Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Este soneto não poderia ser mais actual. Se o mundo era composto de mudança no séc. XVI, o que diremos nós? A velocidade das mudanças é estonteante, a comunicação tornou-as globais e instantâneas. Nunca, como hoje a pressão para a adaptação foi tão grande e tão premente. Antes, as adaptações faziam-se naturalmente, ao ritmo das estações, dos anos que passavam. As adaptações hoje, acontecem ao segundo. E, no entanto ...
Nem sempre, contudo, se reconhece com clareza esta necessidade de mudar o rumo. Vejam-se as declarações de Sócrates na noite eleitoral (e, muitas outras que a precederam e que desvalorizaram o "sentir" da população). Claramente, Sócrates não quer perceber que é preciso mudar. Sócrates agarrou-se ao que "soía" mas, dentro do PS há movimentações para a "mudança". Resta saber se a "mudança", a acontecer, será suficiente para devolver ao PS a "confiança" perdida ou se Sócrates persistirá nos seus fétiches políticos esquecido que o tempo para "estar orgulhosamente só" já passou há muito.
1 comentário:
Um poeta maravilhoso, Portugal honra o seu maior poeta com um dia de comemoração, Fantástico
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