segunda-feira, 30 de junho de 2008

Contemplações



Uma espécie de graffiti, uma representação efémera que se integra na paisagem, nas paredes das cidades, uma memória que salta viva dos velhos muros como se a memória do passado abrisse brechas e se deixasse contemplar de novo. Um confronto em tempo real entre o passado e o presente. Uma proposta de arte interessante exposta nas ruas da cidade de Nápoles (anos 90)... serigrafias e lápis de carvão encheram de memórias as paredes.

Por uma imagem se ganha, por ... (4)


O "refazer" da história é prática comum pelo menos desde os antigos faraós. A fotografia, apenas trouxe novas formas a uma "arte" mais antiga, ainda antes do "photoshop"...
Nesta foto de 1971, o chanceler da Alemanha Federal Willy Brandt encontra-se com Leónidas Brezhnev. A atmosfera é amigável. Há tabaco e bebidas em cima da mesa. Diz-se até que estavam bem bebidos... Os media alemães publicaram a foto que mostra as garrafas de champagne. Mas, a imprensa soviética removeu as garrafas da foto original evitando assim o incómodo desta prova de "aquecimento" das relações bilaterais numa altura em que o muro de Berlim ainda separava o ocidente do leste.
Outros exemplos.

O cachimbo de Kirkilas

Este senhor é o Primeiro-Ministro lituano, Gediminas Kirkilas. Também ele se esqueceu da lei do tabaco e foi apanhado a fumar ... cachimbo, num bar da cidade portuária de Klaipéda.

Pediu desculpa (não consta que tenha renunciado ao cachimbo, publicamente) e, pagou a multa de 62€, porque a lei quando nasce é para todos .

ver, Times

domingo, 29 de junho de 2008

O estado da Educação

:Neste país à beira mar plantado há de facto coisas de pasmar.
Ouvi agora senhores, esta história de espantar: curso de Tratador/a / Desbastador/a de Equinos, equivalência ao 9.º ano de escolaridade!
... e não, não é uma piada.

Retratos da China...

[Foto de 2005 - carregadores puxam barco nas margens rochosas de um rio - as roupas são demasiado preciosas para poderem correr o risco de as estragarem...]

Liu Heung, fotógrafo, vencedor do prémio Pullitzer editou recentemente o álbum de 88 fotografias "China, Portrait of a Country", onde vários fotógrafos exibem uma incómoda imagem da China [ver artigo do Der SPIEGEL e selecção de 14 fotos].

Verdes paisagens

Num dia de canícula, uma paisagem em verdes tons...
:

sábado, 28 de junho de 2008

Valha-nos Deus!...

:

"A nossa aposta agora é na qualidade do espaço escolar, requalificando-o. Queremos atrair para a escola portuguesa o melhor que temos na engenharia e na arquitectura", disse José Sócrates… Lusa [27/Junho 2008]

Unidos para Mudar...

:Hillary Obama
...ou, para quê escolher?

Mar - energia inesgotável

Sistemas Aquaboy, AWS Ocean Energy (em cima) Pelamis e Oyster (em baixo)

O mar poderá transformar-se numa promissora fonte de energia alternativa para Portugal. Uma costa Atlântica extensa, ondulação permanente … os técnicos estimam que 30% do consumo doméstico de energia, em Portugal, poderia ser assegurado pelas ondas, em 2050. Esta é uma forma de energia não poluente e barata – os custos actuais são metade dos da energia eólica e um quarto da solar.

Na Póvoa do Varzim (Aguçadora) foram já instalados aparelhos destes que, quando o projecto estiver concluído, terão capacidade para fornecer energia a 15 000 lares.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Laços de sangue (2)

:

Nenhum governo tem o direito de se esconder por detrás da soberania nacional para violar os direitos humanos ou as liberdades fundamentais do seu povo.” Kofi Annan, secretário geral da ONU anunciava assim, uma nova ordem mundial.

Esta foi a doutrina que esteve na base das intervenções no Kosovo e em Timor, contudo, de então para cá, talvez por influência das intervenções no Afeganistão e Iraque, alguma coisa mudou: o Darfur, a Birmânia e o Zimbabué são o reflexo dessa mudança.

Na semana passada, o caso do Zimbabué foi discutido no Conselho de Segurança da ONU em … “outros assuntos” e, apenas, porque a Inglaterra insistiu. Apesar de todos os sinais: vitória tangencial (ou maioritária) do MDC nas eleições de Março, violência generalizada, clima de intimidação a ONU não reconhecia a existência de um problema político, por isso, limita-se à crise humanitária.

Mugabe dispõe de aliados de peso: Rússia e China, são intrasigentes defensores do principio da soberania nacional ou, não tivessem eles próprios problemas de fragmentação e, vetarão as resoluções mais musculadas. A África do Sul, cujos dirigentes têm uma dívida de gratidão pelos anos que passaram no exílio de Harare, insiste na fórmula do governo de unidade nacional e que não quer agir à semelhança do que já aconteceu, no passado, na Libéria, assumindo o papel que lhe compete: mostrar o caminho de saída a Mugabe evitando um banho de sangue semelhante ao que aconteceu recentamente no Quénia ou, pior ainda, no Burundi… e que não seria, sequer novidade na carreira política de Mugabe se nos lembrarmos dos 20000 mortos em Matabeleland.

A desistência de Morgan Tsangirai poderá constituir para a comunidade internacional mais uma oportunidade para mostrar o seu empenho na “Nova Ordem Internacional”. Começam a surgir, finalmente, sinais do desconforto internacional, isto depois de terem chegado às “boas mãos” da Zanu-PF as toneladas de AK-47 provenientes da China, depois dos milhares de desalojados, das centenas de desaparecidos após os raids dos “antigos combatentes” e dezenas de mortos (oficialmente) depois… agora, fala-se já (finalmente) da impossiblidade de eleições livres e justas diria que a comunidade internacional tem andado… desatenta.

Assine a petição on-line SAVE ZIMBABWE FROM MUGABE.

Mapas estranhos (4)

Uma Europa poliglota

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Diferenças

Fidel e Mugabe - 25 Setembro 2005

Yoani Sanchéz é uma bloguista cubana de sucesso. Recentemente ganhou o prémio Ortega Y Gasset mas, foi impedida de se deslocar a Espanha para o receber… entretanto, disse publicamente: “Nunca fui da Juventude Comunista, nunca quis militar no Partido Comunista, fui pioneira porque todos até aos 16 anos tínhamos de sê-lo…”. Ora, estas declarações desabridas provocaram uma reacção de Fidel Castro, que no prólogo de um livro saído na semana passada considerou graves estas declarações e o facto de alguns jovens cubanos pensarem assim e, de a imprensa estrangeira premiar quem pensa desta forma…

A polémica teve uma resposta interessante: Reinaldo Escobar, marido de Yoani, escreveu no seu blog: que "a responsabilidade que implica receber um prémio, nunca será comparável à de atribuí-lo".(...) "Yoani, pelo menos, nunca colocou ao peito de nenhum corrupto, traidor, ditador ou assassino alguma condecoração" e, acrescenta Escobar, “o nome de Ortega y Gasset "pode relacionar-se com ideias elitistas e até reaccionárias(...) a diferença entre ele e os condecorados pelo prologuista* [Fidel Castro] é que nunca lançou tanques contra os seus vizinhos, (…) nem encarcerou nenhum dos que pensavam duma maneira diferente, (…) nem arrecadou fortunas com a miséria do seu povo, nem construiu campos de extermínio, nem deu ordem para disparar contra quem quisessse saltar o muro.”

*Fidel atribuiu a ordem José Martí a Erich Honecker Gustav Husak, Mengistu Haile, Nicolae Ceausescu, Robert Mugabe …

domingo, 22 de junho de 2008

A Hora de Manuela

“…o discurso de Ferreira Leite estava orientado para uma ideia: o Governo está esgotado e é tempo de o PSD aparecer como verdadeira alternativa. E sem alianças com o PS: "Vamos apresentar listas próprias às eleições, salvo as excepções nas autárquicas", explicou Ferreira Leite. E logo acrescentou: "Temos de apresentar as melhores propostas". In Expresso

O país espera que o PSD se deixe de autofagias suicidas e que se eleve, agora, à altura da missão que é a sua, enquanto líder da oposição, apresentando “melhores propostas”, criticando com justeza e sabedoria, elogiando se e quando for caso disso. O país, espera que o PSD olhe para ele e, o veja.

