Estávamos em 1998.
Em 23 de Janeiro, o Boletim Municial do Seixal n.º 244*, anunciava que a reconversão dos Estaleiros Venâncio tinha sido acordada com os proprietários a 12 de Novembro de 1997. E anunciava-se ainda que a Zona Ribeirinha de Amora iria ser objecto de "um arranjo de espaços exteriores, de forma a constituir um parque junto à Baía", arranjo este que já teria sido adjudicado a 10 de Dezembro pela quantia de "36 mil e 700 contos".
A 6 de Fevereiro de 1998, o Boletim Municipal anunciava que "decorrem as obras de desmantelamento dos antigos Estaleiros Venâncios, [...]. No local serão preservados para fins museológicos o hangar, a carreira e o guincho."
Mais tarde, nesse mesmo ano Joaquim Venâncio, um dos proprietários da Venamar, deu um entrevista ao Reporter do Seixal (8 Maio) em que declarou, referindo-se ao aproveitamento das estruturas do estaleiro, que o "Núcleo Naval da Câmara vê, assim, alargado seu espaço, bem como terá utilidade para guardar as embarcações do município e para fazer as reparações anuais."
Mas em 1999, já os Estaleiros Venâncio estavam em ruínas e se tornavam num foco de atracção para os toxicodependentes. Depois de completamente vandalizado o espaço foi demolido. A Marginal, essa, continua em construção...
Perdeu-se um estaleiro que se distinguiu na área da construção em madeira. Perdeu-se um local para guardar as embarcações poupando-as às intempéries. Perdeu-se igualmente, um espaço para fazer reparações. Ora vejamos, 600 € mensais é quanto custa ao erário público a manutenção do Gaivota, no exílio prolongado, dos estaleiros da Moita; "o «Amoroso» que, fruto da má manutenção e conservação, (encontra-se atracado num local onde na baixa-mar fica assente no lodo) vem sofrendo danos consideráveis no casco. A sua base é plana e com as constantes descidas de maré, o «Amoroso» sofre irremediavelmente pelo facto de ficar sobre o lodo o que tem feito o enfolar para dentro do seu casco, a reparação necessária ascende neste momento, e por esse facto, a cerca de 250.000 Euros."
Perdeu-se tudo isto e muito mais: perdeu-se um património que não será possível recuperar.
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* escusado será dizer que não se consegue consultar on-line. O mais próximo que se consegue é isto [palavra chave "Amora"] mas, as pesquisas por "estaleiro" e "venamar" foram inglórias. Todavia se tentarem abrir os urls verificarão que a pesquisa termina logo aí. Este é um exemplo, de transparência que não se recomenda.
Não posso deixar de recomendar, a este respeito, a leitura desta "crónica de uma visita atribulada" no Revolta das Laranjas. Penso que este, é o retrato das barreiras que a câmara do Seixal coloca no acesso à informação.
Em 23 de Janeiro, o Boletim Municial do Seixal n.º 244*, anunciava que a reconversão dos Estaleiros Venâncio tinha sido acordada com os proprietários a 12 de Novembro de 1997. E anunciava-se ainda que a Zona Ribeirinha de Amora iria ser objecto de "um arranjo de espaços exteriores, de forma a constituir um parque junto à Baía", arranjo este que já teria sido adjudicado a 10 de Dezembro pela quantia de "36 mil e 700 contos".
A 6 de Fevereiro de 1998, o Boletim Municipal anunciava que "decorrem as obras de desmantelamento dos antigos Estaleiros Venâncios, [...]. No local serão preservados para fins museológicos o hangar, a carreira e o guincho."
Mais tarde, nesse mesmo ano Joaquim Venâncio, um dos proprietários da Venamar, deu um entrevista ao Reporter do Seixal (8 Maio) em que declarou, referindo-se ao aproveitamento das estruturas do estaleiro, que o "Núcleo Naval da Câmara vê, assim, alargado seu espaço, bem como terá utilidade para guardar as embarcações do município e para fazer as reparações anuais."
Mas em 1999, já os Estaleiros Venâncio estavam em ruínas e se tornavam num foco de atracção para os toxicodependentes. Depois de completamente vandalizado o espaço foi demolido. A Marginal, essa, continua em construção...
Perdeu-se um estaleiro que se distinguiu na área da construção em madeira. Perdeu-se um local para guardar as embarcações poupando-as às intempéries. Perdeu-se igualmente, um espaço para fazer reparações. Ora vejamos, 600 € mensais é quanto custa ao erário público a manutenção do Gaivota, no exílio prolongado, dos estaleiros da Moita; "o «Amoroso» que, fruto da má manutenção e conservação, (encontra-se atracado num local onde na baixa-mar fica assente no lodo) vem sofrendo danos consideráveis no casco. A sua base é plana e com as constantes descidas de maré, o «Amoroso» sofre irremediavelmente pelo facto de ficar sobre o lodo o que tem feito o enfolar para dentro do seu casco, a reparação necessária ascende neste momento, e por esse facto, a cerca de 250.000 Euros."
Perdeu-se tudo isto e muito mais: perdeu-se um património que não será possível recuperar.
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* escusado será dizer que não se consegue consultar on-line. O mais próximo que se consegue é isto [palavra chave "Amora"] mas, as pesquisas por "estaleiro" e "venamar" foram inglórias. Todavia se tentarem abrir os urls verificarão que a pesquisa termina logo aí. Este é um exemplo, de transparência que não se recomenda.
Não posso deixar de recomendar, a este respeito, a leitura desta "crónica de uma visita atribulada" no Revolta das Laranjas. Penso que este, é o retrato das barreiras que a câmara do Seixal coloca no acesso à informação.
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