domingo, 20 de janeiro de 2008

Sapal, interesses e vídeo…

Na controvérsia sobre se o alargamento da piscicultura existente no Sapal de Corroios irá ao não pôr em risco aquele eco-sistema teremos que considerar que aqui se podem encontrar dezenas de espécies diferentes de aves aquáticas, onde se incluem alfaiates, andorinhas-do-mar, borrelhos, corvos-marinhos, flamingos, gaivotas, galinhas-de-água, garças-reais, garças-brancas, guinchos, maçaricos, mergulhões, patos-reais, pernas-vermelhas, pernilongos, pilritos, rolas-do-mar, rouxinol-dos-caniços e tarambolas.
Muitas destas aves são migradoras, e maioritariamente invernantes, embora algumas sejam estivais. Algumas destas aves aquáticas encontram-se em perigo de extinção como se pode comprovar pelo recente relatório sobre as aves do estuário do Tejo, aliás, prevê-se que devido às alterações climáticas e às pressões demográficas a maior parte das aves europeias (mesmo aquelas actualmente consideradas comuns) enfrente a curto prazo o perigo de extinção/deslocalização (ver).




O Sapal de Corroios onde se abrigam milhares de aves durante os meses de Inverno constitui um verdadeiro santuário ornitológico que tem sido vítima não só das alterações naturais decorrentes de se situar no estuário de um grande rio, mas também, devido às enormes pressões demográficas das últimas décadas. Ora, é neste equilibrio instável que se pretendem realizar mais alterações ainda. Isto é tanto mais preocupante do ponto de vista da biodiversidade quanto estas aves que aqui nidificam e procuram alimento.

O estuário do Tejo está sobre uma pressão crescente que o anuncio do novo aeroporto só veio reforçar quer pelo facto de o aeroporto se localizar em Alcochete, quer pelo acréscimo das pressões urbanísticas na região. Existirá ainda esperança para estes espaços em que a natureza continua a ser natureza? Existirá a vontade de preservar o património natural para as gerações futuras? Haverá a vontade de transformar estes locais em locais de aprendizagem e de fruição da natureza?

Pela biodiversidade, pelo direito das gerações futuras à natureza e pelo lazer do presente, esperava-se que a Câmara do Seixal, e o seu presidente, mantivesse uma posição de intransigência face aos interesses que agora ditam a alteração da sua posição sobre esta matéria. Lamentavelmente, assim não aconteceu. Lamentavelmente, não conseguiu sequer explicar as razões, de certo ponderosas, que o levaram a comprometer-se a defender o sapal para logo autorizar a expansão da piscicultura numa área sensível ... Perante explicações tão esfarrapadas surge a duvida quanto à natureza dos interesses que ditaram esta "cambalhota".

Compete aos cidadãos manifestarem o seu desagrado.

1 comentário:

Filipe de Arede Nunes disse...

Os cidadão andam muito afastado da sua cidadania. É falta de cultura democrática e apesar de já terem passado mais de 30 anos, continua a ser precisa uma revolução nas mentalidades.
Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes