quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O ditador no seu labirinto


Numa tentativa desesperada para assegurar a presidência do parlamento doZimbabué, foram detidos alguns parlamentares do MDC a horas antes da votação. Outros, para escapar ao mesmo destino, esconderam-se e apenas reapareceram em cima da hora.
Ontem, R. Mugabe foi vaiado ao abrir oficialmente o Parlamento, com um discurso em que acusava a Inglaterra e os EUA pela dificuldades que o seu regime atravessa. Os membros da oposição, em maioria, cantaram e gritaram slogans em protesto contra o impasse a que chegaram as negociações entre Mugabe e Tsvangirai para a partilha de poder.
Lovemore Moyo, o novo presidente da Assembleia foi eleito por 110 votos (MDC conta apenas com 100) o que pode querer dizer que alguns deputados da Zanu-PF também votaram nele…
Enquanto isso, Mugabe tenta desesperadamente formar um governo da sua confiança, o que já hoje foi recusado. O Zimbabué está refém de um homem.
O velho lutador pela liberdade agarrou-se ao poder e transformou-se num ditador sem escrupúlos. A União Africana, cheia de telhados de vidro, foi incapaz de lhe impor o respeito pelos resultados eleitorais. O país parece cada vez mais dividido em duas facções; a emigração apresenta-se para muitos como a única forma de uma vida melhor, o que tem tido como consequência os fenómenos xenófobos de que os zimbabueanos são a principal vítima; a inflação há muito que atingiu “a velocidade da luz” … o Zimbabué continua ameaçado pela espiral de violência e pelo espectro da guerra civil.
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Ver, The Guardian

Os jornais ingleses acompanham regularmente as vicissitudes do Zimbabué. Têm mantido uma cobertura dos acontecimentos, a partir da África do Sul, fazem entrevistas, percorrem clandestinamente o país... em Portugal, o silência relativo às eleições de Angola é quase total. Não vi uma reportagem, uma entrevista, um comentário. Nada, um desinteresse total.


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