domingo, 24 de agosto de 2008

O Polvo


A vitória militar da Rússia, a sua intervenção “humanitária” e, o seu “apoio” à minoria russa causam profunda preocupação à Ucrânia mas, também, ao Cazaquistão e à Bielorússia. Nestes três países, cuja importância estratégica é de longe maior, que a da Geórgia, vive um grande número de emigrantes russos (muitos já na segunda e terceira gerações) . Ora, o facto de a Rússia agora reclamar o direito de poder defendê-los pela força não pode ser do agrado destes países límitrofes. Assim, estes países estão a ser forçados a repensar a sua política externa e eventualmente a procurar novas alianças na medida em que subitamente todos se aperceberam de que a ameaça russa à sua soberania é real.
Kiev anunciou já, que vai averiguar quantos cidadãos têm dois passaportes (não esquecer que a sociedade ucraniana se encontra fortemente dividida o que acrescenta uma forte probabilidade de desestabilização interna, agravada pelo facto de o Presidente e da sua primeira-ministra, próxima de Moscovo, estarem em rota de colisão) para evitar a distribuição de passaportes (como terá sido feito na Osséssia do Sul e Abecásia) por elementos afectos a interesses russos, mais informação aqui) e está impaciente por aderir à NATO, única forma de poder escapar ao destino tradicional dos países que têm fronteira coma Rússia ou, são escravos ou vassalos…
Uma das mensagens mais claras que Moscovo tem feito passar é a do desrespeito pelas leis internacionais. A actuação das “forças de manutenção da paz” e a forma como se tem processado a retirada do 58º exército são prova, disso mesmo. Mas, há outros sinais, menos divulgados mas, igualmente preocupantes: o presidente Medvedev concedeu, recentemente, a cidadania russa a um cadastrado moldavo de nome, Grigory Karamalak, “o Búlgaro”, num momento em que ele é procurado pelas autoridades da Moldávia, acusado de ter praticado diversos crimes graves, entre os quais, homícidios …
Os danos causados à imagem da Rússia, por esta intervenção no Cáucaso, podem revelar-se desastrosos para os seus interesses em outras regiões e, prometem ainda muitas dores de cabeça.

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