Muito interessante este discurso de Durão Barroso, sobretudo, pelo que não diz: quais são as “receitas falhadas” e, quem questiona as “sociedades abertas”?
À primeira vista, até porque o discurso foi proferido em Itália, Barroso estaria a enviar uma “indirecta” a Berlusconi que tem anunciado um pacote de medidas proteccionistas e, cujo apego aos valores democráticos é muito questionável. Mas, poder-se-ão estender estas preocupações de Durão Barroso a outros membros da Comunidade Europeia? Eu diria que sem dúvida. Olhemos, apenas, para o caso de Portugal.
Portugal, está cheio de sinais preocupantes: tentou-se converter a “nacionalização” numa simples decisão do governo; os militares descontentes advertem que “podem fazer loucuras”; os responsáveis governamentais não se eximem a condicionar a informação (através dos assessores, através de telefonemas pessoais do acesso condicionado a dossiers e notícias e, em último caso, com a qualificação pouco digna de ‘jornalismo de sarjeta’…); foram instaurados processos contra manifestantes, os sindicatos foram visitados pela polícia em vésperas de protestos… mais, perante a mega-manifestação de professores realizada ontem em Lisboa o que disse a senhora ministra e o senhor PM? Que preferem continuar “inflexíveis” e, orgulhosamente sós, a ponderar uma solução que sirva para melhorar a qualidade do ensino.
Tudo isto parece ser aceite com o mesmo “encolher de ombros”, com que se aceita a normalidade, mas há aqui um potencial de risco para a qualidade da nossa democracia que não deveria ser subestimável. E é por isso, que também, se estranha, a pacatez e, falta de sentido crítico da comunicação social, ela própria, refém das notícias, da publicidade e, dos concursos para novos canais de televisão...
1 comentário:
Absolutamente bem posto. Não podia estar mais de acordo.
É muito natural que a dualidade de criteria que determina a falsificação da Justiça e o controlo dos media a favor dos interesses e das políticas governamentais venha a romper o capital de paciência de uma mancha cada vez mais alargada de sectores da nossa sociedade. A tirania e os modelos tirânicos de imposição de políticas abrem brechas severas por todo o lado.
Já não chegava o falhanço das políticas económicas, de desenvolvimento e de bem-estar, também tinham de colocar a mordaça às liberdades em favor de uma transparente informação.
É a Guerra!
Enviar um comentário