O discurso de Ferreira Leite, sem as grandiloquências de outros oradores pode ser um sinal de que é tempo de passar das palavras aos actos. E nesse sentido, o discurso de Ferreira Leite pode é um sinal de esperança renovada.

Chegou o Verão...

Ontem, em Stonehange, curiosos, hippies, druidas, ao todo cerca de 30 000 pessoas desafiaram a chuva, para verem o nascer do sol que marca o iníco do solstício de Verão (4h58m) .

Stonehenge

Stonehange é apenas um dos muitos cromeleques existentes na Europa mas, é sem dúvida o mais conhecido, estudado e movimentado. Apesar disso, o nosso desconhecimento relativamente a estes locais é grande. Calendários, santuários, cemitérios ou lugares de incineração…o mistério está para durar.

Cromeleque de Almendres (Évora)

Na Península Ibérica estão referenciados muitos cromeleques (circulos de pedras verticais) erguidos durante o final Idade do Bronze e na Idade do Ferro. Em Portugal, o mais conhecido é o de Almendres mas existem muitos outros na Península Ibérica e em França.

Sobre os cromeleques existentes na Península Ibérica, ver aqui.

sábado, 21 de junho de 2008

Imagens

Cristiano Ronaldo
Evgeny Parfenov

Coisas de pasmar....

:

...ou, talvez não:

“Com a heterodoxa e original concepção que foi perfilhada no Município do Seixal foram excluídas duas propostas [referentes a instalações de serviços no Edifício Alentejo] substancialmente mais baratas (cerca de 130.000 euros num caso, e de 80.000 euros no noutro) as quais, ainda por cima, se propunham realizar a obra em tempo mais curto…

A errónea concepção perfilhada no presente concurso introduziu no presente procedimento factores de profunda perturbação da concorrência de que pode ter resultado sério agravamento do resultado financeiro do contrato.”

Ler acórdão do Tribunal de Contas.

Mapas estranhos (3)

O mapa reflecte o top dos 245 domínios mais usados e o número de utilizadores.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Arquitectura esdrúxula (8)

Em boa verdade, tenho dúvidas se isto é arquitectura mas ... por coerência.
Esta bizarrice é um restaurante-caixão (Ucrânia, Lvov) decorado, de acordo, com o espírito fúnebre como se pode ver aqui, aqui, e aqui...

O Monstro...


"Quando se vai tapando o grande défice do Estado (o famoso "monstro" ), descobrem-se os inúmeros pequenos défices de autarquias. Setenta e um dos 308 municípios estão ameaçados de ruptura financeira. As receitas que geram não chegam para pagar (muito menos, a tempo e horas) todas as contas aos seus fornecedores. Analisando os dados publicados no Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses, referente a 2006, verifica-se que a situação se agravou face ao ano anterior e descobrem-se ineficiências de fundo, que agravam as contas do poder local.

A mais importante centra-se na rubrica das despesas com pessoal. Em média, ela pesa 34% do total, acima do valor equivalente no Estado Central (30%), mas há autarquias nas quais esse valor sobe acima dos 50% para atingir um máximo de 64%. Por mais voltas que se dê à Lei de Finanças Locais e às suas consequências assimétricas em pequenos e grandes municípios, sem receitas próprias de monta ou com elas, a estrutura de custos das autarquias portuguesas não tem sido objecto da reestruturação necessária.

Tal como o aparelho central do Estado, a hora é de racionalizar serviços, aumentar a eficiência dos mesmos, eliminar subempregos mais ou menos ocultos. O Governo (bem ou mal, ver-se-á proximamente) submeteu o Estado ao espartilho do PRACE. No poder autárquico não sucedeu nada de semelhante. Pelo que é de esperar que o retrato financeiro de 2007 seja ainda mais carregado que o de 2006.

Para inverter esta situação, esperam-se 308 soluções. Que bem mereciam ser objecto de ampla discussão entre os eleitores dos órgãos de poder local no próximo ano."
Editorial do DN, 19 de Junho

Entretanto a câmara do Seixal acaba de contrair mais um empréstimo de
... 10 000 000€...

...e já agora, a talhe de foice, alguém leu este acórdão do Tribunal de Contas?


Arquitectura esdrúxula (7)

:A "casa-cesto", localiza-se em Newark (Ohio). Trata-se de um edifício de escritórios, a sede do The Longaberger Basket Company.

Saber mais

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Rio de Janeiro

Rio de Janeiro - Litografia de Jean Baptiste Debret.


'Voyage Pittoresque et historique au Brésil, ou Séjour d'un artiste français au Brésil, depuis 1816 jusqu'en 1831 inclusivement, epoques de l'avènement et de l'abdication de S. M. D. Pedro 1er, fondateur de l'Empire brésilien. Dédié à l'Académie des Beaux-Arts de l'Institut de France. (publicado em 1834-39)


quarta-feira, 18 de junho de 2008

Humor ortodoxo, mas pouco... (1)

Aqui ficam duas rábulas publicitárias que passam na TV de Israel. Juro que não percebo patavina mas não é preciso.

e



terça-feira, 17 de junho de 2008

Africanização da Península Ibérica

:A água sem a qual não existiria vida, sem a qual não existirá vida. Recurso cada vez mais escasso, cada vez mais precioso. Sustentabilidade e inovação são duas palavras chave para a preservação deste recurso numa das regiões mais ameaçadas pelo fenómeno do aquecimento global: a Península Ibérica.

Em Espanha os campos luxuriantes, e os campos de golfe são enganadores. Não existe abundância de água, antes pelo contrário.

No sul de Espanha, a crise da água foi acelerada pelos agricultores. Culturas como os legumes precisam de muita água. A água é claramente insuficiente. Os poços (na sua maioria ilegais) secaram. A água vende-se agora no mercado negro e importa-se de França. A água que se tornou ainda mais rara, à medida, que também a norte se fazem sentir os efeitos da seca.

A falta de água levou mesmo à prisão de responsáveis que permitiram a construção de edifícios em locais onde não havia água

As guerras do passado eram sobre a terra, as do presente sobre o petróleo as do futuro travar-se-ão pela água (de facto, isso já acontece).

Pesca, pescado e combustíveis


Deverão os governos europeus ignorar os protestos dos pescadores para salvar a pesca?


"Herring fishermen in Canada may use only 30 litres of fuel to catch a tonne of fish, because they can throw their nets nearer to home (a practice so cheap that herring is used as lobster bait). European herring fishermen burn 100 litres a tonne, even when using the same (highly fuel-efficient) technique of throwing a purse seine net round a school of fish. Fishing methods matter, too. It takes lots of fuel to pull a heavy net behind a trawler, or tow long lines with hooks for prey like tuna: figures of 3,000 litres of fuel per tonne of fish are common."
The Economist




Imagens

Coisas de pasmar!!

Hugo Chavez foi à televisão para anunciar que a guerrilha está fora de moda na América Latina. “A guerrilha é história. Chega de guerra. Chegou o tempo de sentar e falar sobr a paz,” afirmou. Mais, Chavez tem apelado às FARC para que libertem sem contrapartidas Ingrid Betancourt e outros 40 reféns políticos … que terá tudo isto a ver com computadores apreendidos na selva com documentos comprometedores? … Ou como dizem alguns analistas com as divisões internas da guerrilha? Ou ainda, com o facto de as FARC estarem a perder a guerra?

Ver arquivo Colômbia.

Lisboa, capital do azulejo

Estes são apenas alguns dos padrões de azulejo que podem ser encontrados nas fachadas dos prédios de Lisboa ... e arredores (ver todos os padrões), muitas destas fachadas encontram-se danificadas ou em risco de desaparecerem por isso, esta forma de os ressuscitar digitalmente me parece tão interessante.
O revestimento a azulejo, além de económico, apresentava a vantagem de ser impermeável e de permitir o isolamento térmico ao reflectir o calor.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Tratado de Lisboa, o mal amado?


Depois de 6 anos a redigir um texto. Negociações infindáveis, requerimentos, alterações, revisões e, traduções a União Europeia parecia ter finalmente atingido o seu objectivo: alcançar alguma coisa parecida com uma constituição, o Tratado de Lisboa. Na sequência deste tratado poder-se-ia, até, atingir uma política externa comum, a Europa a uma só voz… algo equivalente a um ministro dos negócios estrangeiros mas …isso não aconteceu.

Primeiro, foi o susto polaco com o presidente Kaczynski a expressar as suas dúvidas e a obrigar o recém-eleito Donald Tusk a um esforço negocial de última hora para impedir o veto presidencial. Agora, foram os 860 000 votos dos irlandeses que bloguearam todo o processo.

