sábado, 21 de março de 2009

Ambiente versus Economia (2)

Ver infografia do projecto
Ver Relatório do Projecto do Arco Ribeirinho [Confidential Draft]

"Hidrocarbonetos, metais vários, cianetos, amónio, benzeno – a lista estende-se ainda por mais uns quantos símbolos químicos de substâncias perigosas e altamente poluentes. E estão descritas num estudo da consultora FBO, a que o SOL teve acesso, sobre a qualidade dos terrenos da antiga Siderurgia Nacional, na margem sul do Tejo.

A contaminação chega às águas subterrâneas, segundo este estudo de 2003 – o último levantamento independente feito à zona – que identificou cerca de 1.350 milhões de toneladas de resíduos acumulados naqueles terrenos, em particular nos que são referidos como «Vazadouro III».

É precisamente aqui que está previsto construir uma parte da nova área residencial «para casais jovens e de meia-idade», integrada no novo megaprojecto do Governo para o Arco Ribeirinho Sul – uma 'megapolis' que abrange os cerca de mil hectares das antigas zonas industrias do Seixal, Barreiro e Almada, e que constituirá a futura cidade aeroportuária."
in, Sol

No seu requerimento ao Ministério do Ambiente, o deputado Luís Rodrigues, pretendia que a proposta do Plano Estratégico do Arco Ribeirinho Sul fosse tornada pública. Mas, neste como noutros casos, a informação é cuidadosamente gerida para evitar ondas de choque... inconvenientes em qualquer bom negócio.

Já seria preocupante se uma entidade privada o fizesse mas, o Estado? Numa situação em que pode estar em causa a saúde pública, "abafar" o teor das conclusões deste estudo poderá revelar-se criminoso. Mais, é certo que as autarquias vêem neste projecto um meio para aumentarem as suas receitas mas, estarão dispostas a arriscar o bem-estar das populações, de forma acéfala?

A questão que se impõe é a de saber, em que medida, é possível descontaminar a curto prazo estes solos e, se tantos resíduos perigosos (no solo/ em suspensão no ar) podem ser descartados enquanto ameaça para a saúde pública. Poderíamos ainda colocar outras questões: como a de saber qual o impacto que uma decisão destas terá para os trabalhadores das indústrias transformadores aí existentes; ou, se a construção de uma "megapolis" (literalmente "grande cidade"), numa área de grande densidade populacional é sensata. Mas, estas e outras questões tornam-se menores, face aos dados do estudo.


Sem comentários: