segunda-feira, 4 de agosto de 2008

O poder de um escritor

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Morreu o escritor russo Alexandre Soljenitsyne, de 89 anos. Homem de letras e de coragem Soljenitsyne descreveu a realidade dos Gulags em todas as suas dimensões. Morreu pois um lutador pela verdade e pela liberdade.


Uma ditadura, um poder absoluto que em nome de um hipotético “amanhã melhor” sujeitou milhões de pessoas a perseguições policiais que legitimavam o regime da mais negra escravatura. Uma ideologia que não recuou perante nada, com a complacência silenciosa e até colaborante do “mundo esclarecido”, para forjar uma ideia de progresso construída com base no sacrifício de milhões de cidadãos trucidados pela máquina infernal de um estado ditatorial.


Lembrar Soljenitsyne é também lembrar os mais de 40 milhões de pessoas que entre 1932 e 1953 morreram nestes "campos de trabalho". A sua obra tornou impossível dizer que não se sabia o que se estava a passar na "Rússia profunda".


Visite o museu virtual dos Gulag (é uma visita longa e penosa mas, vale a pena).


Hekate hoje com destaque no Expresso...

8 comentários:

Xico disse...

Concordo plenamente consigo. Este mundo irá pagar muito caro por esta complacência com os vários Comunismos que pululam no mundo e nos parlamentos dos vários países europeus. O senhor consegue-me explicar porque existem Partidos Comunistas legais na Europa? Eu não consigo entender isso. Abraço e continue a escrever.

Filipe de Arede Nunes disse...

Nunca li a obra deste homem, mas dentro do assunto os seus livros são abundantemente citados. Muito importante na denúncia das atrocidades comunistas nos gulag da União Sovietica.

Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

Anónimo disse...

O único romance que li e me deixou impressionado com a cultura de quem o escreveu foi dele: «O pavilhão dos cancerosos».

Anónimo disse...

Sem pôr em causa o papel deste grande escritor na denúncia dos crimes do comunismo (gulags, estalinismo, etc), ele também era também uma figura controversa. Senão vejamos: este grande escritor defendeu publicamente os regimes de Franco e de Pinochet, o que realmente põe em causa a sua figura sem mácula. Defendeu também a reinstauração da pena de morte na Rússia. Toda a gente tem telhados de vidro, ou seja não há santos... Não criemos figuras sacras, porque elas INFELIZMENTE NÃO EXISTEM!!!

Anónimo disse...

O senhor Francisco Ribeiro quer ilegalizar o Partido Comunista? Se assim é, também não é um democrata. E não pode criticá~los porque ele não respeita os direitos dos outros.

Na democracia gostemos ou não, temos de respeitar todas as opiniões , da direita à esquerda...

hkt disse...

O Arquipélago de Gulag (I vol.) foi uma das mais difíceis provas que como leitora me obriguei a suportar. A realidade descrita, para uma leitora de 16 ou 17 anos era insuportável. Mais tarde reli-o antes de lr o segundo volume.
Aconselho a leitura do Pavilhão dos Cancerosos, livro também saído da experiência de vida de Soljenitsine.
A sua personalidade era naturalmente controversa (ele não era um democrata, ele é um defensor dos valores tradicionais da Rússia, ele acredita na autoridade e, na supremacia da Rússia, razão pela qual apoiou Putin)o que não implica o não reconhecimento do "seu poder".
O poder de desocultar uma realidade escondida.
Falamos do Holocausto, e esquecemos os milhões que morreram nos GULAGs. Acusamos Hitler de genocídio mas, J. Estaline (entre outros) continua a ser tratado com um respeito que não merece.
Qual a conclusão que se pode tirar disto?
Haverá ditadores "mais iguais" que outros?
Haverá genocídas "bons" e "maus"?
Foi a insuportável verdade do que se passava nestes campos de morte que Soljenitsine desnudou. É essa a sua grande contribuição para a história. Não se trata de sacralizar mas, de reconhecer.

Anónimo disse...

Não para mim, ditadores são todos, sejam eles direita ou de esquerda, quem não respeita os direitos humanos é ditador, portanto a mim não me merece mais respeito Estaline do que Hitler, ambos foram dois criminosos de guerra. Portanto nada de confusões, apenas queria desmitificar que parece haver heróis na defesa dos direitos humanos sejam eles de direita ou de esquerda. Tanto foi criminoso Hitler com os seus campos de concentração como Estaline com os gulags, expulsão forçada de camponeses russos das suas terras, obrigando a uma colectivização forçada com os kolkhozes e sovkhozes provocou milhões de mortos .
Não foram apenas aqueles dois os genocidas Pol Pot, com o genocídio no Camboja (milhões de mortos, numa loucura enorme de expulsar as pessoas das cidades e enviá-las para o campos e que curiosamente o regime dos khmers vermelhos foi apoiado pela China); o genocídio no Ruanda; na Ucrânia (que este grande escritor por ser russo não acredita); o da Arménia, o etnocídio no Tibete, as vítimas dos regimes de extrema-direita na América do Sul (Chile, Argentina, etc) etc. etc.

O nazismo e fascismos de diversas formas e o comunismo são ambos responsáveis por grandes crimes contra a humanidade. Neste ponto, Hekate estamos quites não há ditaduras melhores do que outras. As ditaduras de esquerda não são melhores que as de direita .

Por falar de ismos que dizer dos fundamentalismos religiosos ao longo da HISTÓRIA (a Inquisição,as cruzadas, o fundamentalismo islâmico, o terrorismo preparado por suicidas considerados como mártires, também não foram responsáveis também eles por genocídios?? A expulsão ou a conversão forçada dos judeus não foi também uma limpeza étnica (caso do casamento da rainha Isabel de Castela com o rei D. Manuel I, no qual este viu-se obrigado a converter à força os judeus, daí o surgimento dos cristãos-novos? Que pensa sobre estes fundamentalismos religios ao longo da História???

A mesma cegueira que continua ainda hoje (com a lavagem ao cérebros a crianças levada a cabo por grupos terroristas) continua a ceifar vidas...

hkt disse...

Todos os ditadores são maus, não importa a ideologia/ ou religião que professam, nem os motivos. Não pode haver justificações aceitáveis.