Um contista polaco de nome Mrozek conta numa das suas pequenas histórias a épica vida de um herói. Um homem corajoso, que quotidianamente desfiava a lei e a ordem para escrever as suas ideias nas paredes:
"B. era rodeado por mistério e importância. Alguns dos seus conhecidos sabiam algo sobre ele, mas poucos sabiam tudo.[...]
À noite, a mulher [...] pergunta-lhe: "Outra vez?"
B. acena a cabeça e espreguiça-se. Todo o seu ser irradia força viril.
"Onde?" inquire a mulher [...]
[Depois de tomar todas as cautelas ele responde-lhe, num sussuro:] "No lugar do costume."
"Ai homem!", exclama a mulher. [...]
Por vezes B. sente o sangue gelar-se-lhe nas veias, em contacto com o perigo. Uma vez, por exemplo, quando escrevia numa parede "os católicos não desistirão" alguém bateu à porta com força. Estava certo que eram ELES que o vinham buscar. [...] B. engoliu o lápis. Abriu a porta. Viu um homem [...]. Estava a fechar uma pasta. O acusador público? Sem dizer palavra, empurrou B. entrou na retrete e fechou a porta. [...]"
Mrozeck, "O último hussardo
Sem comentários:
Enviar um comentário