Portugal tem um imenso museu escondido no seu subsolo. Daí nasce o conflito entre o presente e o passado. Fazer uma intervenção que implique escavar significa desenterrar um vestígio de um passado mais ou menos distante. Pior, significa amiúde ter de alterar projectos, ter de adiar prazos e, com tudo isto, ter prejuízos (no curto prazo) de diversa ordem.
No ano passado, a câmara do Seixal optou por arrasar os Estaleiros da Fidalga, contra aqueles que, como eu, defenderam que toda a obra deveria ser acompanhada por especialistas, para evitar uma eventual destruição de património contudo, a câmara prosseguiu as obras indiferente a tudo e a todos. Interessante, que de então para cá, já realizou no local duas Feiras dos Descobrimentos, pelo que, implicitamente, reconheceu algo que na altura negou: a (provável) ligação daquele património aos Descobrimentos.
A notícia do Público, de hoje (link indisponível), revela a descoberta dos vestígios arqueológicos, na Praça do Comércio e, a reacção do empreiteiro (Teixeira Duarte) :
Sabendo que a pressa é inimiga do património, espero que apesar dos prazos (abrir a Praça do Comércio ao trânsito automóvel e proximidade das eleições autárquicas) se possa , ainda, salvaguardar o património, agora, descoberto.
No ano passado, a câmara do Seixal optou por arrasar os Estaleiros da Fidalga, contra aqueles que, como eu, defenderam que toda a obra deveria ser acompanhada por especialistas, para evitar uma eventual destruição de património contudo, a câmara prosseguiu as obras indiferente a tudo e a todos. Interessante, que de então para cá, já realizou no local duas Feiras dos Descobrimentos, pelo que, implicitamente, reconheceu algo que na altura negou: a (provável) ligação daquele património aos Descobrimentos.
A notícia do Público, de hoje (link indisponível), revela a descoberta dos vestígios arqueológicos, na Praça do Comércio e, a reacção do empreiteiro (Teixeira Duarte) :
"Depois de verem afluir ao local de cada vez mais arqueólogos entusiasmados, com máquinas fotográficas, os operários agiram: na quinta-feira cerca das 21h00 arrasaram tudo, ainda sem terem licença do Igespar para o fazer."Este, é mais um caso de património que necessita de ser estudado e que permitirá saber , até que ponto, as imagens que nos chegaram da Lisboa Antiga (anterior ao terramoto de 1755), com as suas estruturas portuárias são, ou não, fantasiosas.
Sabendo que a pressa é inimiga do património, espero que apesar dos prazos (abrir a Praça do Comércio ao trânsito automóvel e proximidade das eleições autárquicas) se possa , ainda, salvaguardar o património, agora, descoberto.
2 comentários:
A falta de consciência histórica, a ausência de estima pelo património é observada todos os dias no nosso país, especialmente por parte daqueles que mais responsabilidades deveriam ter nesse campo. Em Lisboa tamanha irresponsabilidade é gritante, sobretudo quando esse solo pode revelar aspectos interessantíssimos da Lisboa pré-1755, que é tão difícil de estudar.
Obviamente que nem tudo pode ficar de pé e visível, mas pode e deve ser estudado pelas pessoas especializadas. Todas as obras devem ter um acompanhamento arqueológico.
Aquilo que foi feito em Lisboa e no Seixal é um verdadeiro atentado.
A câmara do Seixal organizou as duas feiras dos descobrimentos, que nem têm nada de educativo e quase nada de descobrimentos. Como já tive oportunidade de referir várias vezes, ter duas pessoas caracterizadas como Paulo e Vasco da Gama para tirarem fotografias com os visitantes não chega. É pobre, tão pobre que envergonha quem gosta do Seixal e quem ama a história.
A finalidade destas Feiras é, meramente, propagandística: uma oportunidade para o PC (leia-se, presidente câmara) aparecer na foto, ao lado do Vasco da Gama de faz-de-conta. Uma página no boletim municipal. Uma notícia de rodapé para os jornais nacionais.
Eis como se mede o sucesso da iniciativa.
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