"Quem canta seus males espanta" assim, rezava a sabedoria popular, muito antes do futebol espectáculo ter descido às televisões.
Nada como uma boa jogada de secretaria ou, um campeonato do mundo para fazer esquecer o quotidiano enfadonho e quantas vezes insustentável.
Neste ano da graça de 2010, joga-se o campeonato do mundo, num país lindíssimo que quase parece isento de problemas enfim … uns bairros de lata, miséria q.b., violência, percentagem assustadora de seropositivos e muitas vuvuzelas para atenuar o clamor das multidões.
O futebol, um dos expoentes da indústria do entretenimento capaz de gerar formidáveis receitas, conseguiu ultrapassar as fronteiras geográficas, culturais, de género. Um jogo que une ricos e pobres na euforia ou, no desespero. Um jogo que iça a bandeira do patriotismo mesmo quando ele anda arredado do dia-a-dia. Um jogo que insufla esperança e auto-estima. Um jogo que torna qualquer lesão numa matéria muito mais escaldante e decisiva que a hipótese de uma bancarrota.
A presença de Portugal – que sigo muito de longe – neste mundial afastou das capas dos jornais e das aberturas dos telejornais a palavra “crise”, e outras igualmente incómodas ”. Agora, o que faz notícia são as conferências de imprensa dos jogadores, a porta do hotel ou, os dramas dos pobres jornalistas que foram assaltados naquela sucursal do paraíso.
Por isso, enquanto durar a presença portuguesa no Mundial, o governo estará quase de férias, a oposição sabendo que o palco lhe escapará, deixa as criticas para melhor altura e, assim, sabendo-se que “enquanto o pau, vai e vem, folgam as costas”, a malfadada crise, a subida de impostos, o desemprego e outras preocupações comezinhas ocuparão um humilde lugar nas preocupações dos portugueses (e doutros povos por esse mundo fora) …pode mesmo acontecer que fiquemos fritos ou assados, mas isso, depois se verá.... che sera sera...