81,65%. É um resultado significativo.
Significa em primeiro lugar que tudo ficará bem, isto é, como estava. O MPLA continuará a governar, os seus dirigentes a governar-se os angolanos a viver o seu dia-a-dia.
Significa que o controle da informação funcionou em pleno. O domínio do MPLA foi total. Os órgãos de informação não tiveram sombra de isenção, da isenção que deveria caracterizar o jornalismo (o que não é só problema angolano: C. Rice terá sido recebida, em Lisboa, por jornalistas que usavam crachás de Obama … esquecendo que aos jornalistas como à mulher de César não basta sê-lo [isento] é preciso parecê-lo). E enquanto o MPLA teve acesso quase ilimitado à informação, até para denegrir os outros concorrentes, estes limitaram-se aos tempos de antena. O que, convenhamos é pouco.
Significa que a possibilidade de converter promessas em “factos imediatos” esteve, exclusivamente, do lado do MPLA: no próprio dia de reflexão, as “’ultimas notícias” do Jornal de Angola eram subsídios para os agricultores daqui, os pescadores dali… O que significa que o MPLA, teve ao seu dispor mais do que os fundos para a campanha, teve o aparelho do próprio Estado.
Finalmente, as eleições correram “maravilhosamente bem”, pudera! 81,65% é um resultado revelador. Nenhum partido, em nenhuma democracia real (depois de mais trinta anos de poder e, mesmo antes) conseguiria tal resultado. Agora, o “maravilhosamente”, significa o quê? Que os cadernos eleitorais não estiveram disponíveis em algumas mesas; que não havia boletins de voto para todos, que muitos eleitores não puderam sequer votar (ontem abriram apenas, 48 das 320 assembleias de voto); que em algumas regiões a contagem dos votos se verificou à luz da vela – o que contrasta flagrantemente com a imagem de uma CNE recheada de computadores.
O mais curioso de tudo, é que o MPLA não precisaria de nada disto para ganhar as eleições, provavelmente com maioria porque anos de propaganda, a paz, o crescimento económico, os investimentos recentes nas áreas das comunicações, saúde, educação lhe dariam a margem de esperança que era necessária para ganhar as eleições de forma clara e, sem suspeições. Uma vitória serena que permitiria ao MPLA assegurar os recursos de um dos mais ricos países de África, sem mais suspeições. Infelizmente, o medo do contraditório levou as autoridades angolanas a optar por um modelo pouco transparente que ensombrou não só a a campanha, como as próprias eleições, cujos resultados serão logicamente contestados pela oposição.
Dizer que a “eleição correu maravilhosamente bem” não lembraria sequer a um optimista empedernido como o Professor Pangloss. De facto, o que mais poderia ter corrido mal?
As eleições em Angola na imprensa internacional: The Globe,LA Times
Significa em primeiro lugar que tudo ficará bem, isto é, como estava. O MPLA continuará a governar, os seus dirigentes a governar-se os angolanos a viver o seu dia-a-dia.
Significa que o controle da informação funcionou em pleno. O domínio do MPLA foi total. Os órgãos de informação não tiveram sombra de isenção, da isenção que deveria caracterizar o jornalismo (o que não é só problema angolano: C. Rice terá sido recebida, em Lisboa, por jornalistas que usavam crachás de Obama … esquecendo que aos jornalistas como à mulher de César não basta sê-lo [isento] é preciso parecê-lo). E enquanto o MPLA teve acesso quase ilimitado à informação, até para denegrir os outros concorrentes, estes limitaram-se aos tempos de antena. O que, convenhamos é pouco.
Significa que a possibilidade de converter promessas em “factos imediatos” esteve, exclusivamente, do lado do MPLA: no próprio dia de reflexão, as “’ultimas notícias” do Jornal de Angola eram subsídios para os agricultores daqui, os pescadores dali… O que significa que o MPLA, teve ao seu dispor mais do que os fundos para a campanha, teve o aparelho do próprio Estado.
Finalmente, as eleições correram “maravilhosamente bem”, pudera! 81,65% é um resultado revelador. Nenhum partido, em nenhuma democracia real (depois de mais trinta anos de poder e, mesmo antes) conseguiria tal resultado. Agora, o “maravilhosamente”, significa o quê? Que os cadernos eleitorais não estiveram disponíveis em algumas mesas; que não havia boletins de voto para todos, que muitos eleitores não puderam sequer votar (ontem abriram apenas, 48 das 320 assembleias de voto); que em algumas regiões a contagem dos votos se verificou à luz da vela – o que contrasta flagrantemente com a imagem de uma CNE recheada de computadores.
O mais curioso de tudo, é que o MPLA não precisaria de nada disto para ganhar as eleições, provavelmente com maioria porque anos de propaganda, a paz, o crescimento económico, os investimentos recentes nas áreas das comunicações, saúde, educação lhe dariam a margem de esperança que era necessária para ganhar as eleições de forma clara e, sem suspeições. Uma vitória serena que permitiria ao MPLA assegurar os recursos de um dos mais ricos países de África, sem mais suspeições. Infelizmente, o medo do contraditório levou as autoridades angolanas a optar por um modelo pouco transparente que ensombrou não só a a campanha, como as próprias eleições, cujos resultados serão logicamente contestados pela oposição.
Dizer que a “eleição correu maravilhosamente bem” não lembraria sequer a um optimista empedernido como o Professor Pangloss. De facto, o que mais poderia ter corrido mal?
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5 comentários:
Não poderia concordar mais contigo, Amiga Menina.
Por que não optas por, tal como eu, fiar um discurso ainda mais cínico?!
bjs
PALAVROSSAVRVS REX
que tal a carissima amiga deixar o MPLA em paz e analizar os resultados do ponto de vista da oposição? que tal analizar a campanha dos partidos que supostamente pretendiam governar Angola? que tal perguntar-se a si própria quais eram/são os nossos anseios? Nós Angolanos votamos no MPLA por sermos do MPLA, para alguns e para outros porque votamos na estabilidade!!
alguém disse que as eleições correram maravilhosamente bem? qual é a sua fonte??? ou está a especular??
lembro-lhe que em 2002, o Presidente Jacques Chirac foi reeleito Presidente da França com 82% dos sufrágios válidamente expressos e ninguém o criticou por isso.
lembro-lhe ainda que em 2000, George W. Bush só foi declarado eleito após várias semanas de contestações, argumentos e contra-argumentos jurídicos que nada dignificaram a democracia americana.
porque não se questiona sobre alguns casos que têm acontecido em Portugal, que provavelmente deveriam merecer mais a sua atenção e reflexão? casos como o de fátima felgueiras (autarca acusada de peculato e outros crimes fugiu para o Brasil, voltou à véspera das eleições e ainda por cima foi "re-eleita" sem ter sido inquietada pela justiça), caso Moderna, caso Casa Pia, caso Apito Dourado e muitos outros.
agui13@hotmail.com
Ontem, o Público noticiava que o MPLA tinha considerado que as eleições tinham "corrido maravilhosamente bem":
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1341856&idCanal=11
Gostaria que as eleições em Angola tivessem efectivamente corrido bem. O que do meu ponto de vista não aconteceu nem no período de pré-campanha (sobretudo, devido à desigualdade no acesso à informação) nem no dia das eleições em que se registaram falhas graves.
Relativamente aos casos portugueses não estavam em apreço nesta mensagem, mas pode ter certeza que me "inquieto" e que já aqui reflecti sobre algumas das questões que menciona.
Tudo bem! Fala-se mal dos mangolês, mas o que se sabe é que todos adoram ser angolanos e sacar da terra aquilo que Angola oferece. Sei que cai mal falar disso, mas sabe-se que de lá saca-se o marfim, o diamante, o petróleo, o ouro, e muitas outras riquezas, seja de que forma for. Agora, enriquecer-se com outros a morrerem de fome não é nada de Deus, que talvéz esteja do lado branco da Angola, ou dos negociantes estrangeiros. Viva Angola! Sobre os que não perdem tempo para denegrir os negros angolanos, indico-lhes um link, clearblogs.com/eurobrasileiros , que me enviaram a uns meses que retrata a forma de estar contada por europeus, brasileiros e africanos por esse mundo fora. Acho que por mais que se queira negar, muitos ganham com essas malandrices e encenações MPLA vs UNITA, e FNLA em Cabinda. Depois, dizem que trabalharam com suor para se enricar, diria também o meu avô que foi estúpido e trabalhou até morrer...
1º Os "80% " em Cabinda sõ o máximo! Se não fosse triste e trágico era de rir ás gargalhadas.
2º "as falhas logisticas" e as "insuficiencias" e contrlo disto e daquilo até ajudam a compor o cenário, porque a verdadeira jogada é no sistema informático, aí e no inefável Caetano da C. E. e que estão as maroscas, o resto é brincadeira.....! mas, depois do sinal dado no Zimbabué o que é que realísticamente se poderia esperar ? Pobres Africanos levados no conto do vigário das libertações,(no caso de Angola do leite-que-ia-correr-nos-rios de 75 )........! matrindindi
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