terça-feira, 5 de agosto de 2008

China: no fio da navalha





A China no fio da navalha. Entre os passados e o futuro. Entre o socialismo real e o capitalismo. A China sobre a qual se concentram todas as atenções neste ano da graça olímpica de 2008. Da China, chegam todos os dias as novidades da mais vanguardista das modernidades, ao mesmo tempo que, o passado, o belo e, o trágico persistem em aparecer.
A China, império dos Han mas, também, de muitos outros grupos étnicos. Dos milionários e dos mendigos. Da arquitectura ultra-moderna e, dos bairros tradicionais. A China, comunista, centralizadora, temerosa da diversidade étnica, religiosa, política. A China, capitalista, desejosa de conquistar novos mercados, mundializar a sua influência, afirmar-se como superpotência económica e militar. A China da pena de morte, das prisões por delito de opinião, da deslocação forçada de populações. A China do amor pelos Pandas, pelos papagaios de papel…
O ano de 2008 não tem sido fácil para os chineses. Foi a neve que bloqueou estradas, caminhos-de-ferro e aeroportos; foram os acontecimentos no Nepal; foi a atribulada deambulação da chama olímpica; foram as inundações; foi o grande terramoto e os sismos que teimam em repetir-se; a ameaça terrorista; as manifestações de rua; os relatórios sobre os Direitos Humanos … os jornalistas impedidos de se deslocarem, os controles nas estradas, o bloqueio parcial da internet e a liberdade de imprensa.
As olimpíadas de 2008, em Pequim, podem voltar-se rapidamente contra o país organizador se os chineses não adoptarem outra atitude para com a imprensa. A imagem, no fim dos Jogos qual a imagem que irá triunfar?
O que se tem passado entre os jornalistas estrangeiros e as autoridades chinesas não augura nada de bom: ontem, numa província distante 16 polícias chineses encontraram a morte num atentado levado a cabo provavelmente por separatistas muçulmanos. Os dois jornalistas japoneses que se encontravam no local, acabaram espancados. No fim as autoridades chinesas pediram desculpa, ofereceram-se para pagar os danos e os tratamentos médicos… ainda ontem, em Pequim moradores descontentes indignaram-se contra a deslocação a que foram forçados para que os novos e bairros pudessem ser construídos. Os jornalistas só puderam filmar até certo ponto. Agora, as novas regras aconselham os (= impõem aos) jornalistas que queiram fazer reportagem em Tiananmenn a que telefonem previamente a avisar…

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