A "revolução das tulipas", iniciada em 2005, chegou ao fim de forma tumultosa. Estas são apenas algumas das imagens da destruição da cidade de Bichkek. Mais de 400 feridos e dezenas de mortos são o saldo de um dia de revolta e pilhagens. O presidente tem sido acusado de autoritarismo, fraude eleitoral. nepotismo mas ... por detrás destes acontecimentos poderá estar a sombra do grande irmão:
No ano passado, o presidente Kurbambek Bakíev recusou-se a encerrar a base militar dos EUA de Manás - base que é crucial para o esforço de guerra na Afeganistão;
No mês passado, membros da oposição e a actual presidente interina reuniram-se com membros do partido Rússia Unida (partido de V. Putin);
Putin foi o primeiro a reconhecer o novo governo;
A Rússia reforçou a presença militar numa base que mantém no Quirguistão;
A nova direcção política do país já pediu auxílio económico à Rússia ao mesmo tempo que considerou provável o fim do aluguer da base de Manás aos EUA.
De facto, tudo muito suspeito. Uma história a seguir nos próximos meses...
Na cimeira do G-20 foram muitos os sorrisos, os cumprimentos e até os acenos. Ora, o acenar de mãos de Obama, após o cumprimento da praxe a Medvedev, presidente da Rússia, deixou o caminho aberto para a controvérsia na blogosfera russa. Aparentemente as linhas da mão de Obama desenham uma palavra de três letras, considerada uma obscenidade ...
A imagem de Obama vende. Na Rússia, na Alemanha, nos EUA... E no entanto, os produtos anunciados sob o signo Obama lançam frequentemente a discussão o racismo a eles inerente. É o caso dos gelados que na Rússia foram lançados com o slogan "Em todas as bocas: preto por fora, branco por dentro" ou, destes "dedinhos de Obama" à venda na Alemanha. Nos EUA, para além das T-shirts, bonés e outros acessórios até, a marca de mobiliário IKEA, aproveitou a imagem ganhadora do presidente.
E agora a sério: «Obama terá convidado Hillary para tomar conta da diplomacia americana uma semana após as eleições. A antiga primeira-dama terá manifestado o seu interesse no cargo mas também alguma apreensão: o seu papel de senadora garante-lhe um palco político próprio, e permite-lhe alimentar a aspiração de voltar a tentar uma candidatura à presidência. O antigo Presidente Bill Clinton terá sido instrumental na decisão de Hillary. As fontes próximas de Obama e que falaram aos jornais sob anonimato dizem que o futuro Presidente lhe deu carta branca para constituir a sua própria equipa e lhe garantiu um canal directo para o seu gabinete na Casa Branca.» in, Público.
Do mesmo modo que Artur se reunia no seu Camelot com os seus cavaleiros para prosseguir a demanda do Santo Graal, também os líderes do G20 se reuniram, ontem, com G. W. Bush em Washington para discutirem a forma de relançar as debilitadas economias. Não, ninguém disse que não era possível encontrar o precioso “Graal dos nossos tempos” materialistas simplesmente, esta crise do sistema parece mostrar que chegou a hora de mudar, de se adaptar e foi isso que os 20 líderes do G20, representando 85% da produção mundial começaram a discutir.
Os EUA, debilitados pelo clima de recessão e, em plena mudança de administração puderam, apenas, jogar para o empate e, adiar outras resoluções, lá para a Primavera, quando a nova adminstração já dominar os dossiers. No entretanto, a China e a Índia podem vir a assumir um papel mais importante, nomeadamente através de um incrementodo financiamento do FMI (… isto e as suas economias se revelarem resistentes à presente crise).
Durante o encontro o Presidente chinês apelou para que a nova ordem financeira internacional seja mais justa, inclusiva e regulada” e, Manmohan Singh, o primeiro-ministro indiano, fez notar que o Grupo dos Sete já “não corresponde às exigências da situação actual”. “Nós precisamos que qualquer nova arquitectura seja realmente multilateral e assegure uma representação adequada dos países que reflicta as suas realidades económicas”, acrescentou ele.
E nesta conjuntura, apesar das vendas do “Das Kapital” terem disparado na Alemanha (2 milhões de exemplares últimos meses) a morte do capitalismo foi sem dúvida muito exagerada, poderá vir aí uma nova versão, que não será necessariamente melhor que a anterior.
