Pelas ruas das principais cidades do México, desfilaram, no sábado, manifestações contra a violência. O clima de insegurança no México é assustador. Quase faz lembrar o Iraque: 789 sequestros comunicados à autoridades em 2007, mais de 500 este ano (pensa-se que o número real seja pelo menos o triplo); 3000 mortos pelos traficantes de droga só este ano! A rotina da brutalidade é constante mas ainda consegue alcançar novos patamares de horror.
A descoordenação da polícia (1600 corpos policiais diferentes), a corrupção e, a legislação diferente nos diferentes estados são apontados como a razão pela qual 98% dos crimes fiquem impunes.
O El País, publicou a história de uma pedagoga que com a ajuda do irmão e de um amigo fez o que a polícia não fez. Depois de lhe terem raptado o filho, esta mulher fez todo o trabalho de investigação durante meses não largou os suspeitos que foram caindo nas malhas da polícia um a um. Seis suspeitos (um dos quais polícia) foram implacavelmente perseguidos e assediados por esta mãe-coragem que chegou ao pormenor de colar os retratos dos criminosos pelas ruas oferecendo dinheiro por informações, cinco estão presos o outro encontra-se a monte.
Tal como ela outros mexicanos estão a aprender a lutar contra o crime: veículos blindados, chips... A criminalidade não deixou nenhuma área da vida dos mexicanos incólume. Temem as operações de stop da polícia, jantar num restaurante é um risco, até namorar se tornou perigoso. O narcotráfico tomou conta da música popular e até tem o seu próprio santo padroeiro.
A realidade portuguesa é bem outra, felizmente. O caso mexicano é um caso extremo. Não quero de modo nenhum contribuir para a psicose colectiva. Mas, num momento em que as estatísticas mostram que a criminalidade violenta está em alta, não é demais insistir em que a criminalidade pode ser prevenida “a montante” e que o acesso à educação/formação é fundamental; a coordenação da polícia e os meios ao seu dispor são cruciais para que o crime não fique impune; a aplicação da justiça deveria ser célere e rigorosa. Mais, não se entende como o legislador pode encarar com ligeireza os explosivos (vd., CM ) e as armas.
E mais uma vez, a questão começa nas escolas. O que se faz para prevenir/impedir o “bullying” (para além da conversa com o professor )? Quantos agrupamentos de escola dispõem de um psicólogo ou de um assistente social? Como conseguir uma consulta de pedo-psiquiatria num hospital público (a experiência, diz-me que mesmo em casos patológicos graves estas consultas são quase uma impossibilidade)?Quantas armas brancas são todos os anos confiscadas nos estabelecimentos escolares (a maioria não entra para qualquer estatística)? Quantos pais são chamados à responsabilidade por actos de agressão dos seus educandos? Qual a punição para um aluno que atemoriza os seus colegas com, por exemplo, uma “borboleta”? Não deveria o jovem agressor e família ser acompanhado para se saber mais sobre a origem deste comportamento de risco e para prevenir a sua repetição?
Nada se faz porque o Estado não tem demonstrado consciência e vontade política: não há meios, a lei não permite, nega-se e oculta-se a realidade sempre que se pode como se o silêncio e a inacção resolvessem o problema. Depois, quando “há borrasca” faz-se espectáculo para os jornais e procura-se infundir na população uma segurança artificial. Repare-se na gestão do socrático silêncio: só veio a público depois de dos diversos "espectáculos" montados em todos o país para "mostrar serviço", não para ir à raíz do problema.
A descoordenação da polícia (1600 corpos policiais diferentes), a corrupção e, a legislação diferente nos diferentes estados são apontados como a razão pela qual 98% dos crimes fiquem impunes.
O El País, publicou a história de uma pedagoga que com a ajuda do irmão e de um amigo fez o que a polícia não fez. Depois de lhe terem raptado o filho, esta mulher fez todo o trabalho de investigação durante meses não largou os suspeitos que foram caindo nas malhas da polícia um a um. Seis suspeitos (um dos quais polícia) foram implacavelmente perseguidos e assediados por esta mãe-coragem que chegou ao pormenor de colar os retratos dos criminosos pelas ruas oferecendo dinheiro por informações, cinco estão presos o outro encontra-se a monte.
Tal como ela outros mexicanos estão a aprender a lutar contra o crime: veículos blindados, chips... A criminalidade não deixou nenhuma área da vida dos mexicanos incólume. Temem as operações de stop da polícia, jantar num restaurante é um risco, até namorar se tornou perigoso. O narcotráfico tomou conta da música popular e até tem o seu próprio santo padroeiro.
A realidade portuguesa é bem outra, felizmente. O caso mexicano é um caso extremo. Não quero de modo nenhum contribuir para a psicose colectiva. Mas, num momento em que as estatísticas mostram que a criminalidade violenta está em alta, não é demais insistir em que a criminalidade pode ser prevenida “a montante” e que o acesso à educação/formação é fundamental; a coordenação da polícia e os meios ao seu dispor são cruciais para que o crime não fique impune; a aplicação da justiça deveria ser célere e rigorosa. Mais, não se entende como o legislador pode encarar com ligeireza os explosivos (vd., CM ) e as armas.
E mais uma vez, a questão começa nas escolas. O que se faz para prevenir/impedir o “bullying” (para além da conversa com o professor )? Quantos agrupamentos de escola dispõem de um psicólogo ou de um assistente social? Como conseguir uma consulta de pedo-psiquiatria num hospital público (a experiência, diz-me que mesmo em casos patológicos graves estas consultas são quase uma impossibilidade)?Quantas armas brancas são todos os anos confiscadas nos estabelecimentos escolares (a maioria não entra para qualquer estatística)? Quantos pais são chamados à responsabilidade por actos de agressão dos seus educandos? Qual a punição para um aluno que atemoriza os seus colegas com, por exemplo, uma “borboleta”? Não deveria o jovem agressor e família ser acompanhado para se saber mais sobre a origem deste comportamento de risco e para prevenir a sua repetição?
Nada se faz porque o Estado não tem demonstrado consciência e vontade política: não há meios, a lei não permite, nega-se e oculta-se a realidade sempre que se pode como se o silêncio e a inacção resolvessem o problema. Depois, quando “há borrasca” faz-se espectáculo para os jornais e procura-se infundir na população uma segurança artificial. Repare-se na gestão do socrático silêncio: só veio a público depois de dos diversos "espectáculos" montados em todos o país para "mostrar serviço", não para ir à raíz do problema.
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"Segundo o Gabinete Coordenador de Segurança, a criminalidade violenta aumentou cerca de 15 por cento nos primeiros seis meses deste ano relativamente ao mesmo período de 2007."
2 comentários:
A raiz do problema está nos proprios lares, quando não se tem bons exemplos nem disciplina em casa o resto é facil de imaginar ...
Parabens pelo Blog :)
Retirem os guarda costas aos políticos - podem começar pelos do Mário Soares (3/dia no Campo Grande, mais 3/dia em Nafarros, mais 3/dia no Vau, ...) - que rapidamente os Sr.s Deputados na Assembleia da República implementarão medidas adequadas de penalização e dissuasão do crime...
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