Synopsis chronologica de subsidios ainda os mais raros para a historia e estudo critico da legislação portugueza, desde 1143 até 1603. (Acad. real das sci. de Lisboa). desde 1143 até 1603 Por José Anastasio de Figueiredo1
Os ciganos, apesar da sua já longa permanência na Europa, continuam a ser olhados de lado. O seu nomadismo, o seu desapego pela terra era desde logo motivo bastante de desconfiança. Mas, a isso, somava-se uma língua, uma religião/sistema de crenças, hábitos de vida próprios e que apesar de todas as vicissitudes chegaram aos nossos dias.
A sedentarização dos ciganos, em Portugal, nas últimas décadas, permitiu a sua aculturação mas o processo ainda está no início. Habituados que estavam ao nomadismo não é de estranhar o pouco valor da casa (pois esta ainda é de algum modo transitória) e o muito valor dado aos veículos verdadeiros simbolos da sua liberdade e independência.
A sedentarização dos ciganos, em Portugal, nas últimas décadas, permitiu a sua aculturação mas o processo ainda está no início. Habituados que estavam ao nomadismo não é de estranhar o pouco valor da casa (pois esta ainda é de algum modo transitória) e o muito valor dado aos veículos verdadeiros simbolos da sua liberdade e independência.
Tem-se falado muito sobre a comunidade cigana em Portugal devido aos acontecimentos de Loures - cujas imagens foram captadas e entraram nas nossas salas -, o tiroteio e tudo o que se lhe seguiu fazem parte da estratégia de sobrevivência de uma parte significativa desta comunidade, que a um tempo é excluída e se exclui da sociedade, aproveitando os benefícios que esta lhe pode oferecer e invocando a "lei do cigano" para subjugar os mais pobres e fracos de entre os ciganos: supremacia de certas famílias; poder do patriarca; casamento precoce; abandono escolar (especialmente grave nas raparigas) ...
"Rainha dos Ciganos", Norwood
Bem sei, que a fronteira entre a aculturação forçada e a integração é, por vezes, bem ténue. Mas, não penso, que o facto de não se discutir o assunto livremente, sem medo de rótulos, sem obrigação de ser politicamente correcto, ajude a enfrentar o problema, um problema que é das duas comunidades. O que tem sido notável neste quase debate é o medo das palavras. O complexo de culpa da sociedade maioritária e o paternalismo com que se encaram as minorias. O tornear das palavras para evitar dizer que nos bairros sociais os nervos estão muitas vezes à flor da pele. Os bairros sociais são caldeirões onde se despejam pessoas mas, depois não há nenhum trabalho de integração, nem exigência de espécie nenhuma e, enquanto assim for, iremos continuar a falhar a integração desta comunidade simplesmente, porque a auto-censura impedirá de chegar à raíz dos problemas.
Medo das palavras foi o que a senhora juíza de Felgueiras, não teve...
1 Neste diploma de 1538 escreve-se: "[dos Ciganos] não resulta outro proveito se não muytos furtos que fazem: e muytas feytiçaryas que fingem saber: em que o povo reçebe muyta perda e fadiga."
A mais antiga referência literária aos ciganos, em Potugal, aparece num texto de Gil Vicente, A Farsa das Ciganas (1521 ou 1525). Nela Cassandra, a cigana lê a sina: Mustra la mano, señora,/ No hayas ningun recelo./ Bendigata Diuz del cielo,/Tú tienez buena ventura,/ Muy buena ventura tienez.
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