sexta-feira, 26 de junho de 2009

Irão: a revolta das mulheres


Uma das singularidades dos incidentes pós-eleitorais no Irão é a elevada presença feminina nos distúrbios. De facto, as mulheres surgem na primeira linha ao lado dos mais jovens mesmo quando as manifestações se tornaram violentas: elas arremessam pedras e lançam-se para a frente das forças de segurança.
Nos últimos vinte anos, a sociedade iraniana vive numa dualidade: na rua, impera uma ordem teocrática que obriga as mulheres a vestirem-se "modestamente", escondendo as suas identidades por detrás do hijab; e, que proibe actividades "decadentes" como a dança ou, o consumo de bebidas; que condena os homossexuais à morte. Mas, em privado, tudo é diferente. Despido o hijab, descobrem-se roupas ocidentais e o gosto pela música e, pelo convívio (como documentam as imagens recolhidas por um blogger russo).
Apesar, de terem acesso a alguns cargos políticos designadamente, no parlamento e, de acederem às universidades em condições de igualdade relativamente aos homens, elas são efectivamente, cidadãs de segunda.
Por isso nos acontecimentos recentes mulheres de todas as idades juntaram-se aos protestos. Os protestos têm até uma mártir: Neda. O poder da imagem da sua morte foi tal, que as autoridades não entregaram sequer, o seu corpo à família. Mais, a família terá sido obrigada a deixar a sua casa para que ninguém a pudesse contactar...
Seja qual for o desenlace destes acontecimentos o papel das mulheres na sociedade iraniana parece prestes a mudar. Alguns temem a reacção dos grupos mais conservadores mas, esta revolta feminina irá certamente pressionar o sistema e talvez elas possam afinal, ter esperança de dar mais alguns passos no sentido da igualdade.

imagem via, The Guardian

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