segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Poderemos ignorar?


"Vai por aí grande algazarra opinativa por a novel deputada comunista Rita
Rato, licenciada em Ciência Política, ter afirmado que nunca ouviu falar do
Gulag e que "nunca esto[dou] nem l[eu] nada sobre isso". "Isso" foram "só"
milhões de mortos, a maior parte presos políticos, em campos de concentração da
ex-URSS, uma espécie de Tarrafal multiplicado por números inimagináveis..."
Opinião de Manuel António Pina, para ler, aqui.

domingo, 25 de outubro de 2009

Leituras da fé


Ao contrário, do que possa parecer esta mulher não está a ser salva. Está a mergulhar voluntáriamente na lama, numa demonstração de fé. Trata-se de uma cerimónia de purificação organizada no México para comemorar o nascimento de Niño Fidencio (1898-1938), um curandeiro tradicional, venerado como um santo no norte do México, a quem continuam a ser atribuídas "curas milagrosas".

Não sou uma mulher de fé por isso, nesta imagem mais não vejo que um acto insano de alguém de joga a sua vida contra a probalidade de ser engulido pela lama. Mas não posso, racionalista como sou, deixar de reconhecer que em momentos como este há uma espantosa superação do humano que permite inverter a "tendência" e, remover montanhas - no caso, permite escapar viva à lama.

Ao longo da história, as religiões foram motivo para as mais terríveis atrocidades mas, permitiram também saltos civilizacionais que de outra forma não teriam ocorrido. As recentes declarações de Saramago sobre o Antigo Testamento suscitaram uma polémica algo desajustada. O Antigo Testamento, é um livro religioso mas é também crónica e literatura. Escrita ao longo de mais de quinze séculos, a Biblía, reflecte as transformações da economia, da sociedade, da administração, da literatura e da religião judaica.
A história de qualquer povo convertida em livro religioso de referência só pode mesmo dar origem a uma espécie de "manual de maus costumes" mas, mesmo para alguém como eu, a Biblía (Antigo Testamento) é mais do que isso, bastará dizer que foi o primeiro caso de uma religião e de um povo monoteísta que o utilizou o seu livro sagrado para eternizar as suas dúvidas, as suas interrogações, os seus cânticos, as suas conclusões.
Por isso, atendo-me apenas às declarações que o livro não o li ainda, esperava mais do criador do Sete Sóis e da sua Blimunda... esperava que atingisse a dimensão simbólica de muitos dos episódios narrados em lugar de se limitar a uma interpretação literal empobrecedora...

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Em queda

via: rsf
Sinal dos tempos: Portugal continua em queda livre (de 16º para 30º lugar) no ranking da liberdade de imprensa. Porque será?

O tabu


«A associação ambientalista Quercus afirma que em Vale Milhaços, Seixal, há uma lagoa com "milhares de toneladas de resíduos perigosos, em terreno arenoso", próximo de habitações e que estará a contaminar as águas subterrâneas da zona. De acordo com Rui Berkemeier, especialista em resíduos, "trata-se de uma situação de descarga de resíduos de óleos industriais ao longo de muitos anos e que nunca foram removidos. São contaminantes cancerígenos, altamente tóxicos".
O vereador do Ambiente da Câmara do Seixal, Carlos Mateus, confirmou conhecer o problema, mas que a autarquia "sozinha não o consegue resolver". "José Sócrates, quando ainda era ministro do Ambiente, esteve no local e comprometeu-se a mandar limpar e descontaminar", afirmou. O Ministério do Ambiente rejeitou a existência de quaisquer "indícios de contaminação dos lençóis freáticos na região potencialmente afectada".» in, CM

Há coisas de que não se fala.

Num concelho que repetidamente nos é descrito como uma "maravilha", como o melhor dos concelhos possíveis, afloram de quando em vez indícios reveladores de que nem tudo é o que parece. Esta notícia, que de nova nada tem, é um bom exemplo disso mesmo. As famosas lagoas de hidrocarbonetos que tanta tinta fizeram correr que, o ministro do Ambiente, Sócrates, se decidiu a prometer a descontaminação e até, se a memória não me falha, fez deslocar para o local todo um arsenal destinado a aparecer nos telejornais pois, no dia seguinte já tinha rumado a novas paragens. Bom, não querendo apontar decididamente o dedo à autarquia estranha-se o seu silêncio conivente com a situação, a sua passividade, o seu pouco empenhamento. Os hidrocarbonetos estão lá e ameaçam os lençóis freáticos, pareceria natural que a autarquia se mexesse em lugar de se desculpabilizar e apontar "para cima". Mas, falar deste e doutros problemas seria reconhecer que nem tudo vai bem ... por isso, caluda!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Parar o tempo