A Guerra do Iraque terminou!! Condolezza Rice esclarece que não havia armas de destruição maciça no Iraque. Americanos vão ter um seguro universal de saúde… Estas são algumas das notícias bombásticas publicadas pelo New York Times falsificado pelos The Yes Men um grupo de humoristas satíricos cujo trabalho pode ser visto aqui. Explorando a transição entre a administração Bush e as grandes esperanças levantadas pela vitória de Obama, o grupo produziu uma imitação perfeita do prestigiado diário (veja o legitimo New York Times e compare) que foi distribuída no Metro a mais de um milhão de nova-iorquinos e foi também distribuído em Los Angeles, San Francisco, Chicago, Filadelfia e Washington... o editor do legítimo NYT reagiu desta forma ...
"O Presidente eleito dos Estados Unidos, Brack Obama, confirmou ontem à noite (madrugada em Lisboa) a sua vontade de fechar o centro de detenção da Baía de Guantanamo..."
Impossível retomar o papel de “blogista” sem falar das eleições americanas. Confesso que as encarei com desprendimento sem demonizar demasiado os Republicanos e, sem me deixar cativar pelos Democratas Hillary ou Obama até que, surgiu em palco, o grande erro de John MacCain: Sarah Palín. Não seria a primeira vez que um vice-presidente era escolhido pelas suas qualidades fotogénicas mas, no caso de Palín era, particularmente, preocupante. Por isso, no final como muitos outros europeus vi-me a torcer, intimamente, por Obama.
Dito isto, é preciso acrescentar que Obama representa um potencial de esperança. Representa uma vitória da democracia, isto é, uma mudança que se concretiza através do voto dos eleitores. Para que esta mudança fosse possível foi preciso acreditar nela mas, foi sobretudo possível porque muitos americanos decidiram, pela primeira vez, participar votando. Assim, graças a um eleitorado que andava tradicionalmente alheado da política americana a vitória de Obama tornou-se possível.
As expectativas relativamente ao que ele poderá fazer estão amplamente inflacionadas, dificilmente ele poderá corresponder positivamente ao imenso manancial de esperança que soube gerar à sua volta. Gerir as expectativas e ganhar credibilidade serão, sem dúvida, os seus maiores desafios. Aliás, na actual conjuntura todos os desafios são grandes: repensar e reconstruir o sistema financeiroevitando que a recessão se instale indefinidamente; repensar a forma como a luta contra o terrorismo está ser feita; melhorar o relacionamento com a Europa, isto deixando de fora as políticas internas no âmbito da saúde, dos impostos…
A vitória de Obama, diz-nos, que em democracia é possível ganhar mesmo quando todas as probabilidades apontam noutro sentido. Quantos imaginariam que o senador Obama iria suplantar o casal Clinton nesta corrida? E desses quem pensaria que estavam criadas para que fosse ele o próximo inquilino da Casa Branca? Antes de conquistar a América ele conquistou o partido Democrático e tornou possível o sonho de muitos americanos.
É esta ideia de “com o voto de todos é possível mudar” que foi aproveitada, e bem, pelo PSD do Seixal. A mudança, tem sido para muitos, neste concelho, um sonho adiado pelo elevado número de abstencionistas. A primeira coisa a fazer neste concelho é pôr as pessoas a acreditar e, lembrar que em democracia é o voto de todos que é decisivo. Aqueles que ficam em casa não contam. Por isso, é obrigação de todos participar pois, só a participação do maior número de cidadãos permite à democracia mostrar a sua virtude suprema: a possibilidade de conquistar o poder através do voto dos eleitores.
Ao contrário, do que sucede nestas lusas paragens, os jornais americanos têm o hábito de dizer claramente, aos seus leitores quais são as suas opções políticas. O editorial, de hoje, do New York Times é, apenas, um exemplo dessa transparência saudável:
"Hyperbole is the currency of presidential campaigns, but this year the nation’s future truly hangs in the balance.
The United States is battered and drifting after eight years of President Bush’s failed leadership. He is saddling his successor with two wars, a scarred global image and a government systematically stripped of its ability to protect and help its citizens — whether they are fleeing a hurricane’s floodwaters, searching for affordable health care or struggling to hold on to their homes, jobs, savings and pensions in the midst of a financial crisis that was foretold and preventable.
