas de custos de exploração mais baixos nesses dois países do que na Florida ou na Califórnia. […]

Subitamente, o Banco Mundial, preceptor desse modelo de «desenvolvimento», anuncia que vai haver motins da fome em 33 países. E a OMC alarma-se com um regresso ao proteccionismo, notando que vários países exportadores de géneros alimentícios (Índia, Vietname, Egipto, Cazaquistão…) decidiram reduzir as suas vendas ao estrangeiro de modo a garantir – que impudência! – o sustento da sua população. O Norte, de imediato, sentiu-se chocado com o egoísmo dos outros. É porque os chineses comem muita carne que os egípcios têm falta de trigo…

Os Estados que seguiram os «conselhos» do Banco Mundial e do FMI sacrificaram a sua agricultura de produção local. Já não podem, portanto, reservar para si próprios as suas colheitas. Ora! Irão pagar tais géneros, é a lei do mercado. A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) já calculou o disparo da sua factura de importação de cereais: 56 por cento num ano. Logicamente, o Programa Alimentar Mundial (PAM), que alimenta todos os anos 73 milhões de pessoas em 78 países, reclamou 500 milhões de dólares suplementares. […]”

Serge Halimi

1 comentário:

Anónimo disse...

É o neoliberalismo no seu esplendor, depois é isto: nenhuma regulação por parte do ESTADO (culpado por tosos os males) e O FMI e O Banco Mundial peregrinos do livre-comércio não se importam que haja fome, interessa é que os mercados por si só funcionem , depois claro é isto. Não se de
ve cair em exageros, nem um ESTADO castrador que tudo controla (como nos antigos países comunistas), mas também não se entregar a organizações privadas que apenas estão interessadas os lucros e onde as condições de vida das pessoas não tem qualquer valor, para elas o que interessa é que o MERCADO funcione e claro existem protestos um por todo o lado,