Longe, longe de qualquer interpretação que não a pura beleza da imagem... belíssima foto de Alain Sailer, publicada pelo Le Figaro. Uma imagem que quase nos faz acreditar que parar o tempo é possível.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

No Seixal, nada de novo


Ver mapa maior


É a democracia, é a vida! Na noite eleitoral ganhou a CDU –no concelho de Seixal- perderam todos os outros. Uns mais perdedores que outros dependendo das expectativas geradas. quanto maiores as expectativas maior a perda.

Mas, na minha particular perspectiva perdeu a democracia e a população do Seixal.

Perdeu a democracia porque em mais de trinta anos nunca houve alternância democrática e, a alternância é o sal da democracia. Sem ela, cai-se no imobilismo, no desinteresse. Os números da abstenção provam isso mesmo.

Perdeu a população do Seixal porque apesar do frenético “progresso” dos últimos meses, serão mais três anos de marasmo e, nesse tempo o Seixal continuará a ser um concelho de faz-de-conta e ,apesar de crescer, continuará a transformar-se num subúrbio de Lisboa onde o desenvolvimento sustentado é cada vez mais uma utopia.

A verdade é que na hora das eleições, muitas pessoas, apesar de tudo o que lemos, ouvimos e vemos preferem continuar a ignorar e decidem, não arriscar. Para o êxito da receita PCP/CDU muito contribuem as obras de última hora; os apoios, ainda que envergonhados, de muitos dirigentes associativos; e, claro está, a propaganda que o Boletim Municipal se encarrega de levar à casa de cada um dos municípes.

Para as oposições está relançado o desafio de, nos próximos quatro anos, encontrar novas formas de levar a mensagem aos eleitores e de lhes devolver a esperança que os faria participar com a convicção de que o voto de cada um pesa no resultado final.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Não ir em cantigas....

Há algumas semanas, navegando à deriva entre redes vermelhas, deparei-me com este post, "Pão e Circo" de seu nome. Não posso evidentemente, apreciar da justiça das críticas que aí são feitas mas, transplantando para a nossa terra... o que vemos nós?
Desde logo na capa do Boletim Municipal derramam-se milhões em investimentos no parque escolar; nas páginas quatro e cinco, é o o capital derramado em nome do desporto que faz as manchetes; nas páginas 6, 7, 8 mais projectos, mais letras garrafais, mais milhões. Ora, todos estes projectos somados temos a bonita soma de c. de 18 milhões de euros. Muito dinheiro, sem dúvida, contudo, representa apenas uma magra fatia do orçamento municipal que neste mandato foi de aproximadamente 400 milhões. O que se poderia ter feito com tanto dinheiro?! E, o mais interessante é que, alguns destes milhões já antes encheram as páginas do mesmo Boletim e poderão sempre voltar a enchê-las, numa ilusão continuada.. tal como, aconteceu com o moinho de Corroios cuja abertura foi ciclicamente anunciada até que se concretizou na data azada, por sinal, a poucos dias das eleições.
Finalmente, depois de mostrar obras pelas quais desesperámos nos últimos quatro anos, chegamos ao capítulo festas e romarias: Seixalíadas, Madedeus, "pintura em grande formato" e ... Seixal Jazz.

De facto, de circo é que o meu povo gosta e, nem de propósito temos agora a "canção do Seixal"... sim, dois mil anos depois, os "artistas" mudaram mas o "pão e o circo" continuam a ganhar votos.
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Talvez seja esquisitice minha mas, não me parece curial a utilização de jovens de uma associação fortemente subsidiada pela câmara participarem da forma que o fazem num vídeo de cariz partidário.

Imagens, imagens, imagens ...



Eis um video que esmiúça os cartazes de campanha das autárquicas... a não perder, aqui.

Abrigo



Este projecto da autoria do arquitecto português (setubalense), David Mares, é um dos dez finalistas ao "Prémio do Povo", promovido pelo Museu Guggenheim, para o melhor abrigo.
Poderá vê-lo e votar, aqui.