As tough as the times are, the selection of a new president is easy. After nearly two years of a grueling and ugly campaign, Senator Barack Obama of Illinois has proved that he is the right choice to be the 44th president of the United States." in, New York Times (texto integral)
O Le Figaro contailiza um total de 134 jornais diários a apoiar Obama, contra apenas 52 apoiantes de McCain. Outro dado curioso é que desde o início da crise financeira as referências positivas a McCain caíram para apenas 11% dos artigos.
"[...] Le Washington Post a fait l'éloge de «l'intelligence et des talents politiques» de Barack Obama malgré des «réserves» compt tenu de sa «courte expérience». Sans surprise, le progressiste Los Angeles Times, s'est enflammé au sujet d'un Obama «cultivé, éloquent, sobre et excitant, constant et mature». Le Chicago Tribune a aussi décidé de réserver sa préférence à Barack Obama, résumant : «il est prêt». C'est la première fois depuis sa création... 1847 que ce journal fait d'un démocrate son favori pour la Maison-Blanche.
Sarah Palin aceitou participar no Saturday Night Show (campanha a quanto obrigas!). Será que conseguimos distinguir a Governadora do Alasca, da personagem criada por Tina Fey? Um verdadeiro teste à capacidade de descobrir as diferenças...
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"Segundo registos da campanha eleitoral, o comité nacional republicano gastou mais de 150 mil dólares (mais de 113 mil euros) em roupas e acessórios para a candidata à vice-presidência Sarah Palin e respectiva família...", in Público
O Der Spiegel publica uma interessante entrevista com o filósofo e jornalista, Bernard-Henri Lévy, a propósito do seu último livro: "Left in Dark Times:A Stand Against the New Barbarism." Uma entrevista muito interessante sobre a esquerda, a tolerância, a sociedade contemporânea e de passagem sobre o "amor" dos europeus por Obama. A não perder, aqui.
"SALON: Why do Europeans love Obama?
LEVI: I don't know. I can't tell you why. I don't love him, by the way. I wish him to be elected. It's not a question of love or hate ... This is not the best way to make politics.Why Obama should be chosen, in my opinion: No. 1, because it would mean really the end -- and the complete victory of the battle begun in the '60s. No. 2, because it will mean the end of a new American evil, which is the dividing, the Balkanization of American society. This is another counter-effect of a great idea, which was tolerance. You so much tolerate that you tolerate the American society to be in separate bubbles having their own peculiarities, and so on. Obama as president will mean all these bubbles submitted to a real ideal of citizenship. This is his message. McCain will not be able to do this. If McCain is elected, I can tell you the Iranians will close themselves in the Iranian identity. The Arabs will coldly, freezingly imprison themselves in the Muslim identity. The African-Americans will believe that the American society is more and more built against them. You will have an increase of the Balkanization. And No. 3, you have another ideal in the America of today, which I call the competition of victims. Competition of memories. If you are in favor of the Jews, you cannot be in favor of the blacks. If you remember the suffering of slavery, you cannot remember too much the suffering of the Holocaust, and so on and so on. The human heart has not space enough for all the sufferings. This is what some people say. Obama says the contrary. It will mean the end of this stupid topic, which is competition of victimhood."
Há quem não acredite em Bruxas mas, lá que as há, há... e, pelo sim pelo não, o melhor é procurar a protecção adequada... até porque invejosos há muitos.
O FMI reviu as suas previsões em baixa. O relatório de Julho previa um crescimento da econmia mundial na ordem dos 3,9%, agora prevê apenas 3%. Este relatório sobre as perspectivas económicas mundiais, indica que a economia mundial está a passar pelo choque financeiro mais perigoso para os mercados financeiros desde 1930…
O crescimento que antes se previa de 1,4% foi ajustada para os 0,5%.
O FMI prevê que os EUA entrem em recessão com um crescimento negativo no final de 2008, início de 2009, embora se espere que o PIB cresça. Para a zona euro o panorama não é mais animador. Crescimento quase nulo em França e Portugal, nulo na Alemanha, negativo em Espanha, Inglaterra e Itália.
Para os políticos o desafio imediato é gerir a crise, estabilizar os mercados financeiros, inspirar a confiança dos investidores, controlar a inflação e o desemprego. Trata-se, também de repensar o sistema financeiro eliminando as suas fragilidades mais evidentes.
Para os políticos portugueses, no ano de todas as eleições, este é sem dúvida um desafio.Nas autarquias como no governo, a tentação da vitimização será grande; para as oposições será difícil o equilíbrio entre a credibilidade e o populismo...