Qualquer que seja o desfecho o Tratado de Lisboa não entrará em vigor na data aprazada. A hipótese de realizar um segundo referendo na Irlanda parece arriscada até porque poderia arrastar a novas alterações impostas por britânicos e polacos (por exemplo) num nunca acabar de negociações.

Este bloqueio poderá ser o fim do sonho de uma Europa Unida tal como tem vindo a ser concebida. Este pode ser o momento em que a União Europeia regressa a uma simples aliança económica, uma aliança a várias velocidades com a França e a Alemanha como dinamizadores do processo.

O que eles dizem sobre o Não Irlandês

Why am I so confident that the Lisbon treaty is going to be implemented? Because, contrary to widespread protestations, Europe’s leaders actually have a plan B. It is not a pretty plan. Just listen to what senior French and German politicians had to say over the weekend. Frank-Walter Steinmeier, the German foreign minister, suggested on Saturday that one way to implement the treaty was for Ireland to withdraw temporarily from the process of European integration. This is a fairly exotic comment for an otherwise non-exotic minister. I had no idea that that you could temporarily withdraw from the EU and rejoin it later, as though you were buying a forward contract with an option attached. What he is saying in effect is that Ireland should quit the EU.

Wolfgang Münchau, Finantial Times

If I am an elected politician in Ireland, our highly sensitive electoral system means that I am a slave to middle-ground opinion, especially floating voters. As most middle-ground floating voters are also Yes voters, that leaves me with a simple choice: side with the Yes vote and anchor my voting base in the centre, or side with the Nos. The trouble with the latter strategy is that No voters come from either side of the ideological spectrum. […]

Even if the No vote becomes almost as large as the Yes vote, this is a losing strategy -- because on issues other than Lisbon (taxation, the US arms industry) my No voters are diametrically opposed to each other and I can't unite them in support for me.

Hence, my only option is to side with the Yes voters and appeal to either the left or right by reaching out from the centre to the edge (but not too far).”

Marc Coleman, Sunday Independent

The idea is not clinically dead yet, of course, although it soon will be. It was misconceived from the start. In fact, it began as the dying gasp of an even older idea, that of a federal Europe, which was the treasured project of the bureaucratic elite that created the European Community for the best of reasons after the Second World War. For that elite, the enlargement of the EU, which expanded from 15 members to 25 four years ago, was an excuse to finish their historic task. For the rest of us, this expansion was proof that a new constitution was unnecessary.[…]

The top reason given for voting "No" in Ireland, by 30 per cent in an Irish Times poll, was: "I don't know what I'm voting for/I don't understand it." Some of the reporting of the referendum hinted that this reflects badly on the Irish. On the contrary, it is entirely rational. If the advocates of the Lisbon Treaty have been unable to explain its benefits – if they have been unable to make a simple case for it to one of the most pro-European electorates in the Union – it did not deserve to pass."

John Rentoul, The Independent

"The Lisbon treaty project ended with the Irish voters' decision and its ratification cannot continue…"
[....a] "victory of freedom and reason over artificial elitist projects and European bureaucracy"[…]"

"Toda a Europa deveria agradecer à Irlanda a derrota de um processo que possibilitaria uma maior unificação e a supressão das nações-estado, a "Europa das regiões", dando azo a uma unificação a partir de cima como é o espírito do Tratado de Lisboa..." (tradução livre)

Vaclav Klaus, Presidente Checo

Lisboa...


... pela objectiva de Scott Hansen [todas as fotos aqui].

domingo, 15 de junho de 2008

Kitsch e "indisciplina social"

… sobre a estética totalitária, e o kitsch que dela emana destaco esta notícia do periódico Granma (de Cuba) segundo a qual a polícia local desenvolveu uma ofensiva contra os “buzos” (pessoas que remexem os caixotes de lixo em busca de materiais recicláveis e comida). Razão? Dão uma má imagem da cidade, corre-se o risco de serem capturados inavertidamente na objectiva de um turista e de estragarem a fotografia de uma sociedade entre o “bom e o melhor” do imaginário socialista. Eles são a prova de que alguns, apesar de tudo, preferem as paupérrimas condições da cidade e o estatuto de “ilegais” a um salário simbólico no campo daí a preocupação em retirá-los da capital ocultando-os e promovendo uma “batalha contra a indisciplina social”.

