quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Deserdados do sonho



A China, ou melhor as Chinas. A China cosmopolita, urbana, liberal (economicamente, falando), vanguardista e a China rural, pobre, tradicional. Nesta país comunista existe o maior abismo entre ricos e pobres de toda a Ásia.
Mais de 200 milhões de chineses ganham menos de $1,25 por dia, bastante menos que na Índia.
É na China rural que se regista o maior número de suicídios entre as mulheres a nível mundial.
Na China rural muitas famílias vivem numa única divisão que serve de cozinha e dormitório.
Muitos chineses criam os seus porcos e cultivam o seu próprio arroz e vegetais mas, a poluição está a ter um impacto negativo sobre as terras de cultivo e os recursos hídricos. Em muitos lugares, não será possível a prática da agricultura dentro de 30 anos.
Ao mesmo tempo, nas zonas rurais as pessoas pagam comparativamente mais impostos do que nas cidades pois, as autoridades locais precisam de mais fundos. Não é pois, surpreendente que algumas destas pessoas tenham começado a desenvolver um trabalho de exposição da corrupção em jornais clandestinos, blogs… o que dá muito trabalho à “polícia do pensamento”. As autoridades chinesas dizem que todos os anos há 50 000 manifestações e motins contra o governo, pensa-se que a maioria ocorre em zonas rurais.
À medida que a liberdade de circulação aumenta muitos engrossam os deserdados das cidades. Algumas cidades chinesas têm actualmente, um problema real com os vagabundos e sem-abrigo. 150 milhões de chineses migraram para as cidades nas últimas décadas, muitos, apenas, para se tornarem proletariado – trabalho mal pago, por longas horas, quase sem direitos.
Esta imensa maioria silenciosa assusta o poder em Pequim.

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