"Ya basta de tanta mierda de ustedes, yanquis de mierda",repetiu o presidente venezuelano num comício nocturno no estado de Carabobo.
"Comenzamos desde este momento a evaluar las relaciones diplomáticas con el Gobierno de EE UU", acrescentou Chávez, que advertiu que "si viniera alguna agresión contra Venezuela, pues no habrá petróleo para el pueblo ni para el Gobierno de Estado Unidos"[ a Venezuela é o 5.º maior fornecedor de petróleo dos EUA].
Chávez garantiu que só quando George W. Bush saia da Casa Branca mandará um novo embaixador para Washington, acrescentando: "Un gobierno que respete a los pueblo de América Latina", […]"Váyanse al carajo, yanquis de mierda, que aquí hay un pueblo digno. Váyanse al carajo cien veces!". [ver, aqui]
Em bom rigor, sempre achei que os “diplomatiquês” era uma linguagem feita de meios-termos dúbios em que nada quer dizer o que realmente se pretendeu, uma linguagem feita de silêncios, boas maneiras e hipocrisias. Talvez por isso, se preste a tantos equívocos, veja-se o caso do “sai não sai da Geórgia”, em que lendo e treslendo o mesmo documento se chega inevitavelmente, a conclusões opostas.
Chávez é pela sua boçalidade, e pela sua linguagem “colorida” (para ser diplomática), o protótipo do vizinho que não quereríamos …
Imaginemos que um dos líderes dos países sobre os quais a Rússia veio recentemente reivindicar uma certa “esfera de influência” se [des]comportava desta forma? Já imaginaram o que de imediato diriam as vozes bem pensantes da esquerda europeia? O que se diria se um líder europeu a quem tivesse sido cortado o abastecimento de gás (o que já aconteceu), fosse levado a substituir os dólares e a contenção verbal por um comício inflamado e, incitador do ódio, como este?
Não há dúvida que tanto a América como a Rússia têm pouco jeito para fazer amigos entre a vizinhança mais próxima. No entanto, a Rússia tem duas vantagens: um grupo de fiéis defensores herdados do idealismo dos tempos do “socialismo” incapazes de esboçar uma crítica e, o facto, de entre os seus vizinhos não se encontrar nenhum latino "à séria".
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Aliás, é interessante a forma como a agência russa Interfax, noticia este acontecimento pois, não só não refere os excessos de linguagem como, parece sentir alguma incomodidade pela situação: “Ontem, o presidente Venezuelano queria dar uma “volta” num bombardeiro russo, e hoje à noite expulsou o embaixador americano… e ameaçou cortar o abastecimento de petróleo. Chávez diz que expulsou o embaixador “em solidariedade com o povo da Bolívia” mas, sublinha a mesma agência “essa solidariedade com a Bolívia esteve ausente quando foram convocadas manifestações de protesto contra as políticas de Morales”. Texto integral, aqui.***
... e ainda... e também ...
1 comentário:
Gosto imenso dos discursos do Hugo. Farto-me de rir com esta versão rural do Cantiflas. Não me parece é que um grande número de venezuelanos (que não a maioria! diga-se em abono da verdade) lhe: (1) achem puto de graça, (2) e terem de o aturar.
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