[ver contexto original]

e ainda...artigo da Spectator: Cuba is no place for a socialist like me

A loucura de Sintra

Le Figaro dedica o seu suplemento sobre viagens a Sintra e arredores descrevendo-a assim:

"Primeira paisagem cultural europeia classificada como património mundial da humanidade, Sintra – a dois passos de Lisboa – é um romance à glória de Portugal, onde a ilusão é uma realidade..."(ver todas as fotos).

De humilde pastel a rainha das tartes...



Ia recomendar a leitura do relatório do Tribunal de Contas sobre os desvios orçamentais do Metro de Lisboa mas, "folheando" o Guardian, vi Suas Majestades, os pasteis de nata (a que eles chamam "Queen of tartes") e, gulosamente, não resisti ...

Receita, aqui.

sábado, 14 de junho de 2008

Chopin



Porque hoje é sábado … Maurizio Pollini toca Nocturne nº8 opus 27 n .º2.

Seixal kitsch


“…onde um partido único detém todo o poder, não há escapatória possível ao império do kitsch totalitário.

Se digo totalitário, é porque tudo quanto pode fazer perigar o kitsch é banido da vida: não só toda e qualquer manifestação de individualismo (a mais pequena discordância é um escarro cuspido em plena cara da risonha fraternidade), toda e qualquer manifestação de cepticismo (quem começa por pôr um pequeno detalhe em dúvida, acaba por pôr em dúvida a própria vida), toda e qualquer manifestação de ironia (porque no reino do kitsch é tudo para levar a sério) […] constitui uma ameaça[…].”

Milan Kundera, A Insustentável Leveza do Ser

A imagem que o Boletim Municipal nos dá do concelho em que vivemos é a de um lugar onde a contradição fundamental está entre o bom e o melhor. Todos os problemas existentes ou pendentes, advêm do exterior nomeadamente, do “poder central”. Nesta estética, não há lugar para a contradição. Quem poderia opor-se a um poder que já está entre o bom e o melhor e que se encaminha, presumivelmente, para o óptimo??

Só espíritos delirantes, loucos ou malévolos. Por esta razão, nos países do socialismo real estas" almas perdidas" são enviadas para o hospital psiquiátrico ou, para algum gulag. Por esta razão, neste concelho (onde existe até uma “freguesia florida”, existirá algo de mais kitsch?) os que questionam as opções da edilidade ou, os que a censuram são tolerados com dificuldade. Vários episódios recentes comprovam precisamente esta dificuldade em conviver com o contraditório. Os comentários deixados no a-sul pelos acérrimos defensores dos padrões do kitsch local, os acontecimentos lamentáveis da assembleia municipal e da reunião de câmara… e agora isto: aquando da visita do executivo camarário à Feira [da Terra], este viu foi com desagrado o abaixo-assinado exposto [para que não se licencie um estabelecimento para a engorda artificial de peixes que uma empresa privada pretende instalar no Sapal de Corroios, e para que seja preservada esta zona húmida que é a mais bem conservada de todo o estuário do Tejo, a sul de Alcochete, abrangida pela legislação da Reserva Ecológica Nacional], razão pela qual a organização daquele evento retirou abusivamente aquele documento do stand do Grupo Flamingo.”

…mas não haverá mesmo escapatória ao totalitarismo deste kitsch?

Outros posts sobre a estética totalitária no Seixal: aqui, aqui e aqui.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Combustíveis: o mapa dos protestos


View Larger Map

Um pouco por todo o mundo os preços dos combustíveis têm inflamado os ânimos. Este é o mapa dos protestos registados nas últimas três semanas.
Em Portugal, três dias de paralização no sector dos transportes levou ao pânico ... enquanto isso, o governo parece algo letárgico. Ou, será impressão minha?

Profeta de um mundo sem memória

“O tempo do romance de Kafka é o tempo de uma humanidade que perdeu a continuidade com a humanidade, de uma humanidade que já não sabe nada e que já não se lembra de nada e habita as cidades que não têm nome e cujas ruas são ruas sem nome ou então têm um nome diferente daquele que tinham ontem, porque o nome é uma continuidade com o passado e as pessoas que não têm passado são pessoas sem nome.”

