domingo, 17 de maio de 2009

O Boletim da harmonia celestial

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O situacionismo no Seixal está cristalizado no seu Boletim Municipal.
Em vésperas de eleições autárquicas, as páginas do B.M. transformam-se numa espécie de catálogo de promessas prontas para agradarem a tudo e a todos. Muitas não passarão do papel, isto é, à semelhança do que aconteceu no passado não passarão de "estudo prévio", "plano de pormenor", "projecto" ou "candidatura". A experiência diz-me que nada, absolutamente nada, do que é prometido está garantido.
O Boletim Municipal, é o veículo privilegiado das miragens eleitoralistas do PCP. Uma leitura atenta do último (n.º 504) é reveladora. Anunciam-se investimentos e equipamentos. Sucedem-se em todas as páginas as boas-novas: recuperação do património, criação de áreas de lazer, equipamentos colectivos, feiras, encontros ... um nunca acabar de benesses destinadas a captar a atenção dos municípes e, transformá-los em clientes, digo em eleitores... De facto, sem contraditório todas as obras parecem as melhores.
Leia-se o B.M. de fio a pavio, nenhuma sombra de de critica. Apenas, um desfilar de auto-satisfação.
Veja-se a "reportagem" sobre a Assembleia Municipal:
Foram apresentadas e aprovadas duas moções do PCP, da terceira não reza a história. Não se lhe conhece nem autor, nem tema percebe-se apenas, que foi "chumbada".
Todas as intervenções das oposições se resumiram a "questões" ou "pedidos de esclarecimento". Quem ler a página 6, não encontra qualquer vestígio de critica. A oposição, na óptica do B.M., limita-se a interrogar, a expressar o seu desconhecimento. Já o presidente da autarquia, esse, perora incansavelmente para esclarecer uma oposição que desconhece tudo, até as mais estafadas respostas do executivo.
Lendo o Boletim Municipal, só posso concluir que a Assembleia Municipal foi mais um interminável e entediante exercício de política autárquica.
O Boletim Municipal, tem como função não deixar transparecer nenhuma critica ao modelo de crescimento adoptado por um executivo que tem governado em maioria absoluta há mais de três décadas. Sim, um concelho governado pelo PCP tem forçosamente que ser "o melhor dos concelhos possíveis", logo, não há lugar a critica. Num paraíso comunista, como o Seixal, o conhecimento está reservado ao poder tal como lhe está reservado o direito de criticar o ameaçador "mundo exterior" onde as sombras do "poder central" e do "neo-liberalismo" entre outros papões, se conjuram para fazer fracassar os planos e os projectos laboriosamente concebidos pela autarquia.
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Esta notícia nunca seria publicada pelo B.M.:
"O Tribunal da Relação de Lisboa deu razão ao recurso interposto pela Câmara do Seixal contra o pagamento de uma indemnização de 250 mil euros aos pais de uma criança de quatro anos que morreu numa caixa de esgoto em 1999. Os juízes alegaram que o Tribunal do Seixal não tinha competência para atribuir a indemnização." in, Correio da Manhã

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