Kundera, Milan
O Livro do Riso e do Esquecimento

terça-feira, 10 de junho de 2008

Votar ou comer, eis a questão.

As agências internacionais de auxílio humanitário foram obrigadas a deixar o Zimbabué deixando os milhões de pessoas numa situação de desespero. A partir de agora, o governo tem o monopólio da distribuição de comida (a três semanas das eleições).

A alimentação está a ser utilizada por Robert Mugabe como arma política. Os membros do principal partido opositor ao regime de Mugabe só poderão receber auxílio alimentar se entregarem os seus cartões de eleitor! Assim, numa manobra do mais absoluto desespero Mugabe espera poder inverter o resultado das eleições de Março e manter-se no poder.

Ignóbil e abjecta esta forma de fazer política não é uma invenção do senhor Mugabe, ela tem sido repetidamente utilizada na Birmânia (onde as vítimas do ciclone trabalham, agora, em troca de alimentos), no Darfur, na Etiópia e também, na Ucrânia (Grande Fome de 1932-33), nos Estados Unidos, na Austrália (contra os índios americanos e os aborígenes respectivamente, em finais do séc. XIX).

Comparações...






A diferença entre Espanha e Portugal está bem à vista!

O impacto da greve dos camionistas é grande de ambos os lados da fronteira. Este é sem dúvida o tema forte da actualidade e, no entanto… em Espanha, faz as capas dos jornais. Em Portugal, não passa de uma notícia de segunda linha.

Divórcio entre os leitores e os jornais? Ou, um bom trabalho de assessores empenhados em suavizar a realidade e facilitar a vida do governo Sócrates?... O Diário de Notícias, foi mesmo ao ponto de anunciar uma suspensão de bloqueio que não existiu.

As dependências da comunicação social face ao poder instalado não cessam de surpreender desagradavelmente.

______________

Reparem, também, no não-destaque dado ao futebol nestas primeiras páginas dos nossos "hermanos".

Ver, PPTO

...o mundo é composto de mudança...

A Leiteira e o Pescador



Autoridades municipais - traje de gala e de luto


Mulheres típicas de Portugal

Picturesque review of the costume of the portuguese, [1836?],
Biblioteca Nacional Digital

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Mudam-se os tempos...


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.


O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E enfim converte em choro o doce canto.


E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Luís de Camões

domingo, 8 de junho de 2008

Combustíveis: de Salazar a Sócrates....

Bomba da Sacor (antecessora da GALP) no Laranjeiro

"[...]É assim que [em 1937] entre a crise internacional e a instabilidade no país, Salazar redige e faz aprovar a sua Lei do Petróleo. Era uma norma simples feita para um mundo a preto e branco. Dizia que Estado tinha total autonomia na "importação, armazenamento e tratamento industrial dos petróleos brutos, seus derivados e resíduos" e pouco mais. […]

Setenta anos passados, no mesmo local onde a Lei do Petróleo foi redigida, o Conselho de Ministros de José Sócrates aprova um Decreto-Lei que revoga a elaboração jurídica da ditadura. Já não era sem tempo. A adesão à comunidade económica e o mercado petrolífero não se compadeciam com as visões do mundo de um contabilista honesto que nunca tinha conduzido um automóvel e que ainda não se tinha atrevido ao seu histórico e único voo em aeroplano entre o Porto e Lisboa.

A legislação do fim do monopólio dos petróleos nunca foi aplicada porque o mesmo governo que a redigiu não a regulamentou. Dois anos passados, os combustíveis em Portugal continuam a ser geridos como se o mercado ainda fosse dominado por Calouste Gulbenkian […]

É um mistério o porquê do atraso em pôr fim ao monopólio da Galp. O Governo alega que se aguarda pelo relatório da Autoridade da Concorrência. O relatório foi pedido há um mês. A lei está inerte há dois anos e meio. Pelo caminho ficou a tentativa de Patrick Monteiro de Barros de construir uma refinaria fora do controlo da Galp que Manuel Pinho apoiou para depois, surpreendentemente, recuar para a barricada legislativa construída por Salazar. Quanto é que a Galp e os seus parceiros lucraram com esta moratória? Olhe-se para a diferença do preço dos combustíveis entre Portugal e a Espanha e façam-se as contas."

Mário Crespo, in JN